-- De onde aqueles grandalhões vieram? E por que nos atacaram? – Sahira não parava de perguntar. Ela e Iana estavam andando há um bom tempo, e Bast até já desaparecera no horizonte – Desde quando leões e tigres vivem juntos?
Iana suspirou, percebendo que a gata não desistiria até obter respostas, e resolveu explicar:
-- É uma longa história, mas também é um longo caminho que temos à frente, o bastante para eu contar. Há alguns anos, bem antes de você nascer, leões do reino de Xangô e tigres de um território chamado Brahma travaram uma guerra. Não importa porque começou ou terminou, mas
Só quando os primeiros raios do sol apareceram no horizonte, Iana procurou uma grande rocha e se deitou à sua sombra. A essa altura Sahira não aguentava mais a sede, e aparentemente Iana também não. Sua língua caía da boca aberta, comprida e seca. Depois de andar a noite inteira e sem água nem comida, nenhum felino duraria muito quando o calor do deserto chegasse ao ápice. Sahira olhou ao redor à procura de algo para beber, e lá longe avistou um oásis. -- Iana, espere aqui, vou procurar água. E saiu correndo antes que ela pudesse fazer objeções.
Sahira olhou para o conflito que se desenrolava e respondeu: -- Sair? Mas e a mamãe, papai e todo mundo? -- Não podemos contra todos. Há um jeito de tirar esses invasores daqui, mas temos que partir agora. Iana pegou Sahira pelo cangote da mesma forma que seus pais faziam, e diferente do que a jovem gata esperava, a leoa entrou no Rio. Não a ponto de ter que nadar, mas com o nível da água chegando quase a seu peito. Várias vezes a cauda de Sahira se molhou enquanto Iana avançava. Ela seguiu a correnteza, rum
Enquanto Sahira encontrava ajuda em seu segundo dia de viagem no deserto, Sef imaginava quanto tempo mais a sua viagem levaria. Ao amanhecer do dia seguinte à invasão dos leões e tigres, o gato só teve tempo de se despedir rapidamente da família antes de partir. Aparentemente os tigres estava muito ansiosos para sair daquele “punhado de areia escaldante”. O tigre chefe do grupo fez Sef correr por si mesmo, mas em menos de um minuto ficou claro que um gato com menos de quatro meses, ainda filhote, não podia acompanhar a velocidade dos felinos de grande porte. Uma tigresa voltou quando ele ficou para trás. &n
Os caracais moravam num pequeno oásis, a algumas horas de viagem da terra de Xangô, ao sul. Segundo Betserai, o caracal que as trouxe, de vez em quando eles iam para a savana caçar, quando o período de seca era mais forte. As cores daqueles felinos não tinham tanta variação, todos podiam se camuflar na areia. Com exceção de um pequeno grupo de pelos negros, que Sahira supôs serem os feiticeiros, e que foram ao encontro das recém-chegadas. Enquanto Iana explicava a situação, os filhotes de caracal chamaram Sahira para brincar. Eram maiores que ela, mas não tanto quanto gatos crescidos. Apesar disso, ela se sentia um pouco entre adultos.
Conforme prometido pelo caracal negro, o resto da viagem foi muito mais tranquilo. Quando faltava comida, surgiam lagartos, cobras e aves que eram facilmente apanhados, uma brisa agradável ajudava a suportar o calor do dia por mais tempo, e mesmo a noite não parecia tão gelada. Em pouco mais de um dia de viagem, Sahira avistou algo diferente no horizonte. Perguntou a Iana: -- O que é aquilo? -- Ora – Iana arregalou os olhos, aliviada – É o Rio Verde! A gata começou a correr, e mesmo com o sol nascendo já
Sentiu dentes se fecharem atrás de seu pescoço e se contorceu na tentativa de se libertar, mas o felino tinha mandíbulas fortes. Sahira levantou a pata traseira como para se coçar e arranhou a cara de seu atacante. Ele largou Sahira e recuou, rosnando. A gata nunca vira um felino igual; tinha orelhas e patas curtas, pelo laranja que permitia se camuflar perfeitamente no chão, uma cauda quase tão longa quanto o corpo e, embora fosse menor que um caracal, aparentava muito mais ferocidade. -- Quem é você? O que quer? – ela perguntou, os músculos tensos prontos para uma briga. -- Voc&e
Vários jaguares e onças estavam reunidos junto a uma grande rocha, discutindo uns com os outros. Kerana indicou o jaguar que subia na rocha. -- Aquele é o rei Ivair, e a fêmea atrás dele é a rainha Nanine. -- Atenção, por favor – ele falou mais alto que os demais – Precisamos decidir o que fazer quanto aos leões. -- Temos que atacá-los antes que eles se movam, para que saibam o que os espera se comprarem briga conosco! – gritou uma onça jovem. -- Não podemos atac&
-- Como está o nosso pequeno hóspede? – Ekom se aproximou de Sef, que terminava de comer a pata de um animal enorme – Como está a gazela? -- Boa – o gato lambeu os beiços – Não se parece com nada que eu comia em casa. -- Que bom ver que aprecia nossa fauna também. O rei era gentil. Ele demonstrara muita bondade com Sef desde o primeiro encontro, no dia anterior, oferecendo-lhe um lugar confortável para dormir, dando uma parte generosa da caça do dia e muita liberdade para ir e vir aonde quisesse, embora acompanhado por outro leão ou tigre.&nbs