— Sra. Mônica, você sabe que minha agenda é cheia. Só para jantar com você, cancelei várias reuniões. Se não puder chegar no horário combinado, melhor deixarmos para outra ocasião.Clyde foi educado, mas deixou claro: se Mônica se atrasasse, o encontro seria cancelado e a conversa encerrada.— Sr. Clyde, me desculpe mesmo. Vou fazer o possível para chegar a tempo. — Respondeu ela, tentando manter a compostura. Assim que a ligação caiu, porém, a raiva tomou conta dela. Teve vontade de jogar o celular longe. Como diabos o Rubem escolhia esses executivos? Eram todos arrogantes assim?Distraída, não viu um buraco no chão e tropeçou feio. Caiu de cara na lama, sentiu a água suja respingar no rosto. O desastre foi completo.— Moça, você tá bem?Uma mãozinha surgiu na frente dela, segurando um pacote de lenços de papel.— Obrigada. — Murmurou ela, pegando um lenço enquanto tentava se levantar.Quando ela olhou direito para o dono da voz, viu um garotinho vestido com roupas de trilha, capacet
Mônica ainda sentia uma leve dor no tornozelo torcido. O garotinho, percebendo isso, a levou até um banco próximo para que pudesse descansar um pouco. Em seguida, puxou um chocolate da mochila e estendeu para ela.— Chocolate tem bastante energia. Se comer, vai se sentir mais forte.— Obrigada. — Mônica pegou o chocolate, surpresa.Era difícil acreditar que aquele menino tinha apenas quatro anos. Ele era tão calmo e articulado que poderia facilmente passar por um adolescente.— Meu pai é militar, muito forte. Ele protege as fronteiras. — Assim que mencionou o pai, os olhos do garoto brilharam de orgulho. — Ele me ama muito. Todo ano me manda presentes.— Militar? — Mônica murmurou, descartando a ideia de que ele pudesse ter alguma relação com Gustavo.Gustavo não era militar. Se fosse, não teria tanto tempo livre nem poderia viajar para o País Z para ajudar Rubem. Mas então, como explicar a semelhança entre os dois? Será que Gustavo tinha irmãos?Bom, pessoas idênticas sem laços de san
— Quando eu saí, não estava chovendo. — Gabriel retrucou. — Mamãe, foi você quem disse que não podia faltar com as lições.— Mas existem situações especiais. — Maitê respondeu com calma. — Eu sei que você é inteligente e consegue fazer tudo sozinho, mas o mundo lá fora é complicado. Dessa vez, vou relevar, mas não pode se repetir, entendeu?Gabriel resmungou um "tá bom" sem muita convicção.— Hoje não estou ocupada. Vou ficar em casa com você. — Maitê percebeu que ele estava emburrado, então o puxou para o colo e beijou sua bochecha. — Que tal se eu fizer croissants para você?Ele não demonstrou muita empolgação. Apenas olhou para a mãe e, num tom frustrado, perguntou:— Mamãe, eu sou um segredo? Por que não posso sair de casa? Nem ir para a escola?Maitê segurou suas mãozinhas e as beijou com carinho.— Claro que não. Você é o tesouro mais precioso para mim e para o seu pai. Mas seu pai tem uma posição delicada, e se alguém descobrir sobre você, pode ser perigoso. Além disso, você é m
Mônica pedalou a mountain bike como se sua vida dependesse disso. Chegou ao hotel da reunião com cinco minutos de antecedência.Enquanto atravessava o saguão apressada, ajeitava o cabelo e a roupa. Assim que chegou à recepção e perguntou pelo grupo de Clyde, recebeu uma resposta que a fez travar.— Eles já foram faz tempo.— Merda! — Praguejou ela, jogando a bolsa com força sobre o balcão.Ela tinha se esforçado tanto para chegar a tempo, até pegou emprestada a bicicleta de um garotinho... E eles simplesmente tinham ido embora antes da hora? Estavam tirando com a cara dela?Respirou fundo algumas vezes para conter a irritação e pegou o celular para ligar para Clyde.— Alô, Sra. Mônica.A voz do outro lado não era a de Clyde. Mônica franziu a testa, mas controlou o tom.— Sr. Clyde está ocupado? — Forçou um sorriso. — Cheguei pontualmente ao hotel, mas me disseram que ele já tinha saído.— Nosso chefe teve um compromisso de última hora. — O homem respondeu de forma impassível. — Ele ped
Clyde tinha um nome forte no mercado nacional. Se Mônica conseguisse convencê-lo a comprar as ações do Grupo Pimentel, os outros investidores viriam com mais facilidade.Mônica passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e caminhou na direção de Alistair.— Boa noite, Sr. Alistair.O rapaz, que conversava animadamente com alguns amigos, ergueu os olhos ao ouvir a voz dela. Quando viu Mônica vestindo uma camisa branca bem cortada e calça social que realçava sua silhueta esguia, um brilho curioso passou por seu olhar. Havia algo na postura dela—uma mistura de confiança e imponência—que imediatamente chamou sua atenção.Intrigado, ele se ajeitou no sofá e perguntou, num tom descontraído:— Você é amiga de quem?— Sou amiga do Sr. Clyde. — Mônica sorriu e colocou um presente sobre a mesa. — Estava por aqui tratando de negócios e soube que um dos seus amigos está fazendo aniversário. Resolvi passar para cumprimentá-los.Alistair ergueu uma sobrancelha, analisando-a com interesse.— Estranho.
Mônica observou enquanto Alistair fazia uma ligação. Poucos minutos depois, a porta da suíte se abriu e dois garçons entraram empurrando um carrinho cheio de cervejas. Um a um, colocaram os garrafões na mesa—vinte e quatro no total.Alistair se recostou no sofá com um sorriso provocador e apontou para as cervejas.— Sra. Mônica, se conseguir beber tudo isso, eu marco um encontro com meu pai para você.— Sr. Alistair, isso é uma piada? — O sorriso de Mônica diminuiu, mas sua voz permaneceu tranquila. — Vinte e quatro garrafas de cerveja... Nem um homem adulto conseguiria beber tudo isso. Além disso, admito que não sou muito resistente ao álcool.Reginaldo riu de leve.— Há muitos homens que não teriam sua competência. Afinal, você conseguiu chegar ao cargo de presidente interina do Grupo Pimentel. Comparado a isso, vinte e quatro cervejas não devem ser nada para você.— Exatamente! — Alistair cruzou os braços. — Cerveja nem é tão forte assim. Se eu tivesse pedido para beber vinho, até e
A cerveja escorria pelo pescoço de Mônica, encharcando a gola da camisa e desenhando sutilmente o contorno de sua lingerie. O tecido molhado revelava apenas o suficiente para provocar, e o ar na sala pareceu ficar mais pesado. Os homens ao redor seguraram o fôlego, encarando-a com olhares cada vez mais intensos.Depois de derrubar a última garrafa, Mônica sentiu as pernas vacilarem. A tontura veio forte, mas ela respirou fundo e ergueu a garrafa vazia, virando-a de cabeça para baixo.— Vinte e quatro garrafas. Sr. Alistair, cumpra sua palavra.— Você... Você é completamente maluca. — Alistair passou a mão pelo queixo, ainda atordoado. Nunca tinha visto uma mulher beber daquela forma. — Tudo bem, eu vou marcar a reunião com meu pai.— Obrigada. — Pelo menos, apesar de ser um playboy sem propósito, ele parecia um homem de palavra.Mônica virou-se para sair, os passos um pouco trôpegos. Mas, antes que pudesse tocar a maçaneta da porta, uma mão firme agarrou seu pulso e a empurrou contra a
Mônica deslizou a mão discretamente pela mesa, os dedos buscando algo cortante enquanto mantinha a voz firme:— E se eu disser que não?— Você acha que tem escolha? — Reginaldo apertou ainda mais seu pescoço, soltando uma risada fria. — Acha que eu não sei como conseguiu esse cargo de presidente interina?Ele a observou com desprezo, os olhos afiados como lâminas.— Não me faça rir. Outros ex-alunos de Yale no Grupo Pimentel mal chegaram a cargos de diretoria, e você, que veio do setor de tradução, conseguiu virar presidente interina? — Ele se inclinou um pouco mais, um sorriso carregado de sarcasmo nos lábios. — Rubem está acabado. O que você ainda vê nele? Ah, quase esqueci... Você já foi casada com o Leopoldo. Impressionante, Mônica. Sempre focada nos homens da minha família. Me diga, entre Rubem e Leopoldo, qual deles te satisfazia mais?O sangue de Mônica ferveu. No instante seguinte, sua mão encontrou o que procurava—um garrafa de cerveja vazia. Sem hesitar, ela a ergueu e quebro