Aiden levou Selene diretamente para sua casa, mas não a que seria deles no futuro — não, ele a levou para a grande mansão de seu clã. A construção imponente, feita de pedra escura e madeira refinada, ergueu-se diante deles, com colunas majestosas e janelas altas, como um castelo antigo. O brasão da família Vasquez adornava a entrada, uma lembrança clara do poder e prestígio daquele lugar.Ao cruzarem as portas, Selene foi rapidamente cercada pelas servas da casa, que a levaram quase à força para um dos amplos banheiros. Ela mal teve tempo de protestar antes de ser despida e colocada em uma grande banheira de mármore cheia de água quente e ervas perfumadas. As mulheres lavaram seus cabelos, esfregaram sua pele e, sem lhe dar escolha, vestiram-na com uma camisola fina e confortável, antes de pentearem seus cabelos com cuidado.Selene revirou os olhos diante de tanto zelo. Por mais que estivesse exausta, sentia-se perfeitamente capaz de fazer tudo aquilo sozinha.Quando finalmente foi co
Selene finalmente parou de resistir. Não fazia mais sentido continuar procurando um plano mirabolante escondido atrás da bondade de Aiden. Ela simplesmente aceitou. Nunca fora tratada daquela forma, com tanta consideração e paciência, e não podia negar que aquilo aquecia seu peito de um jeito estranho. Talvez fosse fácil de se impressionar porque nunca havia recebido nada parecido antes. O fato era que, naquela tarde, quando Aiden a convidou para um passeio, ela aceitou sem hesitação. Iriam visitar amigos dele, e, pela primeira vez desde que chegara ao clã Vasquez, Selene sentiu que podia simplesmente aproveitar o momento, sem desconfiança ou resistência.Enquanto isso, na mansão do clã de Darius, o próprio ainda estava trancado no quarto do pânico. O silêncio denso do lugar se tornara sua única companhia nos últimos dias. Seu corpo estava fraco, os músculos exaustos pela privação de comida e água, e sua mente fervilhava em tumulto. Darius nunca se sentira tão inútil, tão envergonhado
Aiden tinha dezessete anos quando seu pai começou a prepará-lo para o papel de alfa. O treinamento era intenso, não apenas no combate e nas estratégias de guerra, mas na liderança. Seu pai não era um governante cruel—pelo contrário. Vasquez carregava respeito não só entre os lobos, mas também entre os humanos, apesar de não reconhecê-lo pelo clã, mas por seus atos.Naquele dia em particular, ele acompanhava o pai à Cidade Baixa. Era um lugar miserável aos olhos de muitos, mas para seu pai, era uma responsabilidade. Ele havia fundado o orfanato para humanas e era a mente por trás do auxílio-humano, um programa que oferecia abrigo, comida e segurança para aqueles que não pertenciam ao mundo dos lobos.— Quando eu me for, tudo isso será seu para gerenciar, Aiden — seu pai dissera enquanto caminhavam pelos becos estreitos. — Os fortes não são aqueles que apenas impõem medo, mas os que garantem que até os fracos possam viver com dignidade.Aiden assentiu, absorvendo as palavras. Ele respei
Selene puxou o capuz para cobrir os cabelos enquanto andava apressada pelas vielas estreitas da Cidade Baixa. O ar cheirava a fuligem e ao suor das pessoas que trabalhavam sem descanso. Ali, o sol parecia nunca brilhar de verdade, e as sombras dos altos muros da Cidade Alta lançavam um lembrete constante de onde ela e todos os humanos pertenciam: abaixo.A taberna Luar Pálido era seu destino. Trabalhava lá há meses, limpando mesas e servindo clientes. O dono, um velho rabugento chamado Boris, nunca a tratara bem, mas o pagamento era suficiente para manter o teto sobre sua cabeça e algo para comer.Assim que entrou, Selene foi recebida pelo burburinho das conversas. Híbridos de lobo dominavam a maioria das mesas. A Cidade Alta ficava logo além dos muros, e muitos dos que passavam pela taberna iam em direção à Academia Lupiére — um lugar reservado apenas para mulheres-lobo de linhagem pura.— Chegando tarde de novo? — rosnou Boris do balcão.— Sim, senhor — respondeu Selene, abaixando a
O dia da admissão na Academia Lupiére finalmente chegou. Selene, agora Selene Arctos, estava diante do imponente portão de ferro que separava a Cidade Baixa da Cidade Alta. O brasão da Academia, uma lua crescente envolta por um lobo, brilhava no metal negro, refletindo a luz do sol nascente.Ela vestia um vestido simples, mas elegante, e mantinha o capuz erguido para esconder parcialmente as orelhas falsas. Seu coração batia acelerado, mas ela sabia que não podia vacilar.— Documentos? — pediu o guarda híbrido que vigiava o portão.Selene entregou o envelope lacrado. O guarda abriu, analisou o conteúdo e cheirou o papel, como se esperasse identificar algum cheiro humano. Selene conteve a respiração.— Selene Arctos? — perguntou ele, olhando-a de cima a baixo.— Sim.O guarda assentiu e abriu o portão.— Bem-vinda à Cidade Alta. A cerimônia de admissão começa ao pôr do sol.Selene entrou, sentindo o peso do portão se fechando atrás dela. Era isso. Estava dentro.As ruas da Cidade Alta
O primeiro dia de lições havia começado, e Selene estava determinada a se manter discreta. Cada aula era um teste constante de postura, comportamento e controle. A Academia Lupiére não era um lugar de aprendizado comum — era um campo minado, onde qualquer deslize poderia custar caro.Logo pela manhã, Madame Irina reuniu as jovens no salão principal.— A essência de uma Luna não está apenas em sua beleza ou graciosidade. Está em sua capacidade de observar, adaptar-se e sobreviver. Hoje, iniciaremos o treinamento de estratégia e dissimulação.Selene sentiu os olhares das outras jovens sobre si — algumas curiosas, outras desconfiadas. Mas foi um par de olhos em particular que a fez estremecer.Darius Thornheart estava encostado em uma das colunas do salão, os braços cruzados, observando cada movimento. Ele parecia desinteressado, mas Selene sabia que era apenas fachada.Madame Irina continuou:— Uma Luna deve ser capaz de manipular as percepções ao seu redor, convencer um oponente e se p
Os dias de teste na Academia Lupiére foram intensos. Selene enfrentou provas físicas exaustivas, treinamentos estratégicos e desafios que exigiam controle absoluto sobre seus instintos. Cada etapa parecia projetada para expor fraquezas, mas ela se recusou a falhar. Com determinação e inteligência, passou por todas as avaliações, surpreendendo até os mais céticos.Quando o último teste chegou ao fim, Selene recebeu seu uniforme oficial da academia. Agora, vestida como uma verdadeira aprendiz de Luna, ela se juntava às demais alunas nas aulas rigorosas de liderança, estratégia e combate. O perigo de ser descoberta ainda rondava seus pensamentos, mas, por enquanto, ela estava dentro.Em seu primeiro dia como aluna oficial, a manhã começou como qualquer outra. Selene se esforçava para acompanhar a aula de etiqueta enquanto Madame Megan corrigia a postura das alunas com um olhar afiado.— Coloquem-se como Lunas. Não há espaço para hesitação ou dúvida.Selene ergueu o queixo, ajustando-se
Selene despertou com a cabeça latejando e o corpo pesado, como se tivesse sido atropelada por uma carruagem. Sua pele ardia, especialmente o braço esquerdo, onde sentia uma dor latejante. Quando tentou se mexer, soltou um gemido baixo.— Senhorita Arctos? — chamou uma voz feminina, suave, porém insistente.Selene piscou algumas vezes até focar na mulher de uniforme da Academia, que a observava com uma mistura de impaciência e preocupação.— Levante-se. A senhora Irina e o senhor Thornheart estão esperando. É hora do exame.O coração de Selene acelerou. O exame de sangue.Ela se arrastou para fora da cama, percebendo que ainda usava a mesma roupa da noite anterior. O frasco de feromônio agora vazio estava em sua bolsa. O que eu fiz? Pensou. Sentia o corpo quente, como se estivesse febril, e cada passo parecia pesado.A funcionária a guiou pelos corredores silenciosos até o laboratório da Academia. Selene tentou ignorar o cheiro doce que exalava de si mesma, mas a intensidade do aroma e