Bryan vacilou. Até aquele momento, não podia dizer que era sua amiga… por outro lado, Bella queria retrucar que ele era apenas um stalker sem noção que a incomodava, mas não o fez. Se dissesse isso, a outra garota perceberia o quão frustrada Bella ficou por vê-los juntos.— Não sou o seu amor! — Ele rebateu, encarando Karen.— Com licença! — Bella olhou para o pulso que ele ainda segurava. — Estou atrasada para minha aula.A mão dele não afrouxou. Ao invés de deixá-la ir, ele entrou no prédio, levando-a consigo.Bella revirou os olhos, mas o seu corpo cedeu a um reflexo totalmente inesperado para aquele momento: sentiu-se levemente excitada com o pensamento de que ele a levaria para alguma sala onde a beijaria selvagemente, como naqueles filmes de romances. Infelizmente, a garota que insistia em segui-lo tornava a sua fantasia impossível.— Vamos conversar! — Qual a parte do “estou atrasada” que você não compreendeu? — Disse ela, irritada. — Você é bonitinha, mas é muito mal-humorada
O sol da tarde californiana aquecia o campus da UCLA, mas o clima entre os três parecia mais frio do que nunca. Bella ajeitou a alça da blusa no ombro enquanto olhava de relance para Bryan. Ele estava com os punhos cerrados e os músculos da mandíbula bem visíveis. Mesmo tentando disfarçar, era impossível ignorar sua expressão rígida enquanto seguia os seus passos. — Só vamos tomar um café, amigo! — comentou Harry, com um sorriso debochado que apenas intensificava a irritação no semblante de Bryan. — Vamos. — Bella respondeu, puxando Harry pelo braço. Sem dizer mais nada, Bryan continuou atrás deles em passos apressados. A tensão em seus ombros era evidente, como se cada músculo estivesse se preparando para se meter numa briga pela donzela. Ele ignorava os olhares curiosos de alguns alunos que passavam. Sua atenção estava fixa na dupla à frente. Chegaram ao Kerckhoff Coffeehouse, um refúgio de cores quentes e aroma de café recém-passado. O ambiente estava movimentado, com estuda
— Bom, a conversa está ótima, — Harry aproveitou a oportunidade para encerrar o assunto — mas eu e Bella temos coisas para fazer. — Ele se levantou, estendendo a mão para ela. — Posso saber para onde vão? — Bryan esquadrinhou os dois. — O Harry vai me apresentar ao Campus e depois, ele vai me levar para conhecer o dormitório dele… — mencionou com intuito de provocar Bryan. — Vamos? — perguntou Harry, enquanto Bella pegava a bolsa. Os olhos de Bryan ficaram mais apertados e rígidos ao ver o amigo abraçando a garota que deveria estar sob a proteção dele. Pondo-se de pé, ela deixou a mesa e sequer olhou para trás. Bryan ficou sentado, dando uma encarada hostil para as costas dos dois que saíram da cafeteria. Apoiando o cotovelo sobre a mesa, ele abria e fechava a mão na frente do rosto com a mandíbula apertada. Olhando para trás, ela esperava ver Bryan, mas desta vez, ele não apareceu. Harry estava levando-a para um local que ela não conhecia. — Para onde estamos indo? — Desconfi
Depois que deixou a cafeteria, Bryan tentou não pensar no que acontecia entre Harry e Bella. Estava imerso em seus próprios pensamentos, planejando a rotina de treino, quando ouviu passos rápidos aproximando-se por trás.— Cadê a garota? — indagou um homem, surgindo ao lado dele. Era robusto, vestido com um uniforme de segurança que mal disfarçava a postura autoritária.— Não posso cuidar da filha do seu chefe agora, estou indo para o treino. — Sua voz soava ríspida, quase desdenhosa.Bryan virou a cabeça apenas o suficiente para olhar de soslaio. O homem não parecia disposto a deixá-lo em paz.— O chefe está te ligando… — mencionou, com o tom carregado de exigência.— Por quê?— A filha dele não está atendendo o telefone. Bryan parou abruptamente, girando sobre os calcanhares para encarar o capanga do senhor Gambino. Seus olhos brilhavam de irritação. Tinha tentando cuidar dela, mas não podia negar que estava zangado porque a garota fez questão de sair com seu amigo e desprezá-lo o
Instintivamente, Bryan estancou, seus olhos varreram o ambiente em busca da origem do ruído. Ele se virou abruptamente e agarrou a gola da camisa azul de Harry.— Que barulho foi esse? — A pergunta cortou o ar pesado.Com um sorriso, Harry ergueu as mãos como quem não quer problema. — Deve ter sido o vento que derrubou alguma coisa — redarguiu, mas havia algo em seu tom que não convencia.Bryan juntou as sobrancelhas e olhou em direção ao quarto. A inquietação o corroía por dentro, e um instinto primal o fazia sentir que algo estava errado. Sem pensar duas vezes, ele empurrou Harry para o lado, o gesto brusco fazendo o outro cambalear, e deu um chute na porta.— Bella! — ele exclamou ao encontrar a cena que o fez congelar por um instante.A jovem estava amarrada à cama, os olhos marejados de pavor e um pedaço de tecido abafando sua voz. A meia suja foi arrancada de sua boca com pressa enquanto Bryan se ajoelhava ao lado dela, o olhar fixando-se na marca avermelhada de uma mordida em s
Bryan estava sentado em uma cadeira desconfortável no canto da sala, sob a luz fria e direta de uma luminária. As paredes sem adornos pareciam esmagá-lo, intensificando a pressão crescente em seu peito. Ele olhou para as mãos, que ainda tremiam levemente, e tentou controlar a respiração, mas sua mente insistia em repetir os eventos que o levaram até ali.A porta se abriu com um ranger, e um policial de meia-idade entrou. Seus olhos eram astutos, como se já tivessem visto todas as versões possíveis de histórias mal contadas. Ele colocou um gravador na mesa e sentou-se com um ar calculado de superioridade.— Bryan, certo? — começou o policial, cruzando os braços sobre a mesa. — Sou o policial Smith e, antes de te levar para a delegacia, quero esclarecer as coisas. Por que você atacou Harry Velentzas?— Não tive escolha. — Tentou alinhar as palavras, mas tudo saiu em um tom apressado e nervoso. — O Harry estava machucando Bella. Eu… eu precisava impedir.O policial inclinou-se para frente
O corredor estava envolto em um silêncio, apenas interrompido pelo som compassado dos passos de Harrison Giordano. Kevin ia de um lado para o outro à medida que os pensamentos mergulhavam em uma lembrança que o fazia apertar os olhos de maneira quase involuntária. Ele se recordava do garotinho frágil e pálido lutando pela vida, enquanto estendia o braço para doar uma fração de si para salvar o primogênito. Anos depois, ele estava diante da possibilidade de ver o filho perder a liberdade. Novamente, Kevin sentia o peso de um pai desesperado. Ao longe, Justine observava o marido inquieto até que a sua atenção desviou-se para um homem alto e imponente entrar em seu campo de visão. Era impossível não notar Eros Velentzas. Ele parecia ter saído diretamente de um quadro clássico, com a pele naturalmente bronzeada e os traços marcadamente gregos. Os músculos sob a camisa bem ajustada sugeriam um homem acostumado à luta e ao esforço físico. Com quase dois metros de altura e uma postura impecá
Enquanto isso, o campus fervilhava com boatos. Em questão de horas, vídeos da agressão entre Bryan e Harry circularam pelos grupos de mensagens e redes sociais. As imagens, ainda que desfocadas e sem áudio claro, mostravam Bryan desferindo socos com raiva contida, enquanto Harry tentava se defender de maneira desajeitada. Estudantes se dividiam em opiniões polarizadas: alguns condenavam Bryan pela violência, enquanto outros acreditavam que ele agiu por razões justificáveis para defender uma garota. Ao sair do andar da reitoria, Bella sentia o peso de cada olhar e cochichos. — Ouvi dizer que ele era violento desde o colégio. — Uma garota comentava com um tom de superioridade. — Não acredito nisso. Bryan nunca faria algo assim sem motivo. — Outro retrucava, soando mais como uma prece do que como convicção. Bella apertou as mãos sobre a alça da bolsa, o maxilar travado enquanto os pensamentos borbulhavam. Sentia-se impotente. O pior veio quando recebeu uma mensagem em seu celular: um