Um novo grito vindo do banheiro, agora chamando por seu nome, trouxe a realidade e ele correu ao encontro dela. Seu coração parou de bater e o ar sumiu de seus pulmões ao se deparar com a Analú assustada sentada no chão do banheiro. As mãos sujas de sangue revelavam que algo grave acabara de acontecer. Marcus se apavorou, se sentindo impotente. Ele saberia lidar com um ferimento a bala, não teria problemas se tivesse que enfrentar bandidos armados e perigosos, mas ver as mulheres da sua vida em um possível risco o limitava, e o desespero tomou conta dele.Ele a pegou em seus braços, enquanto Analú chorava desesperada, sua dor era intensa, Marcus a colocou sobre a cama e gritou por ajuda. — Vai ficar tudo bem, amor, eu vou chamar o Lúcio. — tentou tranquilizá-la, se lançando em direção à porta, mas quase se chocou contra o casal que já entrava por ela. Era impossível o casal não ter ouvido os gritos dos pais de primeira viagem.— Já está na hora — afirmou Iaiá, que parecia ter dormido
O treinamento era intenso e carregado de emoções, mas Marcus precisava certificar-se de que Analú havia entendido cada palavra. — Porra! Você tem que memorizar Analú, não vai ter como carregar agenda ou um manual de instruções. — gritou irritado, chamando sua atenção. — Você tem que guardar cada nome, datas e rostos na sua mente. — Desculpa ok? Eu vou conseguir. — respondeu impaciente. — Certo, para onde você tem que ir e quais os meios mais seguros de chegar lá? — perguntou novamente. — Rio de janeiro. — respondeu com um grunhido quase indecifrável. — porque não tem nenhum lugar mais longe. — Analú preste atenção, por favor, eu estou confiando a você às duas razões que tenho para viver. Você não entende que esta é a decisão mais difícil que já tomei em minha vida? — Marcus parecia esgotado e triste. — Tem ideia do que significa para mim, deixar você longe das minhas vistas? Da última vez que fiz isso, Sergey te levou. — Desculpe meu amor, é que esta situação está me apavorando
Paul e Marcus estavam concentrados, analisando todas as provas que eles haviam reunido, comparando dados e descobertas, fechando todas as brechas possíveis. Reunindo as pontas soltas. — Esta merda é maior do que pensávamos — Marcus chamou atenção do amigo para as suas conclusões dos fatos — Juanito se envolveu com os negócios sujos de Nirkov e ao ser chantageado ele armou com o Polonov para matar os chefes, incluindo o seu próprio pai, e sendo herdeiros eles poderiam então conduzir os negócios da máfia, como bem lhe parecessem.— Certo, continue! — Paul o encorajou, era interessante ver seu parceiro em ação.— Mas, ao ver que sua mãe estaria no mesmo carro, ele retirou a bomba, voltando atrás no acordo, mas, de algum modo, Sergey descobriu. Ele colocou uma nova bomba ou Juanito havia retirado uma bomba falsa e não percebeu.— Até aí, está quase certo, irmãozinho. — Ghost acrescentou. — No entanto, ainda existe Ruiz Sanches nessa equação, afinal, tudo começou com ele.— San
Enfim, havia uma esperança de elucidar o caso e colocar os criminosos atrás das grades, ou embaixo da terra, não necessariamente nesta mesma ordem. Na verdade, Marcus não via problemas em ficar com a segunda opção. — Agora sim! Meu parceiro está de volta! — Paul gritou animado, apontando para o amigo. — E sabe qual é o grande “As” parceiro? — Não faço ideia, mas você vai me dizer. — Marcus respondeu sarcástico. — Você, irmãozinho! Mas não vai levar minha língua e muito menos as minhas bolas como prêmio, seu pervertido. — Zombou Ghost da cara de espanto de Marcus. — Eu? Como assim, você está maluco? — perguntou curioso. Marcus olhou atônito para o amigo que mexia o café de forma interminável, deixando-o cada vez mais impaciente. — Talvez esteja, mas não tanto quanto gostaria de estar. Pedra Santa tinha um homem, ou melhor, um rato no FBI. Era ele quem limpava a sujeira de Juanito, quando seu irmão não podia. Não é perfeito? Um agente duplo de alta patente. — Espere um pouco, quem
O coração de Marcus estava apertado pela difícil decisão que teriam que tomar. Encostado na porta, ele observava, com admiração, sua namorada vestir Lua Rosa após o banho. — Como ela cresceu rápido, ela era apenas uma criança quando perdeu sua mãe. — Pensou e o gosto amargo da lembrança subiu por sua garganta, ele a faria sofrer com sua ausência, eles não teriam tempo para aproveitar a vida juntos. Admirado com a destreza e agilidade de Analú ao cuidar da filha, ele sorriu feliz ao vê-la conversando e mimando sua princesinha. Pela primeira vez, Marcus sentiu medo, um medo real congelante com a possibilidade de não ver sua filhinha crescer, de não poder vê-la dar seus primeiros passos, ou dizer a primeira palavra. Ele sofria ao pensar que não estaria lá para ouvi-lo chamar de papai, não a levaria ao primeiro dia na escola. Que não seria ele a ensiná-la a andar de bicicleta e nem a gostar de baseball. Seu pai não estaria lá para secar as primeiras lágrimas de amor, não poderia ameaçar o
Após passar um tempo interminável ninando a filha, ele a colocou no berço e se voltou para a sua garota. Analú o abraçou por trás, entrelaçando seus braços ao redor de Marcus. Ele ergueu sua cabeça para trás, encostando a dele alto da cabeça dela. Eles ficam assim por um tempo, em silêncio, não dizendo o que nenhum deles gostaria de ouvir. Foi ela quem quebrou o silêncio, mais uma vez surpreendendo-o com a sua maturidade e tranquilidade, tudo o que ele precisava naquele momento. — Vai ficar tudo bem, amor, eu confio em você. Vai lá e pega eles por mim, pela nossa filha e pela minha mãe. Depois volte para mim, estaremos te esperando! Marcus se virou de frente para ela, fitando seus profundos olhos negros, bebendo de toda a vida que eles exalavam. Com a ponta dos dedos, ele desenhou todas as linhas do seu rosto, colocando uma pequena mecha do seu cabelo, agora curto, atrás da orelha. — Você e a Lua são as melhores coisas que aconteceram na minha vida, eu não sei o que faria se perde
Envolto no aconchego dos braços de Analú, Marcus desfrutava de um raro momento de serenidade, alimentando-se da doçura que permeava a noite e se permitindo saborear cada instante, consciente de que poderia ser a última vez que compartilhariam tal intimidade. No entanto, um som inesperado rompeu a tranquilidade, arrancando-o abruptamente de sua felicidade momentânea. Marcus vestiu um roupão, não por não estar vestido, ele costumava estar sempre preparado nos últimos dias, mas devido ao frio da madrugada. Ao entrar no centro de comando, a gravidade da situação se revelou diante dele. — Eles estão próximos. Homens de Nirkov estão seguindo em nossa direção, mas os homens de Mariano Pedra Santa devem nos alcançar antes deles, em no máximo seis horas — informou um dos membros da equipe. — Maldição! — Marcus assumiu prontamente o comando. — Paul, acione as armadilhas. Felipe, prepare as armas e o equipamento. Organize tudo e coloque no local designado. Vou garantir que Analú esteja pront
Abraçando o pequeno corpinho da filha com uma ternura infinita, ele inalou profundamente o doce aroma que emanava dela e depositou beijos suaves em sua face rosada. E então, sob o peso da dor e da despedida, e das lágrimas que fluíram livremente, testemunhas silenciosas de um amor incondicional que transcenderia qualquer distância ou desafio, ele orou aos céus, pedindo que as protegesse, se possível, o ajudasse a voltar para elas.— Desculpa, minha filha. Papai te ama muito. Seja feliz, meu bebê, e cuide da sua mamãe para mim. — Marcus sussurrava no ouvido de Lua Rosa, permitindo-se chorar mais e mais.Seu peito doía, uma dor que ele jamais experimentara, uma dor que rasgava o peito e dilacerava a sua alma. Marcus precisou respirar fundo até ser capaz de beijar uma última vez a sua princesinha. Então, com cuidado, entregou Lua Rosa para Analú, ajudando-a a encaixar a pequena no canguru junto ao corpo da mãe.Logo amanheceria, e Paul precisava sair antes que clareasse. Os dois observar