Depois que o Grupo Pimentel saiu da crise, Mônica finalmente pôde respirar um pouco. No entanto, assumir o cargo de presidente interina implicava uma rotina exaustiva: dezenas de e-mails para ler, pilhas de documentos para aprovar e a necessidade de mergulhar em conceitos complexos de finanças. Era desgastante, e ela começava a sentir o peso de tudo isso.Malena, que raramente mexia no celular, viu as notícias só mais tarde e imediatamente ligou para Mônica. — O genro está bem? — Mãe, ele não é seu genro, para de chamar ele assim. — Respondeu Mônica, já acostumada com o jeito da mãe. — O Sr. Rubem é meu chefe, só isso. Ele ainda está no hospital, mas os médicos disseram que está se recuperando bem. Vou visitá-lo mais tarde. Malena, como sempre, ignorou completamente a explicação da filha. — Eu vi que ele parece ser um homem de sucesso, tem a própria empresa, né? Olha, se ele realmente quiser você, uma mulher divorciada, é você quem sai ganhando. Aproveita e vai mais vezes visit
Mônica abaixou o olhar. Ela sabia que Eduardo estava apenas tentando confortá-la. Se fosse tão fácil tratar problemas nas pernas, não haveria tantas pessoas no mundo presas a cadeiras de rodas. Ainda assim, precisava acreditar. Era justamente essa mentira que a mantinha menos ansiosa e culpada.Eduardo recebeu uma ligação. Depois de trocar algumas palavras rápidas com Mônica, saiu da sala. Poucos minutos depois, alguém bateu na porta do quarto. Quando Mônica abriu, viu uma enfermeira empurrando um carrinho. — Vim trocar o curativo do Sr. Rubem. — Disse a mulher com um sorriso profissional. Mônica deu passagem para que ela entrasse. A enfermeira empurrou o carrinho até a lateral da cama, mas, em um movimento desajeitado, quase puxou o cateter do soro. — Desculpe! — Disse a enfermeira, ajeitando o equipamento. Olhou para Mônica e comentou. — Está tão escuro aqui que não percebi. Mônica estranhou o comentário. Levantou os olhos para observar a iluminação do quarto. As luzes estava
Ao ver Mônica se contorcendo de dor, o sorriso cruel da falsa enfermeira ficou ainda mais intenso. Ela levantou a seringa mais uma vez, pronta para cravá-la no pescoço de Mônica, quando a porta do quarto foi violentamente arrombada.Os seguranças entraram rapidamente, e um deles sacou a arma de forma ágil, apontando para o braço da mulher e puxando o gatilho. — Ahhh! Do momento em que a arma foi empunhada até o disparo, não se passaram mais do que dois segundos. A falsa enfermeira não teve tempo de reagir. Seu braço foi perfurado pela bala, e o sangue espirrou, fazendo a seringa cair de sua mão. Dois seguranças avançaram imediatamente e a imobilizaram. Mas, para surpresa de todos, a mulher já estava preparada. Mesmo com o braço ferido, ela continuava a se debater. De repente, sua língua se moveu para o lado direito da boca, e ela mordeu algo escondido na bochecha, engolindo rapidamente. O efeito do veneno foi quase instantâneo. Um dos seguranças percebeu que havia algo errado e
O pó que Eduardo aplicou no ferimento de Mônica tinha um leve aroma agradável. Quando tocava o machucado, causava uma leve coceira, mas sem nenhuma dor.Depois de terminar o curativo, Eduardo finalmente explicou: — Esse medicamento é muito eficaz. Não vai deixar nenhuma cicatriz no seu rosto. Mas, como o corte foi profundo, a recuperação vai levar alguns dias. — Tudo bem. Só de não deixar cicatriz, já fico aliviada. — Mônica assentiu, demonstrando confiança nas palavras dele. Sabia que um ferimento tão grave dificilmente passaria despercebido, mas, se Eduardo dizia que não haveria marcas, ela acreditava. Mônica respirou aliviada. Ainda bem que o rosto ficaria bem. Ela sabia que, no fundo, nenhuma mulher gostava de ver sua aparência prejudicada, e ela não era diferente. Nesse momento, Francisco voltou com um tablet na mão. Durante o tempo em que Eduardo tratava do ferimento de Mônica, ele havia saído às pressas para buscar as imagens das câmeras de segurança. Assim que entrou no
— Quem seria? O irmão dela, Marcos? — Francisco perguntou, antes de continuar. — Descobri que o Marcos anda frequentando clubes privados com o vice-presidente do Grupo Pimentel, o Frederico. Com certeza eles estão tramando alguma coisa. Gustavo franziu o cenho e ficou em silêncio por alguns instantes antes de responder com a voz baixa: — O Grupo Pimentel parece calmo na superfície, mas todos nós sabemos o que está acontecendo nos bastidores. E o Rubem também sabe. — Parece que uma tempestade está prestes a chegar. — Eduardo suspirou. — Sem contar os lucros da filial de Nova York, o Grupo Pimentel tem uma avaliação de mercado superior a bilhões. E Rubem, mesmo sendo apenas filho adotivo de Conrado, possui a maior parte das ações. É claro que os três irmãos de Conrado não aceitam isso. — Se quer saber, Rubem deveria ter sido mais duro desde o começo. — Disse Francisco. — Só o que Marcos e Virgínia desviaram de dinheiro do Grupo Pimentel e a venda de informações confidenciais já s
Francisco ficou com um aperto no peito. Ele entendia bem o que Eduardo queria dizer. Lembrava-se perfeitamente de como Rubem era quando se conheceram: fechado, inacessível, talvez até mais difícil de lidar do que o próprio Gustavo. Mas, com o tempo, à medida que conviviam mais, Rubem começou a relaxar, e um ou outro sorriso passou a surgir em seu rosto.Lembrou-se de um episódio específico, no aniversário de 28 anos de Rubem. Francisco, como sempre, aproveitou para provocar: — Rubem, você já tem essa idade e nada de esposa ou filhos? Como vai ser, hein? O que vai fazer com essa fortuna de bilhões? Rubem deu um sorriso de canto e respondeu com a calma de sempre: — Eu nem sei de onde vim. Casar seria apenas um peso para outra pessoa. No dia em que eu me casar, será por interesse, não por amor. Diferente de Rubem, Gustavo, apesar de ser o mais velho do grupo e de ter uma personalidade sombria, tinha a segurança de um sobrenome poderoso. Para ele, casar ou não era irrelevante, um d
O corte no rosto ainda doía um pouco e, sem sono, Mônica decidiu ir até o carro pegar o notebook para continuar resolvendo pendências. Se não fosse por estar substituindo o presidente, ela nunca teria ideia de como essa posição era exaustiva. Relatórios intermináveis, números que precisavam ser analisados, reuniões intermináveis e convites para coquetéis, jantares beneficentes e eventos corporativos... O dia parecia não ter horas suficientes, e a agenda já estava lotada até o próximo ano. Agora ela entendia o quão pesado era o trabalho de Rubem. Depois de responder alguns e-mails, Mônica suspirou profundamente, esfregando o pescoço dolorido com as mãos. Quando desviou o olhar para a cama, viu o homem deitado ali, tão imóvel e silencioso. Um aperto tomou seu peito, e seu nariz começou a arder, como se fosse chorar. Desde o acidente de carro, já havia se passado quase quinze dias. Ela havia resolvido praticamente tudo relacionado ao Grupo Pimentel, mas Rubem ainda não havia acord
Francisco acenou para ele, sorrindo e exibindo os dentes brancos. — Rubem, bem-vindo de volta! Ao ver os dois ali, Rubem logo entendeu a situação. — Não era para ainda não ser o momento? — Após quase quinze dias desacordado, sua voz saiu rouca, mas firme como sempre. — Por que usaram o antídoto agora? — Desculpe, Rubem. Houve uma emergência, eu não tive escolha. — Eduardo respondeu com seriedade. As pernas de Rubem ainda estavam sob o efeito do medicamento, o que deixava os nervos temporariamente paralisados. Eduardo ajustou a cama para que ele ficasse sentado e colocou um travesseiro atrás de suas costas. Quando Rubem levantou o braço, seus dedos roçaram algo macio e levemente áspero. Era cabelo. Olhando para baixo, viu alguém debruçado na beirada da cama. Metade do rosto estava à mostra, com um corte profundo e a carne ainda exposta, deixando um aspecto assustador. — É a Mônica. Ela ficou preocupada com você e decidiu permanecer no hospital. — Eduardo explicou ao notar