POV: NathanielEla acorda no exato momento em que meus pés tocam o chão.Antes que eu possa dar mais um passo, sinto sua mão agarrar meu pulso, puxando-me de volta para a cama. Carina está acordada, seus olhos sonolentos fixos nos meus, um leve sorriso curvando seus lábios.—Fica mais um pouco,— ela murmura,ajoelhando-se na cama. Eu cedo ao seu pedido, deixando-me cair de volta ao colchão, cobrindo o corpo dela com o meu. O beijo que ela me dá é terno, doce, de início eu correspondo com igual ternura, mas logo me vejo faminto de novo. Minha mão desliza pela curva de sua cintura, puxando-a para mais perto. Seus dedos se entrelaçam nos meus cabelos. Nossos corpos se encaixam, os quadris perfeitamente alinhados aumentam o calor. Um simples beijo quase me deixa duro. Quando finalmente nos separamos, nossas testas se tocam e ela sorri. —Bom dia,— ela sussurra contra meus lábios antes de terminar tudo com um selinho.— Está se sentindo melhor hoje? Olho para a mesinha de canto, co
POV: CarinaLeva cerca de um dia e meio para a mão de Samara se tornar mais leve.Quase não a sinto mesmo quando b**e com força no meu rosto. O temperamento se tornou menos enérgico, até mesmo a frequência com que atirava as coisas no chão ou me pedia para ir e voltar da cozinha com baldes de água quente ou fria diminuiu. Tento me concentrar na tarefa, mas a informação que ouvi das criadas ecoa na minha mente: meus pais foram inocentados e estão na capital. Sinto o mundo girar e minha visão escurecer momentaneamente. Minhas mãos tremem ao colocar a bandeja na mesa de Samara, tentando esconder o pânico.Eles estão na cidade, pior, no castelo.É claro que viriam, eles têm que jurar lealdade ao alfa supremo. —Acha que seus pais conseguirão mudar seu status? Não seria tão otimista, talvez nem a aceitem depois dos cinco anos de pena, nenhuma família aceitaria.Samara provoca, e entendo que ela tem um bom palpite.Com meus pais na capital é esperado que peçam clemência por mim ou declarem
POV: CARINAEstava entorpecida todo o caminho de volta.Observar Samara arfando antes de se sentar na cama e adormecer não foram suficientes para aplacar os sentimentos complexos que perturbavam minha mente. O pensamento de fazê-la sofrer não me atormenta, pois ela não pensou em mim quando tentou me incriminar pelo anel... ou pensou, muito. A pena por roubar de um nobre é perder uma das mãos e ter o rosto marcado com ferro em brasa.Na certa achou que Nate perderia o interesse ao me ver com o rosto arruinado. O que me atormenta é que meus pais foram perdoados, voltaram para o palácio e ninguém me disse nada, nem uma palavra sequer. — Quando pretendia me contar? Eu vejo o príncipe parado na frente da janela, em pé, como sempre segurando um livro nas mãos. Nathaniel mal se encolheu com o soco que desferi em seu peito, foi como atingir uma parede de pedra. Ele apenas levantou uma sobrancelha.— Não deixe o polegar assim quando for bater em alguém, vai machucar sua mão.Ele repreende
POV: NATHANIEL Fiz isso por nós.A mentira fluiu pelos meus lábios com a mesma naturalidade que meu pai proferia discursos falsos para aplacar o conselho antes de fazer uma jogada que os destruiria.Fiz isso por mim.Continuei a acariciar a bochecha dela com o polegar e torci para que Carina não visse o indício de um sorriso nos meus lábios agora. Minha, Carina é minha, e para fazer isso do jeito certo ela não pode ser filha de traidores.A linhagem estaria manchada por completo, não importa o que fizesse as ações do pai contra a coroa seriam dela.Já sabemos exatamente como resolver a questão do crime pelo qual ela está sendo punida, embora tenha que ficar para a segunda parte do plano. —Sei que está exausta, mas não pode descansar agora. Precisamos fazer algo, acha que consegue caminhar?Ela confirma e eu envolvo sua cintura, ajudando-a a ficar de pé. Levo Carina pelos corredores do castelo, desviando dos olhares indiscretos dos guardas.Está frio hoje, e apesar de me sentir
POV: NATHANIELO lobo dentro de mim se agita, frustrado e nervoso.Corremos pelos terrenos do castelo, perseguindo Carina. Sua silhueta em forma de loba se move com agilidade fora do comum, ela é rápida, muito. Ser menor do que eu facilita e concede vantagem no início, mas isso não vai durar. Ela desacelera sempre que concedo mais vantagem, como se quisesse ser perseguida, ou então se esconde em arbustos e salta para me surpreender. Não é uma fuga, só está brincando. Ela se vira ocasionalmente, os olhos brilhando de excitação, e solta um rosnado suave que soa quase como uma risada. A raiva em meu peito começa a ceder. É a primeira transformação, é óbvio que a loba ansiava por liberdade. Ela corre novamente, e desta vez não posso evitar o impulso de acompanhá-la até um riacho. Eu a alcanço e paro ao seu lado, meus olhos fixos nos dela bebendo água.Uivo para que não beba água aqui, e sim no maldito palácio, mas ela ignora. Não quer mudar, mas ordeno que o faça e aos poucos seu corpo
POV: CarinaMinha loba não se escondeu por tanto tempo por ter medo, ela fez isso para me proteger. Talvez por isso consigo perdoar continuamente Nathaniel por mentir para mim, sei que está fazendo para me proteger.Ela sabia, sabia que não conseguiríamos fugir de Celestial Spire sozinhas, e também sabia que meu corpo se recuperaria mais rápido se ela saísse.Cura rápida significa ser cortada mais vezes.Quão fundo eles teriam me empurrado caso tivesse mudado nos meus anos vivendo na torre? Não gosto de pensar nessa possibilidade, nem consigo.Uma espécie estranha de calor me atinge, dói, dói bem abaixo do meu ventre.O sacerdote ao meu lado também para de caminhar. —Não entendo, o inibidor… Ele é um ômega também.Meu medo atinge outro patamar quando vejo o brilho nos olhos dele, está acontecendo rápido, e algo me diz que serei a próxima. — Continue andando.Ajudo o homem a ficar de pé, ele grunhe com o contato, o atrito das coxas roçando uma na outra deve ser demais.Não deveria
POV: NATHANIELMantenho os olhos fixos na entrada dos túneis onde sei que os vampiros aparecerão primeiro. Os homens do outro lado já começaram a notar as vibrações embaixo da terra, resolvemos cavar um pouco antes dos muros para evitar que entrassem. Ordeno que cavem, tanto lycans quanto humanos. Os humanos usam pás para vencer a terra dura, os lycans as garras, exatamente como os sanguessugas devem estar fazendo agora. Não temos o benefício de esperar em silêncio, há gritos por toda a parte e cada fibra do meu corpo quer se virar e sair para caçar.O supremo teve o bom senso de colocar os mais jovens para cavar primeiro, direcionando o descontrole para algo útil, os outros.Finalmente, o primeiro vampiro emerge. Seu rosto pálido e distorcido pelo ódio, os olhos vermelhos brilhando com fome. É rápido demais, e no segundo seguinte já estamos despejando a mistura fervente dentro do túnel. O vampiro grita. Os sons aumentam quando adicionamos fogo. Um por um, os vampiros tentam e
—Eles dizem que você não existe. Charles revira os olhos, sua paciência claramente se esgotando. Se possui mesmo tantos escravos de sangue como alega, já está a par dos rumores acerca da sua inexistência. — Pare de falar com eles, seus pensamentos são meus agora, entendido?Minha comunicação com a matilha cessa no ato e uma dor de cabeça aguda recomeça. Minha loba está encolhida tão fundo na minha alma que a sinto tremer, como se estivesse atada a algum tipo de corrente.Não está certo, nada perto de Charles está. Vampiros podem controlar mentes de humanos, mas até um sangue-fraco possui mais resistência do que um humano sem ligação com algum lupino. Charles suspira suavemente, sua irritação aumenta e pelo semblante me acha a criatura mais estúpida da terra. Ele sempre me achou burra e fraca. —Os Starbane não gostam de assumir bastardos.., ainda mais um que nasceu vampiro. Nós já tivemos essa conversa antes, você não irá se lembrar de qualquer forma. Afaga o topo da minh