— Ah, a Srta. Íris também está aqui? — Lucas finalmente baixou o olhar para ela, como se só agora tivesse percebido sua presença.Íris ficou tão irritada que chegou a bater o pé.— A entrega eu faço sozinho. — Tomás pegou a sacola da mão de Lucas, decidido a encerrar o assunto. — Leve a Srta. Íris para descansar.Sem esperar resposta, Tomás entrou pela porta e a fechou atrás de si em um movimento rápido. Não demorou nem dez segundos.— Tá olhando o quê? O Tomás já entrou. — Íris fez bico, impaciente. — Anda, me leva no colo para o quarto.Lucas arqueou as sobrancelhas, irritado.— Suas pernas pararam de funcionar?— Eu fiquei ajoelhada tempo demais, meus joelhos estão doendo! — Íris cruzou os braços, bufando. — E a culpa é toda daquela velha! Por que eu nunca consigo ganhar dela? É alguma macumba, só pode!— Srta. Íris, ela não é tão mais velha que você. — Lucas respondeu, revirando os olhos. Ele sabia que a intérprete que acompanhava Rubem tinha, no máximo, uns 25 anos, mas Íris insis
Só depois de falar é que ele percebeu que talvez tivesse sido indulgente demais.Tirando Íris, Rubem sempre foi extremamente exigente com as pessoas ao seu redor. Até mesmo Tomás, que tinha anos de confiança, não escapava: se o café não fosse bem feito, perdia parte do salário. E agora, estava ali, baixando suas expectativas para aquela mulher.— Sério? — Mônica perguntou, animada ao ouvir a avaliação de Rubem. Sua postura imediatamente ficou mais ereta, cheia de confiança.Ela ainda se lembrava vividamente da primeira vez que fez café para ele e de como foi criticada sem dó.Curiosa, pegou a xícara e tomou um gole. No segundo seguinte, sua expressão mudou completamente — o rosto se contorceu, e ela quase cuspiu. Que droga, que café mais amargo e azedo!Rubem, vendo a cena, deixou escapar um leve sorriso.— Se você não gosta de café feito no fogão, é claro que não vai achar agradável de beber.Mônica ficou pensativa. Sempre que ia a restaurantes para reuniões, já tinha bebido cafés de
Depois de fechar a porta de vidro da varanda, Mônica atendeu a ligação: — Noêmia, o que foi agora?— Ai, mana, é que eu tô com saudade de você! — Noêmia respondeu com uma risadinha. — Acabei de finalizar as gravações e pensei em te ligar. Que tal jantarmos juntas hoje à noite?— Eu não estou no país.— Como assim?Como era sua irmã, Mônica resolveu contar que estava fora do país acompanhando Rubem em uma viagem de negócios, mas evitou entrar em detalhes sobre o motivo exato.Noêmia encerrou a ligação logo depois, mas em seguida mandou uma chamada de vídeo.Mônica, sem saber se ria ou se reclamava, atendeu. No outro lado da tela, apareceu o rosto de Noêmia com uma máscara facial branca cobrindo quase toda a pele.— Que ideia é essa de vídeo? — Mônica perguntou, intrigada. — O que você quer agora?— Fica parada aí, deixa eu te olhar direito. — Disse Noêmia, aproximando o rosto da câmera para examinar Mônica com atenção. — Ouvi dizer que na Turquia tá um calor insuportável. E você não é
Rubem começou a se lembrar. Emma era aquela baixinha que, durante a confusão com Helen, tinha ajudado Mônica. — Um talento. O Grupo Pimentel deu sorte de contratá-la.Mônica aproveitou a deixa: — Sr. Rubem, nem precisa agradecer. É só aumentar o salário dela quando voltarmos.— Vou providenciar. — Respondeu ele, com naturalidade.Preocupado com possíveis problemas no celular de Mônica, Rubem fez um backup do mapa no próprio aparelho. Os dois se inclinaram sobre a mesa, discutindo qual seria o melhor caminho a seguir.Depois de alguns minutos de conversa, Mônica começou a se sentir desconfortável: — Sr. Rubem, acho que esse tipo de assunto não é algo em que eu deva me intrometer.— Não precisa ser tão formal. — Disse ele, olhando-a com seriedade. — Se não fosse por você, essa negociação não teria avançado. Além disso, você é inteligente, e acredito que suas ideias podem ser úteis.As palavras dele fizeram Mônica sentir algo raro: confiança. Desde que chegaram à Turquia, Rubem parec
— Sr. Rubem? — Tomás hesitou, escolhendo bem as palavras antes de abrir a boca.— Parece que você está bem animado. — Rubem comentou com um tom leve, mas carregado de ironia. — Já está planejando alguma coisa?— Não, não! Só estava dando a minha opinião. — Tomás respondeu rapidamente, sentindo o suor escorrer pela testa. — Eu e a Mônica... Não temos nada em comum. Nem chance de ter química.Aproveitando a oportunidade, ele estendeu um arquivo para Rubem, claramente tentando mudar o rumo da conversa: — Sr. Rubem, aqui está o dossiê da nova secretária contratada pelo departamento. O nome dela é Kelly Silva, formada em Direito pela Universidade de Columbia.— Uma advogada formada em Columbia, trabalhando como secretária? — Rubem arqueou uma sobrancelha, surpreso, enquanto folheava o arquivo. Na foto oficial, havia uma mulher de traços bem definidos e expressão séria. — Japonesa?— Sim. — Tomás confirmou. — Verifiquei o histórico dela. A mãe é natural do País Z, a família não tem muitos
Mônica estava entediada. Pegou o celular e começou a assistir um vídeo que tinha baixado. O filme estava pela metade quando a SUV entrou em uma estrada mais irregular, fazendo o veículo balançar de um lado para o outro.O balanço monótono somado ao cansaço acabou vencendo. Mônica piscava devagar, tentando manter os olhos abertos, mas não resistiu e adormeceu. O celular escorregou de suas mãos, e, com os solavancos do carro, seu corpo inclinou para o lado de Rubem. Rubem, que acabara de revisar um documento no notebook, sentiu um peso no ombro. Quando olhou, viu que Mônica havia caído no sono e estava encostada nele. Ele apertou os lábios, sem esboçar expressão. Com cuidado, usou a mão para mover a cabeça dela de volta para o encosto do banco. Mas bastou mais uma curva e, dessa vez, o corpo dela tombou direto sobre sua perna. Mônica, completamente alheia ao que estava acontecendo, apenas se ajeitou, procurando uma posição confortável para continuar dormindo. Com a cabeça apoiada n
Bruno estava em uma posição infeliz, bem no campo de visão de Rubem, que havia enfiado a cabeça para fora da SUV. O rosto sério e o olhar cortante do chefe fizeram um calafrio percorrer a espinha do segurança. — Boa tarde, Sr. Rubem! — Bruno cumprimentou, tentando disfarçar o nervosismo. Rubem respondeu com um simples e seco: — Terminem logo e voltem para o carro. Vai chover em breve. — Chover? Com esse céu limpo? — Mônica murmurou, levantando a cabeça para observar o céu azul. Mesmo assim, não se prolongou na conversa com Bruno, apenas guardou o pequeno cofre no porta-malas. Bruno também subiu na SUV, mas continuou encarando o carro da frente, intrigado. Coçando a cabeça, resmungou: — Será que o Sr. Rubem está de mau humor? As oito SUVs seguiram pela estrada de terra, levantando uma nuvem de poeira que parecia uma serpente gigante. O céu, antes limpo e ensolarado, escureceu repentinamente, e, em poucos minutos, uma chuva torrencial começou a cair. Mônica olhava pela ja
— Eu vou com ela. Você fica aqui e cuida dos outros. — Rubem pegou a roupa das mãos de Bruno, falando com tranquilidade. — Sua aparência é muito... Intimidadora. Pode assustar as pessoas. — Eu? Sério? — Bruno coçou a cabeça, parecendo genuinamente ofendido. Mônica, que já estava preparada para ir sozinha, ficou surpresa ao ver que Bruno fora substituído por Rubem. Por um momento, sua mente ficou confusa. — Sr. Rubem, eu posso ir sozinha. Não tem necessidade de incomodar o senhor com algo tão simples... — Se fosse incômodo, eu não teria vindo pessoalmente. — Rubem a interrompeu, com um tom direto e irrefutável. A roupa masculina típica que ele iria vestir exigia que tirasse a camisa social. Sem hesitar, Rubem começou a desabotoar os botões, um por um. Logo, seu pescoço e a clavícula começaram a aparecer, uma visão marcante, que exalava uma sensualidade natural e despreocupada. Quando chegou ao quarto botão, ele parou e levantou os olhos na direção de Mônica. Ela, distraída