— Você joga como uma amadora. — Íris disse com desdém, após observar a tacada de Mônica.Ela claramente tentava humilhá-la, e deu outra tacada, desta vez ainda mais forte que a anterior. A bola voou mais longe, mas o esforço fez com que gotas de suor brotassem em sua testa, demonstrando seu cansaço.Jogar golfe, na verdade, não exige muita força. O segredo está na postura e no movimento relaxado do braço. Quanto mais leve o golpe, mais longe a bola vai.Mônica ignorou as provocações de Íris e, ajustando levemente a postura, acertou outra bola. O pequeno ponto branco viajou para tão longe que parecia desaparecer no horizonte.— Ei, não me diga que a bola caiu logo à sua frente? — Íris zombou, sem conseguir enxergar onde a bola havia parado.Mas, logo em seguida, o som de um apito distante ecoou do outro lado do campo.— Você... Você acertou no buraco? — Íris arregalou os olhos, incrédula. — Eu jogo há dois anos e raramente consigo acertar. Como você, uma iniciante, conseguiu?Mônica sor
— Aaai! — Mônica soltou um grito de dor aguda e seu corpo cedeu, caindo no chão sem conseguir se manter de pé.Rubem imediatamente se levantou, com o rosto sério, e correu para ajudá-la.— O que aconteceu?Não precisou de explicações. A expressão de dor de Mônica e a bola rolando ao lado dela contavam tudo.— Íris Miranda! — Rubem levantou a voz, chamando-a pelo nome completo, algo que ele nunca fazia. Seu rosto estava sombrio, claramente furioso.— Eu... Eu não vi a direção direito. — Íris murmurou, encolhendo os ombros, como se estivesse sendo injustiçada. — Não foi de propósito. Além disso, foi só uma bolada, não vai acontecer nada.— Nada? Se não vai acontecer nada, quer que eu jogue uma bola em você para ver? — Mônica gritou, furiosa. Se não estivesse com tanta dor, teria levantado e dado uma bofetada em Íris.Ela estava farta daquela menina mimada.— Você consegue se levantar? — Rubem perguntou, enquanto tentava ajudar Mônica.O impacto da bola havia sido forte demais. Mônica mal
Quando Rubem finalmente levou Mônica ao hospital, o local onde a bola de golfe havia atingido seu joelho já estava bastante inchado, formando um grande hematoma. O médico que veio examiná-la se assustou ao ver o tamanho do inchaço.— O que aconteceu?— Ela foi atingida por uma bola de golfe. — Respondeu Rubem, ajustando a gravata. Sua camisa estava toda amassada por causa de Mônica, que a segurava com força de tanta dor, mas isso não diminuía em nada seu ar impecável. Ele parecia um pouco preocupado. — Doutor, por favor, veja como ela está.O médico começou a examinar o machucado, fazendo perguntas a Mônica enquanto aplicava um spray analgésico. O efeito refrescante fez com que Mônica se encolhesse um pouco, sentindo um breve arrepio.— Ainda bem que o impacto não foi tão forte. Se tivesse sido, você poderia ter ficado com sequelas na perna. — Explicou o médico, enquanto digitava no computador para prescrever os remédios. — Você precisará ficar em observação por alguns dias. Quando o i
Rubem já havia advertido Íris várias vezes para não mexer com Mônica, mas ela parecia incapaz de seguir suas ordens, sempre agindo impulsivamente.Tomás ajeitou os óculos e ofereceu sua opinião: — Não é só com a Srta. Mônica. Qualquer mulher que chegasse perto de você teria o mesmo tratamento por parte da Srta. Íris. Ela tem medo que alguém te roube dela.— É um ciúme completamente irracional. — Rubem suspirou, esfregando a testa em frustração. Íris sempre causava problemas, mas, por causa de uma promessa que ele havia feito, não podia puni-la severamente. — Ela está escrevendo a carta de reflexão?— Sim, Lobo Cinzento disse que ela está fazendo isso enquanto chora. — Respondeu Tomás, com um sorriso discreto. — As lágrimas molharam tanto o papel que ela teve que trocar de caderno.— Diga ao Lobo Cinzento para continuar vigiando-a de perto. Ela não pode sair do apartamento pelos próximos três dias. Se ousar colocar um pé para fora, a punição será estendida por mais um dia.— Vou mandar
Naquele momento, Lucas estava em um apartamento nos Jardins de Belmonte vigiando Íris. Ele estava cozinhando quando o celular tocou. Ao ver que era Mônica, desligou o fogão rapidamente e correu para o banheiro.Depois de se certificar de que estava sozinho, atendeu o telefone:— Fala, irmã, o que foi?— Eu não posso te ligar só pra saber como você está? — Mônica respondeu, impaciente. — E aí, na faculdade tá tudo bem?— Tudo certo.— Acho que te vi hoje. Você pulou o muro pra escapar da aula, foi?— Irmã, eu sou do tipo que foge da aula? — Lucas coçou o nariz, lembrando que, na verdade, tinha saído pela porta da frente após terminar os trabalhos do semestre.Mas ele jamais poderia contar sobre o bico que estava fazendo. Se Mônica descobrisse, ele estaria encrencado.— Então eu devo ter me confundido. — Mônica murmurou, ainda desconfiada. — Aliás, você não disse que estava sem grana? Por que não aceitou o dinheiro que te mandei?— Eu tava pensando em comprar uns equipamentos, e o dinhei
Sempre que pensava nisso, Íris sentia uma raiva crescente e queria rasgar Mônica em pedaços!— Srta. Íris, eu não sou bandido. Não faço nada ilegal. — Lucas afastou a mão dela e levou os pratos para a mesa de jantar.Íris ficou atônita. Havia algo errado. Normalmente, quando ela fazia aquele olhar de cachorrinho abandonado, tanto Rubem quanto Francisco cediam a qualquer pedido. Mas com Lucas, nada parecia funcionar.Ela pegou uma faca e, usando o reflexo na lâmina, se olhou. A maquiagem estava perfeita, o cabelo cacheado maravilhoso. Não havia nada de errado com sua aparência.— Será que você tem algum problema? — Íris foi até Lucas com a faca na mão, começando a desconfiar. Ele já estava há alguns dias com ela e nunca havia demonstrado interesse. Ao contrário dos seguranças anteriores, que a espionavam e usavam seu cartão de crédito, um deles até instalou uma câmera escondida no banheiro. Mas Lucas não desviava o olhar e sempre mantinha uma expressão fria.Íris o encarou, desconfiada,
— Eu estava passando por aqui e resolvi trazer o almoço da Srta. Íris. — Tomás disse.Ele não sabia que Lucas estava fazendo o trabalho para um amigo. Como Lucas também tinha os mesmos registros na escola, Tomás presumiu que ele era “Lobo Cinzento”.Lucas coçou o nariz, um pouco frustrado: — Se você tivesse chegado mais cedo, ela não teria comido a minha comida.— Como é? — Tomás ficou confuso por um momento.Quando ele viu Íris comendo o prato gorduroso, ficou chocado.Ele a conhecia bem o suficiente para saber que ela era extremamente seletiva com a alimentação e odiava comida gordurosa. Sempre exigia refeições de restaurantes específicos para o café da manhã e o jantar. E agora estava devorando um prato caseiro?— Srta. Íris, você não odeia esse tipo de comida? — Tomás não pôde deixar de perguntar. — E isso é muito gorduroso, pode engordar.— Ai, que saco! Como você é chato! — Íris revirou os olhos. Ela finalmente estava com apetite, mas Tomás insistia em incomodá-la. Irritante!To
Fazia tanto tempo que Mônica não via Lucas que só agora percebia o quanto ele havia crescido. Ele estava mais alto, com o cabelo bem curto, usando roupas largas de cor escura, com uma aparência jovem, porém decidida, como alguém que transitava entre a juventude e a idade adulta. A sensação de segurança que ele transmitia era inegável.Mônica mediu a altura dele com a mão e percebeu que só chegava até o ombro do irmão. Espantada, comentou:— Faz só alguns meses que a gente não se vê, mas parece que você cresceu muito. Qual é sua altura agora?— Um metro e oitenta e nove.— Tudo isso? — Mônica ficou surpresa, e só então notou que a roupa casual que ele vestia era uma das que ela havia comprado anteriormente. O crescimento rápido de Lucas fez com que a barra da calça ficasse curta.— Ué, tinha que crescer, né? Tem três mulheres em casa que precisam de mim pra protegê-las. — Lucas sorriu, satisfeito com sua altura, e levantou as sobrancelhas. — E aí, dá pra andar, ou quer que eu te carregu