O jaguarundi comeu uma coxa de gnu inteira e passou a manhã se lambendo antes de se levantar, ainda um pouco trêmulo.
De vez em quando Arátor olhava esquisito para Sef, mas o gato mal notava, pois Ekom era uma preocupação bem maior.
Os dois leões que o acompanhavam saíram, e em seu lugar ficou uma jovem leoa de pelo castanho amarelado, que era uma companhia muito melhor. Ela disse gentilmente que se chamava Kiala e perguntou ao olhar para seus pelos:
-- Quando foi a última vez que se lambeu?
É que Sef
A savana não era tão cheia quanto a floresta, nem tão seca quanto o deserto. O mato alto era ótimo para passar despercebida; quando ouvia ou via um animal passando, era só se abaixar e o ambiente a ocultava. Não muito longe, ao sul, começava uma mata fechada semelhante à das onças, onde os tais leopardos moravam, Sahira supôs. Depois de horas caminhando, a gata sentiu muita fome, mas não via nada para comer além de alguns insetos voando perto ocasionalmente. Só quando o capim começou a rarear e se abriu num campo mais aberto, Sahira viu um ratinho andando. Rapidamente o pegou e matou a fome.&nbs
A leoa até que era cuidadosa, considerando a forma que carregava Sahira. Dava para notar que ela tentava não machucá-la. Começava a amanhecer quando chegaram a uma grande rocha que devia ser a toca do ligre. Vários leões e alguns tigres rondavam por ali, trazendo caça, cuidando de filhotes ou descansando. Todos os olhares se voltaram para o grupo recém-chegado ao notarem o pequeno animal preto que uma das leoas trazia na boca. Ela pôs Sahira no chão delicadamente enquanto Arátor anunciava sua chegada a um jovem tigre na entrada da toca. O animal listrado entrou e instantes
Um tigre pegou Sahira e seguiu o rei para uma pequena depressão na terra, na qual todos se reuniam por algum motivo. A gata foi largada bruscamente naquela depressão. Ekom anunciou: -- Pelas leis de Xangô, um condenado por tentativa de regicídio é sentenciado à morte na arena. Precisamos de dois voluntários. Um leão castanho claro e um tigre musculoso pularam na depressão, debaixo de rugidos de empolgação entre os expectadores. Num momento Sahira ouviu uma voz às suas costas: -- Eu
Sirhan pegou Sahira pelo cangote e a tirou da arena. Ela procurou Arátor no meio do caos que rapidamente crescia. -- Espere aí... Conseguiu ver apenas a ponta da cauda alaranjada desaparecendo atrás de um grupo de leões e onças em combate. A leoa que acompanhava Sef apareceu ao lado de Sirhan, com o pequeno gato na boca também. Os dois correram para o mesmo lugar, e deixaram os gatos perto do tronco ressecado de uma árvore caída. -- Fiquem aqui – Sirhan orientou, e afastou-se junto da leoa. Sef comento
Os outros felinos mal tiveram tempo de se entreolhar, perplexos, antes que o ligre continuasse: -- Aceitarei minha derrota, mas não renuncio o trono. Ele é meu direito de nascença. Imediatamente os felinos leais a Sirhan protestaram, mas aqueles do lado de Ekom responderam: -- Sua majestade descende do rei. -- Sirhan é mais velho – Kiala retrucou. -- Um bastardo não tem direitos reais, não interessa a idade – um tigre rosnou
Iana, Sahira, Sef e Kiala chegaram primeiro à margem, tentando enxergar algo no meio das águas escuras. As duas onças, Anami e Acir, entraram no rio para procurar, mas antes que estivessem com a água na altura do queixo, Sirhan reapareceu. O coração de Sahira ficou mais leve ao vê-lo emergir e voltar para a margem, ofegante e sangrando. -- Você está bem, Sirhan?! – Iana correu para perto dele com Sahira em seus calcanhares. -- Onde está o Ekom? – alguém lá atrás perguntou. Mais onças foram para a água e nadaram pelos arredores.
-- Tem um jeito de salvá-lo, mas preciso ir para o deserto o mais rápido possível – Sahira falava para o grupo de curandeiros – Tem alguém que possa me levar até a vila dos caracais? -- O que tem lá que possa curar o Sirhan? – Iana perguntou. Sahira, porém, fizera um juramento aos gatos do deserto. -- Não posso dizer, mas vai ajudar. Tenho certeza. A maioria dos felinos olhava para Sahira com desconfiança, achando que podia ser uma brincadeira. -- Eu posso levá-la – algu
-- O quê? – Sahira balbuciou – Não, não pode ser verdade. Ela sentiu as patas tremerem como gelatina. Não acreditava, não queria acreditar que Sirhan tivesse morrido. Não conseguiu aceitar que fora incapaz de ajudar o felino que fez tanto por ela. Tudo foi inútil no final.Sahira começou a chorar. -- Ora, por que esse desespero todo? – Enzi perguntou – É só fazer outro pedido, Sahira. -- Como assim? O que se pode fazer se ele já morreu? -- Se desejar que ele