-- Como está o nosso pequeno hóspede? – Ekom se aproximou de Sef, que terminava de comer a pata de um animal enorme – Como está a gazela?
-- Boa – o gato lambeu os beiços – Não se parece com nada que eu comia em casa.
-- Que bom ver que aprecia nossa fauna também.
O rei era gentil. Ele demonstrara muita bondade com Sef desde o primeiro encontro, no dia anterior, oferecendo-lhe um lugar confortável para dormir, dando uma parte generosa da caça do dia e muita liberdade para ir e vir aonde quisesse, embora acompanhado por outro leão ou tigre.
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O leão Sirhan bocejou longamente antes de falar para Iana com indiferença: -- Não sou príncipe de nada, só um filho bastardo do falecido rei. -- Agora precisamos que seja, Sirhan – Iana se aproximou meio desajeitadamente pela falta de espaço – Ekom está louco com o poder, e saiu tomando as terras de outros felinos. Chegou nos desertos do norte. -- Boa sorte para ele governar um monte de areia. Como vai, Anami? – seu olhar baixou para Sahira, ao lado da onça negra – O que aconteceu? Seu filhote nasceu anão? &
-- Ei, baixinha – Sirhan cumprimentou Sahira à noite – Aonde você vai? -- A casa do Halim. -- De onde você o conhece? -- Uma maracajá, Shaya, nos apresentou hoje de manhã. -- É claro que ia ser a Shaya – o leão riu – Ela conhece todo mundo da floresta e do cerrado. Chegando na toca de Halim, Sirhan o lambeu, molhando a cabeça toda do gato. Os três passearam e pararam à margem de um riacho
Sef não dormiu a noite inteira, preocupado com o que o amanhecer traria. Se assustava quando algum leão deitado perto dele se mexia. Quando o sol nasceu e os grandes felinos começaram a levantar, Sef engoliu em seco e um tremor tomou seus músculos. Esperou, imóvel, pelo momento em que Ekom chegaria perto dele e cobraria uma resposta positiva. Algumas leoas saíram para caçar e os tigres para patrulhar o território. Ekom foi o último a ficar de pé, fato que Sef estranhou, pois sendo ele o rei, não deveria acordar cedo? Em Bast, Husani sempre levantava antes de todo mundo. O
Iana perguntou a Sahira quando a viu chegando: -- Aconteceu algo errado? O Sirhan passou correndo por aqui, estava meio zangado. -- Não consegui falar com ele como você queria. Acho que agora ele me odeia. -- Não, Sahira, claro que não. Sirhan é meio esquentado, mas não é de odiar. Espere que ele se acalme e tente de novo. Sahira dormiu debaixo da árvore, novamente, e de manhã esperava encontrar o leão na saída para caçar, mas Sirhan não estava na toca, provavelmente acordar
Sahira não falou nada por um bom tempo, em choque pelo que ouvira, e só prestou metade da atenção no que se desenrolou. Jaguares e onças de várias partes do continente chegaram horas depois da expulsão dos tigres, que levou a madrugada e a manhã inteira para acontecer. Reis e rainhas das florestas, cerrados, pampas e demais regiões se reuniram para discutir o que fazer sobre os leões. -- Eles invadiram nossas terras! – rugiu o rei Ivair – Devemos mostrar que não aceitaremos isso passivamente. -- Quantos de nós podem lutar? – a rainha do cerrado per
O jaguarundi comeu uma coxa de gnu inteira e passou a manhã se lambendo antes de se levantar, ainda um pouco trêmulo. De vez em quando Arátor olhava esquisito para Sef, mas o gato mal notava, pois Ekom era uma preocupação bem maior. Os dois leões que o acompanhavam saíram, e em seu lugar ficou uma jovem leoa de pelo castanho amarelado, que era uma companhia muito melhor. Ela disse gentilmente que se chamava Kiala e perguntou ao olhar para seus pelos: -- Quando foi a última vez que se lambeu? É que Sef
A savana não era tão cheia quanto a floresta, nem tão seca quanto o deserto. O mato alto era ótimo para passar despercebida; quando ouvia ou via um animal passando, era só se abaixar e o ambiente a ocultava. Não muito longe, ao sul, começava uma mata fechada semelhante à das onças, onde os tais leopardos moravam, Sahira supôs. Depois de horas caminhando, a gata sentiu muita fome, mas não via nada para comer além de alguns insetos voando perto ocasionalmente. Só quando o capim começou a rarear e se abriu num campo mais aberto, Sahira viu um ratinho andando. Rapidamente o pegou e matou a fome.&nbs
A leoa até que era cuidadosa, considerando a forma que carregava Sahira. Dava para notar que ela tentava não machucá-la. Começava a amanhecer quando chegaram a uma grande rocha que devia ser a toca do ligre. Vários leões e alguns tigres rondavam por ali, trazendo caça, cuidando de filhotes ou descansando. Todos os olhares se voltaram para o grupo recém-chegado ao notarem o pequeno animal preto que uma das leoas trazia na boca. Ela pôs Sahira no chão delicadamente enquanto Arátor anunciava sua chegada a um jovem tigre na entrada da toca. O animal listrado entrou e instantes