Enquanto as mulheres conversavam na cozinha, os homens arriscavam no tiro ao alvo e divertiam-se com as suas destrezas e habilidades. Era incrível como tudo se tornava disputas e apostas entre eles. Era bom estar entre amigos de novo, Marcus passou anos cercados de bandidos e mafiosos, sua vida constantemente por um fio deixa tudo em perspectiva. Marcus valorizaria muito mais esses momentos a partir dali. Enquanto pai e filho entravam em uma velha disputa sobre qual nó era mais forte e preciso. Marcus preferiu não opinar — às vezes é mais seguro ser a Suíça em casos de conflitos. — Após ser chamado de covarde por Felipe e admirar a gargalhada espontânea de Lúcio, Marcus sacudiu a cabeça e voltou para casa a fim de trocar de roupa, se refrescar e trocar de roupas para o jantar.Não tinha intensão de ouvir atrás das portas, mas o assunto o fez parar, ou melhor, o deixou travado em seu lugar.— Você acha mesmo que é isso? Iaiá? — perguntou Analú à pequena senhora.— Com certeza, minha fi
Tentando manter o ambiente o mais saudável possível para sua jovem namorada e mãe de seu filho, Marcus evitava falar sobre o que estava acontecendo, e não permitia que ninguém falasse em máfia, cartel ou guerra caso ela estivesse presente. Ela já estava no quarto mês de gestação e Marcus estava constantemente preocupado com a saúde de Analú e do bebê. Em um centro de operações improvisado no porão, Marcus e Felipe passava a maior parte do tempo, estudando, revendo as ações deles até ali, colhendo imagens das câmeras ao redor, analisando e juntando peças e provas. Aguardando o retorno de Ghost para planejarem os próximos passos. Iaiá e Felipe estavam com eles. Iaiá não queria deixar Analú durante a gravidez. Lúcio trouxe consigo um aparelho de ultrassom. O vovô postiço fazia questão de ser o primeiro a conhecer o sexo do seu neto, embora ele afirmasse com convicção a experiência de anos de profissão de que era um menino. Com exceção da Iaiá, todas as apostas eram para um menino, e An
Um novo grito vindo do banheiro, agora chamando por seu nome, trouxe a realidade e ele correu ao encontro dela. Seu coração parou de bater e o ar sumiu de seus pulmões ao se deparar com a Analú assustada sentada no chão do banheiro. As mãos sujas de sangue revelavam que algo grave acabara de acontecer. Marcus se apavorou, se sentindo impotente. Ele saberia lidar com um ferimento a bala, não teria problemas se tivesse que enfrentar bandidos armados e perigosos, mas ver as mulheres da sua vida em um possível risco o limitava, e o desespero tomou conta dele.Ele a pegou em seus braços, enquanto Analú chorava desesperada, sua dor era intensa, Marcus a colocou sobre a cama e gritou por ajuda. — Vai ficar tudo bem, amor, eu vou chamar o Lúcio. — tentou tranquilizá-la, se lançando em direção à porta, mas quase se chocou contra o casal que já entrava por ela. Era impossível o casal não ter ouvido os gritos dos pais de primeira viagem.— Já está na hora — afirmou Iaiá, que parecia ter dormido
O treinamento era intenso e carregado de emoções, mas Marcus precisava certificar-se de que Analú havia entendido cada palavra. — Porra! Você tem que memorizar Analú, não vai ter como carregar agenda ou um manual de instruções. — gritou irritado, chamando sua atenção. — Você tem que guardar cada nome, datas e rostos na sua mente. — Desculpa ok? Eu vou conseguir. — respondeu impaciente. — Certo, para onde você tem que ir e quais os meios mais seguros de chegar lá? — perguntou novamente. — Rio de janeiro. — respondeu com um grunhido quase indecifrável. — porque não tem nenhum lugar mais longe. — Analú preste atenção, por favor, eu estou confiando a você às duas razões que tenho para viver. Você não entende que esta é a decisão mais difícil que já tomei em minha vida? — Marcus parecia esgotado e triste. — Tem ideia do que significa para mim, deixar você longe das minhas vistas? Da última vez que fiz isso, Sergey te levou. — Desculpe meu amor, é que esta situação está me apavorando
Paul e Marcus estavam concentrados, analisando todas as provas que eles haviam reunido, comparando dados e descobertas, fechando todas as brechas possíveis. Reunindo as pontas soltas. — Esta merda é maior do que pensávamos — Marcus chamou atenção do amigo para as suas conclusões dos fatos — Juanito se envolveu com os negócios sujos de Nirkov e ao ser chantageado ele armou com o Polonov para matar os chefes, incluindo o seu próprio pai, e sendo herdeiros eles poderiam então conduzir os negócios da máfia, como bem lhe parecessem.— Certo, continue! — Paul o encorajou, era interessante ver seu parceiro em ação.— Mas, ao ver que sua mãe estaria no mesmo carro, ele retirou a bomba, voltando atrás no acordo, mas, de algum modo, Sergey descobriu. Ele colocou uma nova bomba ou Juanito havia retirado uma bomba falsa e não percebeu.— Até aí, está quase certo, irmãozinho. — Ghost acrescentou. — No entanto, ainda existe Ruiz Sanches nessa equação, afinal, tudo começou com ele.— San
Enfim, havia uma esperança de elucidar o caso e colocar os criminosos atrás das grades, ou embaixo da terra, não necessariamente nesta mesma ordem. Na verdade, Marcus não via problemas em ficar com a segunda opção. — Agora sim! Meu parceiro está de volta! — Paul gritou animado, apontando para o amigo. — E sabe qual é o grande “As” parceiro? — Não faço ideia, mas você vai me dizer. — Marcus respondeu sarcástico. — Você, irmãozinho! Mas não vai levar minha língua e muito menos as minhas bolas como prêmio, seu pervertido. — Zombou Ghost da cara de espanto de Marcus. — Eu? Como assim, você está maluco? — perguntou curioso. Marcus olhou atônito para o amigo que mexia o café de forma interminável, deixando-o cada vez mais impaciente. — Talvez esteja, mas não tanto quanto gostaria de estar. Pedra Santa tinha um homem, ou melhor, um rato no FBI. Era ele quem limpava a sujeira de Juanito, quando seu irmão não podia. Não é perfeito? Um agente duplo de alta patente. — Espere um pouco, quem
O coração de Marcus estava apertado pela difícil decisão que teriam que tomar. Encostado na porta, ele observava, com admiração, sua namorada vestir Lua Rosa após o banho. — Como ela cresceu rápido, ela era apenas uma criança quando perdeu sua mãe. — Pensou e o gosto amargo da lembrança subiu por sua garganta, ele a faria sofrer com sua ausência, eles não teriam tempo para aproveitar a vida juntos. Admirado com a destreza e agilidade de Analú ao cuidar da filha, ele sorriu feliz ao vê-la conversando e mimando sua princesinha. Pela primeira vez, Marcus sentiu medo, um medo real congelante com a possibilidade de não ver sua filhinha crescer, de não poder vê-la dar seus primeiros passos, ou dizer a primeira palavra. Ele sofria ao pensar que não estaria lá para ouvi-lo chamar de papai, não a levaria ao primeiro dia na escola. Que não seria ele a ensiná-la a andar de bicicleta e nem a gostar de baseball. Seu pai não estaria lá para secar as primeiras lágrimas de amor, não poderia ameaçar o
Após passar um tempo interminável ninando a filha, ele a colocou no berço e se voltou para a sua garota. Analú o abraçou por trás, entrelaçando seus braços ao redor de Marcus. Ele ergueu sua cabeça para trás, encostando a dele alto da cabeça dela. Eles ficam assim por um tempo, em silêncio, não dizendo o que nenhum deles gostaria de ouvir. Foi ela quem quebrou o silêncio, mais uma vez surpreendendo-o com a sua maturidade e tranquilidade, tudo o que ele precisava naquele momento. — Vai ficar tudo bem, amor, eu confio em você. Vai lá e pega eles por mim, pela nossa filha e pela minha mãe. Depois volte para mim, estaremos te esperando! Marcus se virou de frente para ela, fitando seus profundos olhos negros, bebendo de toda a vida que eles exalavam. Com a ponta dos dedos, ele desenhou todas as linhas do seu rosto, colocando uma pequena mecha do seu cabelo, agora curto, atrás da orelha. — Você e a Lua são as melhores coisas que aconteceram na minha vida, eu não sei o que faria se perde