Mônica tinha certeza de que Rubem tinha bebido algum conhaque ou outra bebida com alto teor alcoólico. Sem pensar muito, respondeu rápido: — Fique de olho no Sr. Rubem e não deixe ele beber mais. Qual é o clube? Vou até aí agora! — Muito obrigada, Diretora. No caminho para o clube, Mônica começou a recuperar a lucidez. Ela bateu na testa e murmurou consigo mesma: — Eu devo estar maluca. Por que estou indo até lá? Era só mandar a Kelly resolver isso! Com essa atitude, parecia até que ela estava preocupada demais com Rubem. Mas, já passando pelo túnel e quase chegando ao destino, não fazia sentido voltar atrás. Ela respirou fundo e seguiu em frente. Estacionou na rua e entrou no clube com passos apressados. Ao encontrar o camarote, Mônica abriu a porta e deu de cara com Kelly, que tentava, em vão, controlar a situação. Ela sorria sem graça para os convidados, enquanto lutava para tirar o copo da mão de Rubem que, teimoso, insistia em continuar bebendo. — Desculpem, mas o
Mônica ficou com as bochechas quentes, completamente envergonhada. Era só nesses momentos que ela conseguia ouvir elogios de Rubem. — Não fala mais nada. — Disse, tentando parecer calma, embora sentisse que seu rosto estava pegando fogo. — Vou te levar para casa. Você dorme, e amanhã tudo estará bem. — Você vai ficar comigo? Claro que não! Como Mônica não respondeu, Rubem insistiu: — Hoje é meu aniversário. Você não vai comemorar comigo? — Aqueles empresários já não estavam comemorando com você? — Resmungou ela, desviando o olhar. Mas, ao encará-lo de relance, percebeu que Rubem a observava com aquela intensidade que fazia seu coração disparar. Os olhos dele, profundos e cheios de expectativa, deixaram Mônica ainda mais nervosa. Ele estava esperando algo dela? O plano inicial de Mônica era simples: deixá-lo na porta da mansão e ir para casa. Mas era raro ver Rubem assim, tão calmo e gentil. O olhar afiado e distante que ele costumava ter havia desaparecido completamente.
— Não, a roda-gigante é muito alta e pode ser perigosa. Além disso, acidentes acontecem o tempo todo. Tudo bem, Mônica cedeu. Não ia insistir. Quando viu a fila para os carrinhos de bate-bate, pensou em tentar aquilo, mas, antes mesmo de dar o primeiro passo, Rubem a cortou novamente: — De jeito nenhum. As pessoas ficam dirigindo e batendo umas nas outras. Pode machucar o bebê. Mônica bufou, irritada: — Isso não pode, aquilo também não. Então entramos aqui para quê? Só para andar? — Não disse que não pode brincar. Estou só pedindo para evitar os brinquedos perigosos. — Ele respondeu, apontando para o lado. — Olha aquele ali. Parece perfeito para você. Mônica seguiu o olhar dele e, ao perceber do que se tratava, ficou sem expressão. Um carrossel. Claro que era seguro. Só ficava girando devagar, sem nenhum risco. Ainda frustrada, Mônica cruzou os braços, mas Rubem já havia pagado pelos ingressos. Antes que ela pudesse protestar, ele se abaixou, a pegou no colo e, com cuidad
Os segundos continuavam a passar no cronômetro. 220... 225... 230... 235... As pessoas ao redor, vendo Rubem alcançar a marca de 260 segundos, estavam mais empolgadas do que se fosse elas próprias tentando o desafio. Ele, no entanto, parecia completamente relaxado, com o olhar fixo em Mônica, como se tudo fosse fácil demais. 400... 410... 419... Quando o cronômetro chegou a 420 segundos, Rubem ainda não havia desistido. O público ao redor começou a soltar exclamações de admiração. Ele lançou um breve olhar ao cronômetro, então soltou a barra e aterrissou suavemente no chão. Mônica correu até ele, pegando sua mão e vendo as palmas avermelhadas. — Tá tudo bem? — Perguntou ela, com a voz cheia de preocupação. — Tudo ótimo. Foi tranquilo. O dono da barraca, impressionado, pegou a enorme baleia azul de pelúcia que estava exposta e entregou a Rubem. — Cara, você é incrível! Faço isso há anos e, além daquele casal há quatro anos, você é o único que conseguiu aguentar até o f
Francisco nem teve tempo de terminar a frase antes de levar um tapa na cabeça de Eduardo. Eduardo afastou Francisco da câmera e, assumindo o controle da conversa, sorriu para Rubem: — Sempre ouço você dizer que sua esposa é muito ocupada. Mesmo assim, ela arranjou tempo para comemorar seu aniversário. Isso é muito atencioso da parte dela. Posso dar um oi para ela? Rubem, claramente satisfeito com o comentário, pediu que esperasse e foi até a cozinha com o celular na mão. — Amor. — O que foi? — Mônica levou um susto com o chamado inesperado. Se estivessem só os dois, ela não se importaria tanto, mas Malena estava ali também, e o jeito carinhoso como Rubem a chamava a deixava nervosa. Rubem estendeu o celular para ela. — Meu amigo quer falar com você. Mônica piscou, confusa, tentando lembrar de qual amigo ele estava falando. Antes que pudesse reagir, já estava no vídeo. Do outro lado da chamada, apareceu um jovem de jaleco branco, com uma aparência educada e tranquila.
Os lábios de Mônica ainda pareciam carregar o calor deixado pelo beijo de Rubem. Seu corpo inteiro estava tomado por uma sensação de calor incontrolável que demorou a passar, só diminuindo aos poucos depois de um longo banho em seu apartamento. …Na segunda-feira pela manhã, Mônica dirigiu até a empresa levando Emma junto. Normalmente, o trajeto levaria quarenta minutos, mas com o carro, chegaram em vinte. Emma parecia maravilhada. — Ter carro é outra coisa, né? Muito mais prático! Quando Mônica entrou no escritório, percebeu que cada mesa tinha um convite de casamento, inclusive a dela. Pegando o envelope, ela perguntou com um sorriso: — E aí, quem vai casar? — É a Diretora Rebeca, do setor de planejamento. — Respondeu um colega. — Parece que ela está grávida e marcou o casamento com o filho mais velho da família rica da Cidade D para o mês que vem. Hoje de manhã, ela passou por todos os departamentos distribuindo os convites. — É mesmo? — Mônica franziu o cenho, intrigada
Íris bateu o pé com força, indignada: — Tudo culpa do Rubem! Ele me ignora, não atende minhas ligações e nem quer me ver. Aí eu tenho que vir atrás de você! Mas, olha, eu posso ficar do seu lado. Ela se aproximou mais e continuou: — Vamos nos unir para tirar essa Maitê do caminho. Dá para derrotá-la juntas, não dá? Ou você realmente quer ver ela casando com o Rubem? — Já falei, Íris, nunca quis competir com você. — Respondeu Mônica, com um tom firme. — E, para deixar bem claro, quem Rubem decide casar é problema dele. Ninguém tem o direito de interferir nisso. Sem paciência, Mônica deu um passo para trás e disse, num tom que não deixava margem para discussão: — Estou ocupada, Íris. Melhor você ir embora. — Você está me expulsando? — Milena, acompanhe a Srta. Íris até a saída. Íris ainda tentou argumentar, mas Mônica, com o semblante sério, chamou a assistente. Milena entrou no escritório rapidamente, e Íris, furiosa, lançou dois olhares ameaçadores para Mônica antes d
Emma estremeceu ligeiramente, seguindo Mônica em direção ao elevador. Não conseguiu segurar o comentário: — Não precisa descontar sua raiva no carro, coitado. Ele não tem culpa de nada. Se quebrar, ainda vamos ter que mandar consertar. — Eu não estou com raiva de nada. — Respondeu Mônica, com uma tranquilidade forçada. — Ah, claro... — Emma murmurou, desconfiada. — Sua cara diz o contrário. Qualquer um percebe, imagina eu. Se você está tão incomodada, por que não resolve logo? Fale com o Sr. Rubem e deixe claro que você não quer que ele se case. — O casamento do Sr. Rubem não tem nada a ver comigo. — Tem, sim. Você está apaixonada por ele. — Não estou. — Então por que a notícia do noivado dele te deixou tão irritada? — Eu não estou irritada, é só que... — Mônica tentou responder, mas não conseguiu encontrar as palavras certas. Passou a mão pelos cabelos, frustrada e cada vez mais confusa com o turbilhão de sentimentos que explodia dentro dela. Emma cruzou os braços, c