A noite em Lyon era fria, e Bryan avançava pelas ruas de paralelepípedos com pressa, sentindo seu coração pulsar forte no peito. Após dias de buscas incansáveis, conseguiu acesso às imagens das câmeras do hotel onde ela havia se hospedado. Sentado diante da tela, acompanhou cada segundo das imagens até que, enfim, viu a Bella passando pelo saguão do hotel com uma pequena mala. Os seus olhos varriam o entorno com a precisão de quem não podia perder um único detalhe até que ele a viu entrando em um táxi e, sem perder tempo, apanhou o celular e tocou em um de seus contatos na tela brilhante. — Localizem esse motorista — ordenou, sem desviar os olhos do vídeo. — Sim, senhor! — Respondeu o funcionário meticuloso e eficiente. O rastreamento da placa do carro foi rápido e eficaz. Meia hora depois, Bryan já estava diante do taxista. — Você viu essa mulher? — Virou a tela do celular para mostrar a foto de Bella. — Não posso dar informações sobre passageiros. — Relutante, o homem de meia-
Do outro lado do balcão do hospital, a recepcionista conversava distraidamente com o doutor Alex, que revisava algumas fichas de pacientes. O clima era tranquilo, até que o homem pigarreou, chamando a atenção dos dois. — Com licença. Estou procurando por esta mulher. — Ele colocou a foto sobre o balcão. — O nome dela é Bella Gambino. Ela esteve por aqui recentemente? O Doutor Alex ergueu os olhos. As suas pupilas dilataram no instante em que viu a imagem. Um arrepio subiu por sua nuca, e ele sentiu o coração acelerar como se tivesse sido pego de surpresa por um fantasma. Ele a reconheceu na mesma hora. Aquela era a garota que estava em sua casa. “O que aquele homem queria com a Sophia? Ou melhor… Bella? Será que aquele era o verdadeiro nome dela?” O médico continuou a se questionar. A recepcionista lançou um olhar confuso para o doutor Alex antes de responder. — Não, não vi essa mulher por aqui. — Sua resposta não era exatamente uma mentira, já que naquele dia ela não estava de
Bella engoliu em seco, sentindo o rosto esquentar ao vislumbrar o físico do doutor Alex, que, envolto apenas por uma toalha, exibia músculos definidos e gotas de água escorrendo pela pele alva.— Entre, Sophia… — Ele pronunciou o nome dela num tom zombeteiro.— Trouxe a sua sopa! — Bella anunciou, esforçando-se para manter a compostura.Alex se afastou um passo, permitindo sua entrada. Cauteloso, ele pegou a bandeja e a colocou sobre a escrivaninha. Em seguida, indicou a poltrona ao lado da cama com um gesto de mão.— Por favor, sente-se. Temos que conversar. — Seu tom ficou mais sério.— Aconteceu alguma coisa? — Questionou, receosa, enquanto ajeitava os cabelos atrás da orelha.— Hoje, um homem mostrou a sua foto para a recepcionista durante o plantão… Ele disse que seu nome verdadeiro é Bella Gambino. — Alex revelou se firulas.O corpo da jovem ficou rígido, e a cor fugiu de seu rosto e os seus olhos estavam arregalados.— Ah, então é verdade! — Ele levou a mão à nuca, analisando-a
— O que estava fazendo na casa daquele médico, Bella? — Ele vociferou. — Não te interessa… — rebateu sem qualquer sutileza. — Pare esse carro. — Trocou olhares com o motorista pelo retrovisor. Contudo, Bryan negou com a cabeça e isso foi o suficiente para o condutor seguir o caminho. — Não vou voltar para Itália! — Exasperada, gritou. — Quem disse que vamos para lá? — Ergueu uma sobrancelha. — Você ainda não me contou o que estava fazendo com aquele imbecil. Bella engoliu em seco. Mesmo que por poucos dias, Alex lhe trouxe uma sensação de segurança que ficava cada vez mais distante. — O doutor Alex foi um homem gentil que me socorreu no dia em que tive um mal-estar e me acolheu. A risada irônica de Bryan preencheu o interior do carro, e seu olhar se tornou mais afiado. — Vocês transaram? O impacto da pergunta fez Bella engasgar. Ela se virou para ele e franziu o cenho. — Não te devo satisfações. Bryan soltou um suspiro, passando a língua pelos dentes, visivelmente irritado.
— Por favor, deixe-me ir! — A voz dela tremia entre soluços.— Vem cá. — Inclinando-se, ele a tomou nos braços.Algumas pessoas pararam para observar. Murmúrios se espalharam pela pequena multidão curiosa.— Vamos sair daqui.Os hormônios da gravidez mexiam com Bella. Ela passou os braços pelo pescoço forte de Bryan, onde escondeu o rosto enquanto era carregada.Alguns transeuntes sussurravam entre si, enquanto outros apenas lançavam olhares rápidos. Sentia seu coração acelerado contra o próprio peito enquanto ela escondia o rosto em seu pescoço. A fragilidade dela o desestabilizava, mas ele permaneceu em silêncio, concentrado em levá-la para casa.A propriedade surgiu à frente como um refúgio seguro. Aquela casa elegante era cercada por altos ciprestes e possuía janelas amplas que deixavam a luz suave penetrar no interior. O terraço espaçoso tinha uma vista para um jardim bem cuidado e uma jacuzzi convidativa que reforça a sensação de acolhimento. Ao cruzar a porta, ele andou pela es
Pela madrugada, Bella despertou em um quarto confortável. Ela abriu mais os olhos para tentar se habituar à escuridão. Ao virar-se, viu a silhueta de um homem alto com as mãos enfiadas no bolso da calça enquanto olhava pela janela. — Você não dorme? — A voz embargada pelo sono perguntou. — Insônia… — a voz grave sussurrou a resposta. — É por causa daquela garota que morreu? Estreitando o olhar, Bella avistou o rosto da garota que tinha acabado de acender a luz do abajur. Embora não pudesse apagar a memória de Alice desfalecendo nos braços naquele bar em Giambellino, ele ainda estava preocupado com um possível ataque de Don Gambino para recuperar a filha. — Alice foi uma grande amiga e morreu por minha causa! — Ele girou sob os calcanhares e focou no rosto da jovem com cabelos desgrenhados. — Vocês transavam, então, ela era bem mais que uma amiga. — Bella ousou tecer o comentário. Os olhos dele se espremiam enquanto ponderava como ela sabia daquilo. — Não precisa mentir. Eu vi
— Você tem três minutos para ligar e avisar… — Ao dar o ultimato, Bryan estendeu a mão para entregar o celular.Meneando a cabeça, ela assentiu.— Pega a minha bolsa, por favor! — Apontou para a poltrona. — Os ferimentos estão latejando e eu mal consigo sair da cama.— Você só ralou os joelhos.— Mas estão doloridos. — Manhosamente, ela resmungou.Após trazer a bolsa, Bryan observou quando a mão esguia de Bella tirou o cartão da bolsa. Espremendo os olhos, ficou vigiando a tela do celular conforme ela digitava o número do médico.Ela aproximou o aparelho do ouvido conforme esperava a chamada ser atendida. No quinto toque, ela escutou uma mensagem gravada na secretária eletrônica: “Aqui é o Doutor Alex Bittencourt. No momento, não posso atender. Deixe o seu recado. Responderei em breve!”— Aqui é a Bella. Desculpe sair daquela maneira. Estou bem e segura. Doutor Alex, tome cuidado e evite voltar para casa. Tem uma pessoa me perseguindo e provavelmente vai até a sua casa. Tome cuidado!
— Minha filha, pegue suas coisas ou vou estourar os miolos desse imbecil!O sangue fugiu do rosto da jovem, que parecia ter um déjà vu. Don Gambino quase o matou da última vez. Não hesitaria em fazer naquele momento.— Atira! — Enfurecido, Bryan deu um passo à frente, mas parou quando a garota mais baixa entrou no meio do caminho.— Por favor, pense no bebê… — ela levantou os olhos para Bryan e usou ambas as mãos para tocar o rosto que assumiu uma máscara sombria.— Não se meta. — Segurando os punhos dela, Bryan afastou as mãos de seu rosto. — Não vou fugir do seu pai como da última vez.— Caspita! Esse idiota nem acredita que esse bebê é dele… — Lorenzo alfinetou. — Saia do caminho, Bella.Don Gambino tinha escutado toda a conversa deles com o médico enquanto estava escondido do outro lado da cortina hospitalar durante a consulta.— Estou perdendo muito tempo, minha filha. Vamos logo… — O pai autoritário exigiu.— Não vou! — A garota de estatura mediana ficou na frente de Bryan. — Qu