Conrado já tinha comido churrasco várias vezes em casa, mas sempre era algo refinado: cortes nobres de carne acompanhados por vinhos de alta qualidade. Aquela era sua primeira vez em uma churrascaria simples. Ao entrar, foi imediatamente envolvido pelo aroma irresistível do carvão em brasa. Quando provou um pedaço de carne suculenta, recém-tirada do espeto, com farinha de mandioca e molho típico, não conseguiu parar de comer, mesmo ficando com o rosto suado de tanto calor.Conrado ergueu o polegar e exclamou:— Essa carne é boa demais, tem muito sabor!— Não falei? — Respondeu Mônica, sorrindo ao ver a alegria dele.Era bom vê-lo tão contente. Na família dela, os mais velhos haviam partido cedo. Nunca teve a oportunidade de cuidar deles, então sentia um carinho especial por idosos de bom temperamento como Conrado. Para ela, pessoas daquela idade, já enfrentando as questões inevitáveis da vida, mereciam aproveitar esses pequenos prazeres.Conrado, percebendo algo diferente no semblante
— Pai, o senhor ainda está no shopping Outlet? Estou passando por aí, posso te levar de volta pra casa. Assim que atendeu o telefone e ouviu a proposta, Conrado deu um sorriso satisfeito. Que coincidência boa! Não era essa uma ótima oportunidade para os dois se encontrarem? — Está bem, vem até a churrascaria no quinto andar. Estou aqui comendo churrasco. — Depois de combinar isso, Conrado desligou o telefone. Mônica, que estava sentada à sua frente, perguntou: — É seu filho? — Sim, ele disse que está passando por perto. — Conrado respondeu com um sorriso largo. — Vocês poderiam se conhecer, pelo menos como amigos. Depois ele pode te levar para casa. Mônica sentiu o desconforto subir. Ora, ela tinha dado o número de telefone para Conrado exatamente para evitar um encontro. No entanto, o destino parecia não querer colaborar, e agora o filho dele estava vindo. Que situação mais constrangedora! — Seu Conrado, pode continuar comendo. Vou ao banheiro rapidinho. — Disse isso lev
Ele achava a Mônica uma pessoa incrível, inteligente e atenciosa. Mas se o filho disse que já tinha alguém, não havia mais o que ele pudesse fazer. Conrado suspirou, desanimado. Que pena. Ele realmente acreditava que tinha encontrado a parceira perfeita para o filho, mas parecia que o destino tinha outros planos. …Naquela noite, depois de ouvir as palavras de Conrado na churrascaria, algo despertou dentro de Mônica. Era como se tivesse finalmente entendido o que precisava fazer. No dia seguinte, ao chegar na empresa, ela estava determinada. Os cinco novos funcionários, recrutados das filiais de Cidade C e Cidade A, rapidamente se apresentaram no Grupo Pimentel e foram integrados ao Departamento de Reguladores. Mônica não perdeu tempo: distribuiu tarefas, estabeleceu prazos e deixou claro que o trabalho seria intenso. Nos dias que se seguiram, o ritmo dentro do Grupo Pimentel mudou completamente. Era impossível não notar os novos integrantes do departamento indo e vindo entre o
— Entendido! Desde que o Departamento de Reguladores começou a trabalhar, a rotina dos funcionários se tornou uma verdadeira maratona. Cada dia era uma corrida contra o tempo, revisando documentos e cruzando informações, temendo que qualquer atraso pudesse resultar na perda de dados importantes. Alguns, inclusive, chegaram a dormir na empresa para não deixar nada escapar. Por outro lado, o dia a dia do departamento tinha um pequeno luxo: uma equipe de suporte culinário. As refeições eram entregues diretamente, bastava um telefonema, e em dez ou quinze minutos, o pedido chegava. — Estamos exaustos, mas isso aqui é um paraíso! — Comentavam, entre risadas, enquanto saboreavam seus pratos. Apesar da atmosfera de camaradagem, Mônica sentia o peso de cada documento que analisava. Quanto mais investigava, mais alarmante era o que descobria. Ela achava que o Grupo Pimentel tinha apenas uma estrutura complexa, cheia de interesses conflitantes. Mas, ao ver os números e as transações ab
— Você está me ameaçando? — A voz de João subiu de tom, seu rosto ficou lívido. — Como eu ousaria? Nesse instante, a secretária ao lado de João sugeriu com diplomacia: — Sr. João, vamos subir. Estão todos esperando por nós. João lançou um último olhar fulminante para Mônica. Ele apertou os punhos, virou-se abruptamente e saiu com passos largos. — Esse é o famoso João? Parece mesmo difícil de lidar! — Comentou Emma depois que ele se afastou. — Você viu os olhos dele? Aqueles olhos fundos e estreitos... Esse tipo de gente é traiçoeira. Ele ficou realmente irritado. Mô, acho melhor você tomar cuidado nos próximos dias, viu? Mônica deu um sorriso leve, sem demonstrar preocupação. Medo? Por quê? Seu chefe era Rubem. Se algo acontecesse, Rubem daria um jeito. …Depois de uma semana puxada, finalmente era fim de semana. Mônica planejava descansar, mas recebeu uma ligação da matriz da BC. Precisava buscar o carro que havia ganhado em uma promoção. Caso contrário, o prêmio seria
— Não, ganhei em um sorteio. — Respondeu Mônica.Mônica contou toda a história para ele e, depois de uma pausa, acrescentou:— A Emma ia vir comigo, mas a tia dela ligou no meio do caminho. Então precisei deixá-la lá.Lucas soltou um suspiro discreto de alívio. Ainda bem que aquela garota não veio. Ele só conversava com Emma por consideração à Mônica, mas, na verdade, não tinha o menor interesse. Além disso...Enquanto pensava nisso, o celular em sua mão começou a vibrar. Era um número familiar. O mesmo que já tinha ligado inúmeras vezes nos últimos dias. Ele franziu o cenho e desligou o aparelho sem pensar duas vezes.— Por que não atende? — Mônica olhou de relance para o celular dele e conseguiu ver o nome “Princesinha” piscando na tela. Na mesma hora, caiu na risada. — E ainda diz que não tá namorando? Tá escondendo de mim, é?— Não é nada disso. É só uma amiga. — Lucas tentou se justificar.— Ah, é? E desde quando você tem uma amiga chamada “Princesinha”? — Mônica perguntou, com um
A escola não era pobre, mas eram bem mão de vaca. Esse dinheiro foi o que ele ganhou fazendo uns "bicos". Lucas fez um som de concordância e continuou:— Foi por causa do meu desempenho. Minhas notas são excelentes, estou entre os cinco melhores da escola. Além disso, participei de um projeto de pesquisa que deu muito certo, então a escola decidiu me dar um bônus.— Olha só, tá bem melhor que eu na sua idade. — Comentou Mônica, com um sorriso no rosto. Lucas sempre foi muito inteligente, ela sabia disso desde pequeno. Era muito melhor do que Noêmia, com certeza.Os três irmãos pareciam todos promissores. Pelo menos, nenhum deles virou um perdido na vida.Mônica, por sua vez, já tinha acumulado um bom patrimônio. Tinha alguns milhões investidos, duas propriedades herdadas de Marcelo e Ronaldo, além de uma pequena participação na empresa de Ronaldo. Poderia muito bem ser chamada de uma "pequena ricaça".Mesmo assim, ao ver Lucas tão preocupado com a mãe, ela decidiu não dizer nada. Levo
— Eu sabia que estava reconhecendo aquele rosto! Só podia ser ele, com essa pele tão escura! — Resmungou Íris, irritada. — Muito bem, aquela vagabunda tá mesmo jogando com dois ao mesmo tempo! Agora tá dando em cima do Lobo!Ela estava furiosa. Aquele idiota do Lobo não tinha o menor senso! Será que ele não percebia o quanto a “namorada” dele era uma falsiane? Bonita? Bonita o quê! Não chegava nem aos pés dela, nem a um milésimo!Quanto mais olhava para as roupas deles, combinando nas cores, mais raiva Íris sentia.De repente, um homem com uma camisa amarrada na cintura passou ao lado dela. Íris o puxou pelo braço, arrancou a camisa dele e enfiou um maço de dinheiro na mão do homem.— Essa camisa agora é minha!O homem ficou parado, sem entender nada, segurando o dinheiro e olhando para ela como se tivesse visto uma louca.Íris se escondeu atrás de uma coluna, esperando uma oportunidade. Finalmente, quando viu Mônica ir ao banheiro, não perdeu tempo. Assim que a mulher desapareceu de v