Naquele momento, Lucas estava em um apartamento nos Jardins de Belmonte vigiando Íris. Ele estava cozinhando quando o celular tocou. Ao ver que era Mônica, desligou o fogão rapidamente e correu para o banheiro.Depois de se certificar de que estava sozinho, atendeu o telefone:— Fala, irmã, o que foi?— Eu não posso te ligar só pra saber como você está? — Mônica respondeu, impaciente. — E aí, na faculdade tá tudo bem?— Tudo certo.— Acho que te vi hoje. Você pulou o muro pra escapar da aula, foi?— Irmã, eu sou do tipo que foge da aula? — Lucas coçou o nariz, lembrando que, na verdade, tinha saído pela porta da frente após terminar os trabalhos do semestre.Mas ele jamais poderia contar sobre o bico que estava fazendo. Se Mônica descobrisse, ele estaria encrencado.— Então eu devo ter me confundido. — Mônica murmurou, ainda desconfiada. — Aliás, você não disse que estava sem grana? Por que não aceitou o dinheiro que te mandei?— Eu tava pensando em comprar uns equipamentos, e o dinhei
Sempre que pensava nisso, Íris sentia uma raiva crescente e queria rasgar Mônica em pedaços!— Srta. Íris, eu não sou bandido. Não faço nada ilegal. — Lucas afastou a mão dela e levou os pratos para a mesa de jantar.Íris ficou atônita. Havia algo errado. Normalmente, quando ela fazia aquele olhar de cachorrinho abandonado, tanto Rubem quanto Francisco cediam a qualquer pedido. Mas com Lucas, nada parecia funcionar.Ela pegou uma faca e, usando o reflexo na lâmina, se olhou. A maquiagem estava perfeita, o cabelo cacheado maravilhoso. Não havia nada de errado com sua aparência.— Será que você tem algum problema? — Íris foi até Lucas com a faca na mão, começando a desconfiar. Ele já estava há alguns dias com ela e nunca havia demonstrado interesse. Ao contrário dos seguranças anteriores, que a espionavam e usavam seu cartão de crédito, um deles até instalou uma câmera escondida no banheiro. Mas Lucas não desviava o olhar e sempre mantinha uma expressão fria.Íris o encarou, desconfiada,
— Eu estava passando por aqui e resolvi trazer o almoço da Srta. Íris. — Tomás disse.Ele não sabia que Lucas estava fazendo o trabalho para um amigo. Como Lucas também tinha os mesmos registros na escola, Tomás presumiu que ele era “Lobo Cinzento”.Lucas coçou o nariz, um pouco frustrado: — Se você tivesse chegado mais cedo, ela não teria comido a minha comida.— Como é? — Tomás ficou confuso por um momento.Quando ele viu Íris comendo o prato gorduroso, ficou chocado.Ele a conhecia bem o suficiente para saber que ela era extremamente seletiva com a alimentação e odiava comida gordurosa. Sempre exigia refeições de restaurantes específicos para o café da manhã e o jantar. E agora estava devorando um prato caseiro?— Srta. Íris, você não odeia esse tipo de comida? — Tomás não pôde deixar de perguntar. — E isso é muito gorduroso, pode engordar.— Ai, que saco! Como você é chato! — Íris revirou os olhos. Ela finalmente estava com apetite, mas Tomás insistia em incomodá-la. Irritante!To
Fazia tanto tempo que Mônica não via Lucas que só agora percebia o quanto ele havia crescido. Ele estava mais alto, com o cabelo bem curto, usando roupas largas de cor escura, com uma aparência jovem, porém decidida, como alguém que transitava entre a juventude e a idade adulta. A sensação de segurança que ele transmitia era inegável.Mônica mediu a altura dele com a mão e percebeu que só chegava até o ombro do irmão. Espantada, comentou:— Faz só alguns meses que a gente não se vê, mas parece que você cresceu muito. Qual é sua altura agora?— Um metro e oitenta e nove.— Tudo isso? — Mônica ficou surpresa, e só então notou que a roupa casual que ele vestia era uma das que ela havia comprado anteriormente. O crescimento rápido de Lucas fez com que a barra da calça ficasse curta.— Ué, tinha que crescer, né? Tem três mulheres em casa que precisam de mim pra protegê-las. — Lucas sorriu, satisfeito com sua altura, e levantou as sobrancelhas. — E aí, dá pra andar, ou quer que eu te carregu
— Tá bom, tá bom. — Lucas sorriu. — Mas olha, se você não quiser casar de novo, não tem problema. Eu vou ganhar dinheiro e cuidar de você!— Primeiro, se preocupa em terminar a faculdade. — Mônica riu, com o coração aquecido pelo carinho do irmão. — Vamos lá, vou te comprar mais uns ternos. Vai que aparece algum evento na sua faculdade, né?Os dois conversavam enquanto caminhavam até a loja Character.Character era uma alfaiataria tradicional da cidade, com mais de cem anos de história. Em algum momento, foi comprada pelo Grupo Pimentel, que a transformou em uma marca de luxo mundialmente famosa. Seus ternos eram muito procurados.— Ei, se não vai comprar, não toca nas roupas, tá ouvindo? Senhor, pelo jeito o senhor não tem condição de comprar terno aqui. Melhor ir pra loja do andar de baixo!Assim que Mônica e Lucas entraram na loja, ouviram a voz de uma vendedora reclamando.Quando olharam para o lado, viram um senhor idoso de aparência simples, vestido de forma modesta, que estava o
Mônica analisou as opções e logo escolheu duas gravatas.— O que acha dessas?O senhor idoso abriu um sorriso satisfeito.— Você tem muito bom gosto, menina.— Então vamos levar as duas. — Mônica entregou as gravatas para a vendedora. — São para presente, por favor, embrulhe bem.— Pode deixar.As duas roupas que Lucas havia experimentado ficaram perfeitas, e Mônica também escolheu duas gravatas combinando com os ternos. No final, pagou por tudo, inclusive pelas gravatas do velho.— Não precisa, eu pago as gravatas. — O senhor tentou insistir.— Não se preocupe, duas gravatas não vão fazer diferença. — Mônica respondeu, empurrando o cartão de volta para ele. Ela viu no senhor um pouco de seu avô, já falecido. — Pode guardar o cartão.Ao sair da loja, o senhor idoso agradeceu várias vezes, e insistiu em convidá-los para tomar um café.Como estavam com pressa, Mônica aceitou apenas pegar um mocha no Starbucks, deixando o senhor pagar. Ele até comprou um para si, e juntos desceram as esca
— Você sabe fazer essas coisas? — Mônica olhava curiosa para o anel brilhante, batendo de leve nele duas vezes, e a luz vermelha se apagou instantaneamente. — Foi difícil de fazer?— Não muito, o problema é que os materiais são difíceis de achar. — Respondeu Lucas. Ele tinha conseguido esses materiais extras com o instrutor, graças ao seu ótimo desempenho nas tarefas. Se fosse vender, sairia por um preço absurdo.Ele havia feito dois anéis. Um deles era mais bonito, com um design especial, e ele planejava dar esse para Mônica. O outro, mais simples, seria para Noêmia, mas Íris acabou vendo e pegou para si.Naquele momento, Íris colocou o anel no dedo e pareceu gostar tanto que nem pensou duas vezes antes de jogar um cartão na direção dele:— Ah, é só um anel. Se precisa de dinheiro, pega o quanto quiser, mas esse aqui é meu!Dinheiro? Lucas pensou, irritado. Não era uma questão de dinheiro. Mas ele sabia que, se insistisse, teria que aguentar os gritos estridentes de Íris, e isso ele d
Malena suspirou, aliviada:— Que bom que não tem.— Acho que é porque ninguém quer você, né? — Noêmia provocou, rindo. — Tão escuro e sempre com essa cara fechada. Se eu fosse mulher, também não te escolheria!— Noêmia, você está pedindo para apanhar. — Lucas disse, com o rosto sombrio.Ele já tinha que aturar a Íris, aquela princesa mimada, e agora, de volta para casa, ainda tinha que lidar com Noêmia, que não parava de falar. Que azar!Noêmia mostrou a língua para ele e puxou o celular, indo em direção a Mônica:— Irmã, eu descobri um aplicativo de beleza super legal esses dias. Vamos tirar umas selfies?Mônica fez uma careta:— Você não cansa de me ver, não? Eu já cansei de ver sua cara.— Ah, vai... Só umas fotinhos!Lucas, observando Noêmia, começou a sentir que algo estava errado. Seu olhar se tornou sombrio pouco a pouco.Os três irmãos ficaram na casa da mãe até cerca de três horas da tarde.Mônica quis levar Lucas de volta.— Não precisa, irmã. Eu vou com a Noêmia. — Lucas res