Nota do autor: *Porte-cochère; O porte cochère é uma estrutura que fica disposta na entrada principal ou secundária de um edifício. Chamado popularmente de varanda de transporte, destina-se a facilitar o embarque/desembarque de pessoas e bagagens.
O avião cortava os céus em direção a um porto seguro. Marcus repousava, ferido e semi-inconsciente, com a cabeça apoiada no colo acolhedor de Analú. O silêncio na cabine era absoluto, rompido apenas pelo zumbido monótono dos motores, que ressoava como um lamento de esperança na imensidão da escuridão. Ao pousar em uma pequena cidade no centro-oeste brasileiro, o avião foi recebido por um carro do exército, cujo oficial capitão, responsável por uma base local, aguardava para conduzi-los a um lugar seguro.— Sebastian, estão todos bem? E o agente Corsby? — O oficial perguntou surpreso ao Marcus deitado no chão da aeronave nos braços de uma jovem garota, que parecia assustada e com medo por ele.— Seguiu com o plano, capitão — o piloto explicou ao oficial, que apenas confirmou com um quase imperceptível aceno. — Agora vou para o meu lado, até a linha de chegada, senhor!— Tudo bem, oficial, apenas tome cuidado, ok? — Ele disse sincero, a luta contra o tráfico internacional de drogas era
Analú continuou a sua curiosa inspeção no quarto, onde ela viu uma enorme cômoda antiga, de carvalho ou outra madeira nobre. As janelas abertas mostravam um campo de onde já se podia ver o pôr do sol. A beleza do lugar a impressionou, ela se lembrou da pequena cidade onde cresceu e dos campos de café verdinhos, o gado no pasto ao longe, a tranquila vizinhança que conversava com pares nos alpendres e calçadas. Os pensamentos fizeram um nó se formar em sua garganta, ela começou a lembrar de tudo o que acontecera até ali, e de tudo o que perdeu, e a quem perdeu. — Ei, mocinha, não vamos revirar esta pedra ainda, está bem? Vamos esperar até que esteja mais forte — disse a velha senhora, interrompendo as emoções de Analu, como se adivinhasse seus pensamentos. Ela apenas acenou e liberou um triste sorriso de canto de boca. No momento em que Analú adentrou o banheiro, uma onda de emoções a envolveu, ameaçando varrê-la a cada segundo que passava. Ali, cada detalhe parecia carregar consigo o
Paul Corsby, também conhecido como Ghost, é um sobrevivente marcado pela tragédia, cuja jornada de autodescoberta e busca por justiça o transforma em uma figura complexa e determinada. Mas ele está além disso. Como autora, eu diria que esse é um personagem com vida própria, que se auto criou, complexo, não é mesmo? Talvez fique mais fácil compreender se conhecessem a jornada do personagem na história, quer dizer, a jornada que eu, a princípio, criei para ele. Tentarei fazer sentido. Paul Corsby era para ter sido exatamente o que ele é, o melhor amigo de Marcus, um agente determinado, marcado por um trauma devido à tortura causada pelo vilão Sergey Polonov. No cronograma original, Paul morreria no momento em que Sergey o encontrou. E Marcus vingaria a sua morte, e vocês podem imaginar o resto. Mas como eu disse antes. Ele se autodefiniu. Paul Corsby decidiu que não morreria ali, e então sugeriu: "E se ele apenas cortasse a minha língua?" e continuou por dias interrompendo cada cena, o
Analú acordou com um barulho no quarto, algo que a fez saltar à procura de algo para defender seu amado que jazia inconsciente ao seu lado. A ideia de ver Marcus nas mãos daqueles homens era impensável, ela morreria antes de permitir que o levassem, não que pudesse dificultar muito para os bandidos, mas ela tentaria. — Desculpe esse velho desastrado, minha querida, minhas mãos já não são tão ágeis como antigamente. Bom Dia! Como está se sentindo, minha filha? Dormiu bem? — Estou bem, obrigada! O Marcus está bem? — Sim, filha, ele vai acordar logo, durante a madrugada dei a ele mais um sedativo e acredito que isso será suficiente para que o corpo dele recupere as energias. — Eu não sei o que faria sem ele, eu não tenho mais ninguém no mundo. — confessou com tristeza. — Não se preocupe, minha filha, e você está em casa agora, ok? Agora vá se alimentar, você também precisa ficar forte por vocês três. — “Três?” pensou, e seguiu em direção ao quarto claro, provavelmente ele se referia
Analu olhava para o chão estática, como se tivesse medo de abrir a boca e tudo desaparecer. Ele era seu porto seguro, seu salvador, mas era, sobretudo, o seu amor, a sua família, a sua única família. Como ele pode ir lá e quase morrer? A cada maldita vez que Analu fechava os olhos, ela via o tiro que Sergey disparou no peito dele, ela viu quando a estaca de madeira perfurou sua coxa. Como ela poderia olhar para ele e não ter medo de que ele desaparecesse para sempre, como sua mãe fizera? Ela precisava de um minuto, e Marcus, deitado em silêncio, apenas a observava, como se lesse suas expressões, como se sentisse que ela precisava acreditar que ele não iria a lugar nenhum.— Então, vou ganhar um beijo da minha namorada, ou ela vai continuar aí me olhando com essa carinha brava? — Marcus riu enquanto ela decidia se o matava ou se pulava em seus braços.— Suponho que as duas coisas, eu quero te matar por me assustar como o inferno, mas quero te beijar por voltar para mim. — ela disse com
Marcus recuperava dos seus ferimentos, mas ainda não podia se levantar. Precisou da ajuda de Felipe e de Lucio para ir para o quarto, e mais tarde da ajuda de Analu para tomar um tão merecido banho, seu estado ainda era difícil, a recuperação seria lenta. — Felipe podemos conversar um pouco? — ele pediu, aproveitando a distração de Analu. Ele não queria falar de seu trabalho perto dela, ela ainda estava muito assustada, qualquer barulho fora da casa a deixava desconfortável. — Claro! — respondeu fechando a porta atras deles. — O que eu perdi? Onde está o Paul? — havia uma lacuna que Marcus precisa preencher, ele estava em guerra, precisava estar um passo a frente sempre ou perderia para seu pior inimigo. — Paul disse que era para saírem de cena, ele usou a expressão “estranho no ninho” disse que voce saberia do que ele estava falando. — Felipe deu de ombros acostumado a linguagem estranha entre os dois colegas — Marcus, o fantasma disse que você não deve entrar em contato com ning
Marcus segurava em suas mãos um laptop Rugged codificado, um dispositivo equipado com tecnologia militar de ponta, resistente e seguro. Enquanto digitava a senha, um segredo compartilhado entre os dois. Marcus sentia-se frustrado pela falta de informações, amaldiçoando interiormente Paul por ser tão meticuloso. No entanto, assim que o aparelho respondeu instantaneamente, revelando a gravação de vídeo que Paul fizera para ele, uma nova injeção de ânimo tomou conta de Marcus. Valorizando profundamente a preocupação de Paul com a comunicação entre eles, especialmente diante da seriedade da situação e dos momentos críticos em que se encontravam, Marcus refletiu sobre o quão difícil era estar fora de combate, à mercê da sorte e do trabalho de outros para cumprir sua missão. Reconhecendo a sorte de ter sua vida e a de Analu nas mãos do Fantasminha camarada, alguém que já havia se colocado algumas vezes na frente de uma bala para protegê-lo, Marcus sentiu uma sensação de alívio e confiança.
Enquanto as mulheres conversavam na cozinha, os homens arriscavam no tiro ao alvo e divertiam-se com as suas destrezas e habilidades. Era incrível como tudo se tornava disputas e apostas entre eles. Era bom estar entre amigos de novo, Marcus passou anos cercados de bandidos e mafiosos, sua vida constantemente por um fio deixa tudo em perspectiva. Marcus valorizaria muito mais esses momentos a partir dali. Enquanto pai e filho entravam em uma velha disputa sobre qual nó era mais forte e preciso. Marcus preferiu não opinar — às vezes é mais seguro ser a Suíça em casos de conflitos. — Após ser chamado de covarde por Felipe e admirar a gargalhada espontânea de Lúcio, Marcus sacudiu a cabeça e voltou para casa a fim de trocar de roupa, se refrescar e trocar de roupas para o jantar.Não tinha intensão de ouvir atrás das portas, mas o assunto o fez parar, ou melhor, o deixou travado em seu lugar.— Você acha mesmo que é isso? Iaiá? — perguntou Analú à pequena senhora.— Com certeza, minha fi