Mônica ficou surpresa, mas sabia que não era o momento certo para perguntar. Enquanto Rubem cumprimentava os homens, ela pensou em se sentar, mas uma sombra feminina se moveu rapidamente à sua frente.— Mônica, seu lugar é ali. — Íris colocou sua bolsa na cadeira à esquerda de Rubem, ocupando o lugar, e sentou-se à direita dele, como se estivesse protegendo seu território e temendo que Mônica se aproximasse demais de Rubem.Mônica franziu a testa, mas decidiu não criar caso e foi se sentar ao lado de Vitor.— A Íris é meio travessa, Mônica, não leve para o lado pessoal. — Disse Vitor com um sorriso quando ela se acomodou. — Até melhor que você sente aqui, assim podemos conversar.Mônica respondeu em voz baixa: — Quem sou eu para contrariar a princesinha do Sr. Rubem?Vitor soltou uma risada. — Ah, então você já percebeu que o Sr. Rubem mima ela, não é?— Ah, sim. — Mônica deu um sorriso cansado. — Você viu como ela usou a bolsa para reservar o lugar? E o Sr. Rubem não disse nada.Alé
— Porque ela é ligada ao vice-presidente Breno, certo? — Mônica era inteligente o suficiente para entender as entrelinhas. — Eu sou qualificada, mas sem conexões internas. Se eu assumir, não haverá conflitos de interesse para a empresa.Desde que Rubem voltou ao Brasil e começou a frequentar a empresa com mais regularidade, Mônica já sentia que algo estava estranho. Agora, com Rubem insistindo na transferência de Vitor para Nova York, ficava claro que havia mais por trás disso.Vitor assentiu. — Mônica, você deve saber que o Sr. Rubem foi adotado pelo Conrado. Um homem sem laços de sangue controlando o Grupo Pimentel... Não importa o quão competente ele seja, a família Pimentel nunca vai aceitá-lo completamente.Vitor então deu dois tapinhas firmes no ombro de Mônica. — Mesmo que você não queira, eu prefiro que você assuma o cargo. Não confio em mais ninguém.— Senhor, você sabe que eu não tenho ambições. — Mônica mordeu o lábio. — Não estou interessada nesse tipo de cargo. Só quero
— Você joga como uma amadora. — Íris disse com desdém, após observar a tacada de Mônica.Ela claramente tentava humilhá-la, e deu outra tacada, desta vez ainda mais forte que a anterior. A bola voou mais longe, mas o esforço fez com que gotas de suor brotassem em sua testa, demonstrando seu cansaço.Jogar golfe, na verdade, não exige muita força. O segredo está na postura e no movimento relaxado do braço. Quanto mais leve o golpe, mais longe a bola vai.Mônica ignorou as provocações de Íris e, ajustando levemente a postura, acertou outra bola. O pequeno ponto branco viajou para tão longe que parecia desaparecer no horizonte.— Ei, não me diga que a bola caiu logo à sua frente? — Íris zombou, sem conseguir enxergar onde a bola havia parado.Mas, logo em seguida, o som de um apito distante ecoou do outro lado do campo.— Você... Você acertou no buraco? — Íris arregalou os olhos, incrédula. — Eu jogo há dois anos e raramente consigo acertar. Como você, uma iniciante, conseguiu?Mônica sor
— Aaai! — Mônica soltou um grito de dor aguda e seu corpo cedeu, caindo no chão sem conseguir se manter de pé.Rubem imediatamente se levantou, com o rosto sério, e correu para ajudá-la.— O que aconteceu?Não precisou de explicações. A expressão de dor de Mônica e a bola rolando ao lado dela contavam tudo.— Íris Miranda! — Rubem levantou a voz, chamando-a pelo nome completo, algo que ele nunca fazia. Seu rosto estava sombrio, claramente furioso.— Eu... Eu não vi a direção direito. — Íris murmurou, encolhendo os ombros, como se estivesse sendo injustiçada. — Não foi de propósito. Além disso, foi só uma bolada, não vai acontecer nada.— Nada? Se não vai acontecer nada, quer que eu jogue uma bola em você para ver? — Mônica gritou, furiosa. Se não estivesse com tanta dor, teria levantado e dado uma bofetada em Íris.Ela estava farta daquela menina mimada.— Você consegue se levantar? — Rubem perguntou, enquanto tentava ajudar Mônica.O impacto da bola havia sido forte demais. Mônica mal
Quando Rubem finalmente levou Mônica ao hospital, o local onde a bola de golfe havia atingido seu joelho já estava bastante inchado, formando um grande hematoma. O médico que veio examiná-la se assustou ao ver o tamanho do inchaço.— O que aconteceu?— Ela foi atingida por uma bola de golfe. — Respondeu Rubem, ajustando a gravata. Sua camisa estava toda amassada por causa de Mônica, que a segurava com força de tanta dor, mas isso não diminuía em nada seu ar impecável. Ele parecia um pouco preocupado. — Doutor, por favor, veja como ela está.O médico começou a examinar o machucado, fazendo perguntas a Mônica enquanto aplicava um spray analgésico. O efeito refrescante fez com que Mônica se encolhesse um pouco, sentindo um breve arrepio.— Ainda bem que o impacto não foi tão forte. Se tivesse sido, você poderia ter ficado com sequelas na perna. — Explicou o médico, enquanto digitava no computador para prescrever os remédios. — Você precisará ficar em observação por alguns dias. Quando o i
Rubem já havia advertido Íris várias vezes para não mexer com Mônica, mas ela parecia incapaz de seguir suas ordens, sempre agindo impulsivamente.Tomás ajeitou os óculos e ofereceu sua opinião: — Não é só com a Srta. Mônica. Qualquer mulher que chegasse perto de você teria o mesmo tratamento por parte da Srta. Íris. Ela tem medo que alguém te roube dela.— É um ciúme completamente irracional. — Rubem suspirou, esfregando a testa em frustração. Íris sempre causava problemas, mas, por causa de uma promessa que ele havia feito, não podia puni-la severamente. — Ela está escrevendo a carta de reflexão?— Sim, Lobo Cinzento disse que ela está fazendo isso enquanto chora. — Respondeu Tomás, com um sorriso discreto. — As lágrimas molharam tanto o papel que ela teve que trocar de caderno.— Diga ao Lobo Cinzento para continuar vigiando-a de perto. Ela não pode sair do apartamento pelos próximos três dias. Se ousar colocar um pé para fora, a punição será estendida por mais um dia.— Vou mandar
Naquele momento, Lucas estava em um apartamento nos Jardins de Belmonte vigiando Íris. Ele estava cozinhando quando o celular tocou. Ao ver que era Mônica, desligou o fogão rapidamente e correu para o banheiro.Depois de se certificar de que estava sozinho, atendeu o telefone:— Fala, irmã, o que foi?— Eu não posso te ligar só pra saber como você está? — Mônica respondeu, impaciente. — E aí, na faculdade tá tudo bem?— Tudo certo.— Acho que te vi hoje. Você pulou o muro pra escapar da aula, foi?— Irmã, eu sou do tipo que foge da aula? — Lucas coçou o nariz, lembrando que, na verdade, tinha saído pela porta da frente após terminar os trabalhos do semestre.Mas ele jamais poderia contar sobre o bico que estava fazendo. Se Mônica descobrisse, ele estaria encrencado.— Então eu devo ter me confundido. — Mônica murmurou, ainda desconfiada. — Aliás, você não disse que estava sem grana? Por que não aceitou o dinheiro que te mandei?— Eu tava pensando em comprar uns equipamentos, e o dinhei
Sempre que pensava nisso, Íris sentia uma raiva crescente e queria rasgar Mônica em pedaços!— Srta. Íris, eu não sou bandido. Não faço nada ilegal. — Lucas afastou a mão dela e levou os pratos para a mesa de jantar.Íris ficou atônita. Havia algo errado. Normalmente, quando ela fazia aquele olhar de cachorrinho abandonado, tanto Rubem quanto Francisco cediam a qualquer pedido. Mas com Lucas, nada parecia funcionar.Ela pegou uma faca e, usando o reflexo na lâmina, se olhou. A maquiagem estava perfeita, o cabelo cacheado maravilhoso. Não havia nada de errado com sua aparência.— Será que você tem algum problema? — Íris foi até Lucas com a faca na mão, começando a desconfiar. Ele já estava há alguns dias com ela e nunca havia demonstrado interesse. Ao contrário dos seguranças anteriores, que a espionavam e usavam seu cartão de crédito, um deles até instalou uma câmera escondida no banheiro. Mas Lucas não desviava o olhar e sempre mantinha uma expressão fria.Íris o encarou, desconfiada,