Francisco tentou resistir, mas Eduardo continuou sorrindo, seu tom carregado de ameaça:— Tem certeza de que não vai embora? Pense bem. Morrer subitamente num hospital seria um final bem desagradável.Um calafrio percorreu o corpo de Francisco. Droga! Ele não tinha feito nada para provocar Eduardo, então por que estava sendo tratado assim?Para garantir sua sobrevivência, ele abaixou a cabeça e seguiu Eduardo para fora do quarto. Logo, só restaram Gustavo, Mônica e Maitê na sala.Mônica não conhecia Gustavo muito bem. Ele exalava uma energia fria e distante, que tornava difícil se aproximar. Mas, já que ele estava ali, ignorá-lo seria falta de educação. Assim, ela sorriu educadamente e disse:— Sr. Gustavo.Gustavo nem sequer olhou para ela. Pegou o paletó que estava pendurado na cadeira e saiu do quarto em passos largos, sem dizer uma única palavra.Mônica suspirou internamente. Rubem, pelo menos, era educado. Sempre respondia quando alguém falava com ele.Maitê, que havia observado G
Ela estava prestes a fazer o quê? Ficou louca?A expressão do homem e aquela emoção indefinível que transbordava dele deixaram Mônica completamente desnorteada. Era como se o coração quisesse saltar do peito. Ela levantou-se apressada, quase fugindo do quarto.Do lado de fora, o ar gelado bateu em seu rosto, trazendo-lhe alguma lucidez.No andar do hospital onde estava, além dos seguranças posicionados na entrada, o resto do espaço era vazio. Decidida a se lavar para esfriar a cabeça, caminhou em direção ao banheiro. Ao virar o corredor, ouviu vozes baixas vindo de lá.Mônica não conseguiu parar a tempo. Com metade do corpo já projetada para o corredor, avistou duas figuras perto do bebedouro: Maitê e Gustavo. A distância entre eles era grande, mas a tensão no ar era impossível de ignorar.Daquele ângulo, ela só conseguia ver Gustavo de lado, mas os olhos de Maitê, carregados de uma complexidade difícil de descrever, estavam bem visíveis. Mônica se perguntou, intrigada: “Então Maitê co
— Íris, quem está lá dentro é meu chefe. Vim visitá-lo, como deveria fazer. — Mônica sequer tinha paciência para lidar com ela. Essa garota parecia ter a cabeça cheia de roteiros dramáticos e teorias absurdas. Era impressionante como conseguia inventar tanta coisa sem fundamento.Íris deu uma risada seca. — Não pense que eu não sei o que você está tramando! Vou te avisar uma coisa: enquanto Rubem não acordar, trate de cuidar bem do Grupo Pimentel. Caso contrário, você vai se arrepender! Mônica sentiu o sangue começar a ferver. Estava prestes a mandar Íris para algum lugar bem longe quando, de repente, ela puxou um talão de cheques. Com movimentos rápidos e arrogantes, Íris escreveu algo, arrancou a folha e estendeu para Mônica com dois dedos, como se estivesse lidando com alguém inferior. — Dez milhão. Termine com o seu namorado! Mônica piscou, incrédula. Olhou para Íris como se estivesse diante de uma completa lunática. Depois de alguns segundos, respondeu com um tom de quem n
Talvez as palavras de Mônica tivessem mesmo um impacto avassalador. Íris ficou paralisada, gaguejando um “você, você, você” sem conseguir completar a frase. Mônica, sem paciência para prolongar a conversa, simplesmente virou as costas e foi embora.Só quando o carro de Mônica já estava longe, Íris pareceu recobrar os sentidos. Ao perceber que havia sido intimidada por Mônica, soltou um grito de frustração, pisando forte no chão. Ela tinha planejado dar uma lição em Mônica, mas, no final, foi ela quem saiu humilhada. Simplesmente inaceitável! …Por ordem de Mônica, alguns jornalistas começaram a divulgar discretamente as notícias comprometedoras sobre Álvaro, o dono da VivaSol. Em poucas horas, as publicações causaram uma verdadeira tempestade na internet. A equipe de relações públicas da VivaSol nem teve tempo de reagir ou tentar abafar a situação. Antes disso, agentes já haviam invadido a sede da empresa e levado Álvaro preso. A cena foi capturada por dezenas de jornalistas, que l
Mônica estava no mercado de trabalho há tantos anos e, nesse tempo, tudo o que encontrou foram disputas e intrigas. Fora Vitor, ninguém jamais tinha demonstrado tanta consideração por ela. O cansaço que carregava no coração foi embora de repente, substituído por uma sensação quente e acolhedora.— Experimente essa sopa de creme de cogumelos. — Conrado abriu a tampa do recipiente térmico com um sorriso simpático. — O cozinheiro lá de casa é especialista em sopas. O Rubem adora, sempre toma duas tigelas quando vai lá. — Obrigada. Sente-se, eu sirvo. — Mônica não quis recusar o gesto carinhoso. Afinal, era uma demonstração de cuidado por parte de Conrado. Vendo que ele já havia servido uma tigela, ela rapidamente pegou o recipiente de suas mãos. A sopa estava no ponto perfeito, quente, aromática e com um sabor que encantava. Quando Mônica tomou a primeira colherada, seus olhos brilharam de surpresa. — Está realmente deliciosa! Muito obrigada por se dar ao trabalho de trazer algo tão
Depois que o Grupo Pimentel saiu da crise, Mônica finalmente pôde respirar um pouco. No entanto, assumir o cargo de presidente interina implicava uma rotina exaustiva: dezenas de e-mails para ler, pilhas de documentos para aprovar e a necessidade de mergulhar em conceitos complexos de finanças. Era desgastante, e ela começava a sentir o peso de tudo isso.Malena, que raramente mexia no celular, viu as notícias só mais tarde e imediatamente ligou para Mônica. — O genro está bem? — Mãe, ele não é seu genro, para de chamar ele assim. — Respondeu Mônica, já acostumada com o jeito da mãe. — O Sr. Rubem é meu chefe, só isso. Ele ainda está no hospital, mas os médicos disseram que está se recuperando bem. Vou visitá-lo mais tarde. Malena, como sempre, ignorou completamente a explicação da filha. — Eu vi que ele parece ser um homem de sucesso, tem a própria empresa, né? Olha, se ele realmente quiser você, uma mulher divorciada, é você quem sai ganhando. Aproveita e vai mais vezes visit
Mônica abaixou o olhar. Ela sabia que Eduardo estava apenas tentando confortá-la. Se fosse tão fácil tratar problemas nas pernas, não haveria tantas pessoas no mundo presas a cadeiras de rodas. Ainda assim, precisava acreditar. Era justamente essa mentira que a mantinha menos ansiosa e culpada.Eduardo recebeu uma ligação. Depois de trocar algumas palavras rápidas com Mônica, saiu da sala. Poucos minutos depois, alguém bateu na porta do quarto. Quando Mônica abriu, viu uma enfermeira empurrando um carrinho. — Vim trocar o curativo do Sr. Rubem. — Disse a mulher com um sorriso profissional. Mônica deu passagem para que ela entrasse. A enfermeira empurrou o carrinho até a lateral da cama, mas, em um movimento desajeitado, quase puxou o cateter do soro. — Desculpe! — Disse a enfermeira, ajeitando o equipamento. Olhou para Mônica e comentou. — Está tão escuro aqui que não percebi. Mônica estranhou o comentário. Levantou os olhos para observar a iluminação do quarto. As luzes estava
Ao ver Mônica se contorcendo de dor, o sorriso cruel da falsa enfermeira ficou ainda mais intenso. Ela levantou a seringa mais uma vez, pronta para cravá-la no pescoço de Mônica, quando a porta do quarto foi violentamente arrombada.Os seguranças entraram rapidamente, e um deles sacou a arma de forma ágil, apontando para o braço da mulher e puxando o gatilho. — Ahhh! Do momento em que a arma foi empunhada até o disparo, não se passaram mais do que dois segundos. A falsa enfermeira não teve tempo de reagir. Seu braço foi perfurado pela bala, e o sangue espirrou, fazendo a seringa cair de sua mão. Dois seguranças avançaram imediatamente e a imobilizaram. Mas, para surpresa de todos, a mulher já estava preparada. Mesmo com o braço ferido, ela continuava a se debater. De repente, sua língua se moveu para o lado direito da boca, e ela mordeu algo escondido na bochecha, engolindo rapidamente. O efeito do veneno foi quase instantâneo. Um dos seguranças percebeu que havia algo errado e