Instintivamente, Bryan estancou, seus olhos varreram o ambiente em busca da origem do ruído. Ele se virou abruptamente e agarrou a gola da camisa azul de Harry.— Que barulho foi esse? — A pergunta cortou o ar pesado.Com um sorriso, Harry ergueu as mãos como quem não quer problema. — Deve ter sido o vento que derrubou alguma coisa — redarguiu, mas havia algo em seu tom que não convencia.Bryan juntou as sobrancelhas e olhou em direção ao quarto. A inquietação o corroía por dentro, e um instinto primal o fazia sentir que algo estava errado. Sem pensar duas vezes, ele empurrou Harry para o lado, o gesto brusco fazendo o outro cambalear, e deu um chute na porta.— Bella! — ele exclamou ao encontrar a cena que o fez congelar por um instante.A jovem estava amarrada à cama, os olhos marejados de pavor e um pedaço de tecido abafando sua voz. A meia suja foi arrancada de sua boca com pressa enquanto Bryan se ajoelhava ao lado dela, o olhar fixando-se na marca avermelhada de uma mordida em s
Bryan estava sentado em uma cadeira desconfortável no canto da sala, sob a luz fria e direta de uma luminária. As paredes sem adornos pareciam esmagá-lo, intensificando a pressão crescente em seu peito. Ele olhou para as mãos, que ainda tremiam levemente, e tentou controlar a respiração, mas sua mente insistia em repetir os eventos que o levaram até ali.A porta se abriu com um ranger, e um policial de meia-idade entrou. Seus olhos eram astutos, como se já tivessem visto todas as versões possíveis de histórias mal contadas. Ele colocou um gravador na mesa e sentou-se com um ar calculado de superioridade.— Bryan, certo? — começou o policial, cruzando os braços sobre a mesa. — Sou o policial Smith e, antes de te levar para a delegacia, quero esclarecer as coisas. Por que você atacou Harry Velentzas?— Não tive escolha. — Tentou alinhar as palavras, mas tudo saiu em um tom apressado e nervoso. — O Harry estava machucando Bella. Eu… eu precisava impedir.O policial inclinou-se para frente
O corredor estava envolto em um silêncio, apenas interrompido pelo som compassado dos passos de Harrison Giordano. Kevin ia de um lado para o outro à medida que os pensamentos mergulhavam em uma lembrança que o fazia apertar os olhos de maneira quase involuntária. Ele se recordava do garotinho frágil e pálido lutando pela vida, enquanto estendia o braço para doar uma fração de si para salvar o primogênito. Anos depois, ele estava diante da possibilidade de ver o filho perder a liberdade. Novamente, Kevin sentia o peso de um pai desesperado. Ao longe, Justine observava o marido inquieto até que a sua atenção desviou-se para um homem alto e imponente entrar em seu campo de visão. Era impossível não notar Eros Velentzas. Ele parecia ter saído diretamente de um quadro clássico, com a pele naturalmente bronzeada e os traços marcadamente gregos. Os músculos sob a camisa bem ajustada sugeriam um homem acostumado à luta e ao esforço físico. Com quase dois metros de altura e uma postura impecá
Enquanto isso, o campus fervilhava com boatos. Em questão de horas, vídeos da agressão entre Bryan e Harry circularam pelos grupos de mensagens e redes sociais. As imagens, ainda que desfocadas e sem áudio claro, mostravam Bryan desferindo socos com raiva contida, enquanto Harry tentava se defender de maneira desajeitada. Estudantes se dividiam em opiniões polarizadas: alguns condenavam Bryan pela violência, enquanto outros acreditavam que ele agiu por razões justificáveis para defender uma garota. Ao sair do andar da reitoria, Bella sentia o peso de cada olhar e cochichos. — Ouvi dizer que ele era violento desde o colégio. — Uma garota comentava com um tom de superioridade. — Não acredito nisso. Bryan nunca faria algo assim sem motivo. — Outro retrucava, soando mais como uma prece do que como convicção. Bella apertou as mãos sobre a alça da bolsa, o maxilar travado enquanto os pensamentos borbulhavam. Sentia-se impotente. O pior veio quando recebeu uma mensagem em seu celular: um
De volta ao campus, os rumores continuavam a se espalhar como fogo em palha seca. Grupos de estudantes debatiam acaloradamente nos corredores e praças. Alguns mostravam apoio incondicional a Bryan, citando sua reputação como alguém íntegro e leal. Outros se deixavam levar pelas acusações e o julgavam culpado antes mesmo de qualquer conclusão oficial. Depois de uma semana, Bella vagava pelo campus como uma sombra. A pressão sobre ela era esmagadora. Sentia-se dividida entre a lealdade a Bryan e a crescente percepção pública de que ela era culpada por tudo o que acontecia.— Foi por causa dela que ele se meteu nessa enrascada… — uma garota acusou.— Coitado do Harry… — outra falou. — Ele é um cara tão legal. Cansada de ouvir os burburinhos por onde passava, Bella foi embora. No meio do caminho, ela olhou para o guarda-costas que dirigia.— Leve-me para casa da Família Harrison Giordano.— Devia ir para casa, senhorita. O seu pai não vai gostar disso.— Faça o que mandei, depois eu me
Decidida a ajudá-lo. Bella secou as lágrimas e correu atrás de Bryan. Com as suas passadas longas e descompromissadas, ele se afastava do jardim.— Espere... — A voz feminina ecoou.Bryan não diminuiu o ritmo. Enfiou as mãos nos bolsos da calça e apenas manteve o olhar fixo na trilha de pedras à sua frente. Com um jeans ajustado e um suéter confortável, dava-lhe a liberdade necessária para não tropeçar, como aconteceu anteriormente, quando usava saltos altos.— Vá embora! — Ordenou ele, sem sequer olhar para trás.— Você não pode desistir dos seus sonhos.Bryan parou abruptamente e se empertigou antes que ela o alcançasse.— Você quer construir sua carreira no futebol e vai desistir no primeiro obstáculo? — Inquiriu ela.Dando um passo à frente, inclinou o rosto, permitindo que seus olhos claros se fixassem nos dela.— Não tenho mais o que fazer neste país. — A resposta de Bryan veio repleta de hostilidade. — É melhor você voltar para a sua casa. — Comentou, apontando para o céu ond
Bryan entrou no quarto, batendo a porta com força, o som ecoando pelas paredes como uma declaração de sua raiva. Ele moveu a mão para girar a chave, mas foi interrompido pela presença de Kevin, que entrou logo atrás. O pai avançou, mas sem o mesmo furor que emanava do filho. Ele parou junto à porta, observando Bryan por um momento, enquanto este permanecia de costas, os ombros tensos, encarando a janela com uma intensidade que sugeria que o mundo lá fora estava desmoronando.— Sai daqui, pai. Eu não quero falar com você — proferiu Bryan, deixando óbvio a sua cólera.Kevin não se moveu. Ele fechou a porta calmamente. Seus ombros estavam ligeiramente curvados, e ele soltou um suspiro pesado ao se dirigir à cama. Sentou-se lentamente, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos. Seus olhos caíram para o chão por um instante, enquanto passava uma das mãos pelo rosto em um gesto exausto, como se precisasse ordenar os pensamentos antes de falar. Passou as mãos pelo rosto, como
Bella subiu as escadas e cada passo era mais lento que o anterior. A exaustão emocional era evidente em seus movimentos. Sua intenção era simples: chegar ao quarto e desabar em lágrimas. Contudo, ao atravessar o corredor, vozes alteradas emanaram do escritório no segundo andar, prendendo sua atenção. Ela reconheceu de imediato a voz exasperada da mãe. — Você não pode simplesmente decidir que ela vai ficar aqui, Lorenzo! — protestou Marie, sua voz subindo e caindo com a intensidade de sua indignação. — Bella tem o direito de escolher o que quer para o futuro dela! — Não enquanto eu puder evitar — respondeu Lorenzo, com uma fúria que fazia suas palavras ricochetearem nas paredes. — Você sabe o que aconteceu na Itália, Marie. É perigoso! — Ela não pode viver presa nesta mansão. Um dia, você terá que deixá-la ir. Ao ouvir a discussão dos pais, Bella sentiu um frio percorrer sua espinha. Seu coração disparou enquanto ela se aproximava da porta, posicionando-se ao lado da soleira. Encost