— Sr. Rubem? — Tomás hesitou, escolhendo bem as palavras antes de abrir a boca.— Parece que você está bem animado. — Rubem comentou com um tom leve, mas carregado de ironia. — Já está planejando alguma coisa?— Não, não! Só estava dando a minha opinião. — Tomás respondeu rapidamente, sentindo o suor escorrer pela testa. — Eu e a Mônica... Não temos nada em comum. Nem chance de ter química.Aproveitando a oportunidade, ele estendeu um arquivo para Rubem, claramente tentando mudar o rumo da conversa: — Sr. Rubem, aqui está o dossiê da nova secretária contratada pelo departamento. O nome dela é Kelly Silva, formada em Direito pela Universidade de Columbia.— Uma advogada formada em Columbia, trabalhando como secretária? — Rubem arqueou uma sobrancelha, surpreso, enquanto folheava o arquivo. Na foto oficial, havia uma mulher de traços bem definidos e expressão séria. — Japonesa?— Sim. — Tomás confirmou. — Verifiquei o histórico dela. A mãe é natural do País Z, a família não tem muitos
Mônica estava entediada. Pegou o celular e começou a assistir um vídeo que tinha baixado. O filme estava pela metade quando a SUV entrou em uma estrada mais irregular, fazendo o veículo balançar de um lado para o outro.O balanço monótono somado ao cansaço acabou vencendo. Mônica piscava devagar, tentando manter os olhos abertos, mas não resistiu e adormeceu. O celular escorregou de suas mãos, e, com os solavancos do carro, seu corpo inclinou para o lado de Rubem. Rubem, que acabara de revisar um documento no notebook, sentiu um peso no ombro. Quando olhou, viu que Mônica havia caído no sono e estava encostada nele. Ele apertou os lábios, sem esboçar expressão. Com cuidado, usou a mão para mover a cabeça dela de volta para o encosto do banco. Mas bastou mais uma curva e, dessa vez, o corpo dela tombou direto sobre sua perna. Mônica, completamente alheia ao que estava acontecendo, apenas se ajeitou, procurando uma posição confortável para continuar dormindo. Com a cabeça apoiada n
Bruno estava em uma posição infeliz, bem no campo de visão de Rubem, que havia enfiado a cabeça para fora da SUV. O rosto sério e o olhar cortante do chefe fizeram um calafrio percorrer a espinha do segurança. — Boa tarde, Sr. Rubem! — Bruno cumprimentou, tentando disfarçar o nervosismo. Rubem respondeu com um simples e seco: — Terminem logo e voltem para o carro. Vai chover em breve. — Chover? Com esse céu limpo? — Mônica murmurou, levantando a cabeça para observar o céu azul. Mesmo assim, não se prolongou na conversa com Bruno, apenas guardou o pequeno cofre no porta-malas. Bruno também subiu na SUV, mas continuou encarando o carro da frente, intrigado. Coçando a cabeça, resmungou: — Será que o Sr. Rubem está de mau humor? As oito SUVs seguiram pela estrada de terra, levantando uma nuvem de poeira que parecia uma serpente gigante. O céu, antes limpo e ensolarado, escureceu repentinamente, e, em poucos minutos, uma chuva torrencial começou a cair. Mônica olhava pela ja
— Eu vou com ela. Você fica aqui e cuida dos outros. — Rubem pegou a roupa das mãos de Bruno, falando com tranquilidade. — Sua aparência é muito... Intimidadora. Pode assustar as pessoas. — Eu? Sério? — Bruno coçou a cabeça, parecendo genuinamente ofendido. Mônica, que já estava preparada para ir sozinha, ficou surpresa ao ver que Bruno fora substituído por Rubem. Por um momento, sua mente ficou confusa. — Sr. Rubem, eu posso ir sozinha. Não tem necessidade de incomodar o senhor com algo tão simples... — Se fosse incômodo, eu não teria vindo pessoalmente. — Rubem a interrompeu, com um tom direto e irrefutável. A roupa masculina típica que ele iria vestir exigia que tirasse a camisa social. Sem hesitar, Rubem começou a desabotoar os botões, um por um. Logo, seu pescoço e a clavícula começaram a aparecer, uma visão marcante, que exalava uma sensualidade natural e despreocupada. Quando chegou ao quarto botão, ele parou e levantou os olhos na direção de Mônica. Ela, distraída
— Porque só quando estou trabalhando eu sinto que estou vivo. Rubem disse isso em um tom tão leve, tão desprovido de emoção, que parecia apenas uma constatação casual. O som de folhas farfalhando ao vento preencheu o silêncio entre eles, e Mônica, que não tinha ouvido direito, perguntou: — O que o senhor disse, Sr. Rubem? Ela tentou se aproximar para escutar melhor, mas acabou tropeçando em uma trepadeira no chão. Seu corpo inclinou para frente e estava prestes a bater diretamente nas costas de Rubem. Como se já esperasse por isso, ele se virou rapidamente e firmou as mãos sobre os ombros dela, impedindo a queda. — Mônica, essa trilha não é fácil. — Ele suspirou, com um toque de impaciência. Às vezes, achava Mônica incrivelmente inteligente; outras, parecia que ela não conseguia nem andar sem tropeçar. Sem dizer mais nada, Rubem segurou firme o pulso dela e continuou abrindo caminho com o facão, cortando os galhos e arbustos à medida que avançavam. Mônica olhou para a mão
— Então... Você já viu como ele me trata. Ele me ama muito, e eu fugi com ele. Mas nunca imaginei que meu pai fosse ficar tão furioso. Ele começou a perseguir a gente e a destruir nossos negócios. Não conseguimos mais ficar em Limar, então viemos pra cá com a mercadoria, na esperança de vendê-la e dar uma vida melhor pro bebê. Só que nos perdemos no caminho... E ainda perdemos o caminhão com tudo que tínhamos. — E o seu bebê? Onde está? — Ainda não nasceu. — Mônica acariciou a barriga com delicadeza, a expressão ficando ainda mais triste. — Meu pai pode me odiar o quanto quiser, mas esse é o filho meu e do Saha. Eu só quero criá-lo direito... Dar a ele uma chance de ser feliz. As palavras dela tocaram fundo na outra mulher, que suspirou e puxou Mônica para um abraço acolhedor, batendo levemente nas suas costas. — Ah, minha filha, que história triste. Eu também sou mãe, sei o quanto é difícil estar grávida. Você deve estar exausta. Depois de alguns segundos, a mulher soltou um
Mônica Ramos nunca imaginou que, no dia do primeiro aniversário de casamento, seu marido a trairia!Não, talvez ele já a estivesse traindo há tempos, e ela só descobriu agora.Afinal, pelo plano original, ela deveria estar sentada em um voo para Munique neste momento.Mas, depois de muito pensar, ela decidiu cancelar a viagem de última hora e, em vez disso, encomendou flores, bolo e vinho para fazer uma surpresa ao marido.Agora, surpresa era mesmo o que não faltava...Mônica ouviu novamente a voz da mulher:— Leo, eu já me divorciei. Quando você vai se separar daquela sua esposa? Melhor que seja logo, é melhor uma dor curta do que uma longa.— Divórcio é só questão de tempo, não tem pressa. — Respondeu Leopoldo.Ele sempre acreditou que o amor seria suficiente para manter o casamento, mas com o tempo, tudo o que tinham era um abraço ocasional, e isso começou a cansá-lo.Só que o “divórcio” ainda era uma ideia muito repentina para ele, e ele não sabia como contar a Mônica, muito menos
O Aqua Bar era conhecido como o covil de extravagâncias, o mais notório local de diversões noturnas. Homens e mulheres de todos os tipos frequentavam o local.Mônica estava sentada no balcão, já havia bebido alguns copos de uísque, e um pensamento perigoso começava a crescer cada vez mais rápido em sua mente.Ter um filho... Que diferença faria com quem fosse? Se encontrasse um homem bonito, o filho ainda seria mais bonito!Com essa ideia em mente, seu olhar vagou pela pista de dança, até que de repente fixou-se em uma alta figura não muito distante.Embora não conseguisse ver o rosto do homem, sua altura e postura destacavam-se na multidão. Ele estava praticamente cercado por várias pessoas, todas bem vestidas, e sua presença impunha respeito.“É ele!” Decidida, Mônica respirou fundo, ajeitou o cabelo e, cambaleando em seus saltos altos, começou a caminhar em direção ao grupo.— Ai, que tontura! — Na passagem, ela fingiu perder o equilíbrio e caiu direto nos braços do homem.Uma mão f