AméliaO restaurante que ele escolheu para jantar não era o que ela esperava. Imaginou que ele escolheria um clássico restaurante francês, mas não foi assim.O táxi os deixou no Soho. Ele a levou para um edifício antigo, mas que tinha um ar vintage no térreo. A fachada anunciava um tradicional restaurante italiano.A mesa escolhida fica perto da janela. Amelia podia ver o trânsito, a rua molhada e as pessoas conversavam sorrindo entre si. A toalha da mesa era xadrez vermelho e branco, e o arranjo eram flores do campo semelhantes a margaridas.O cheiro das massas, queijo e molho despertou a fome. O estômago roncou barulhento.Ela olhou para Ícaro, envergonhada. O riso dele provocou surpresa. - No Giovanni”s todos sucumbem ao cheiro.- Veio aqui muitas vezes? – ela perguntou, pegando a taça de vinho que acabou de ser servida.- Sim. Meu pai costumava nos trazer aqui.- É a primeira vez que fala da sua família.- Não tem muito para dizer. – Os olhos prateados a encararam diretamente.
Suas mãos se fecharam. “Ela não está aqui. Não pode dizer ou fazer nada para me diminuir.” Pensou ela.- Amélia? – Ícaro chamou.- Minha mãe não me via como a filha que ela idealizou. Ela odiava ter uma filha gorda, completamente fora dos padroes. – soltou de uma vez.- Pela sua resposta, vocês não se davam bem.- Acho que ela não foi capaz de relevar meus defeitos. - O que quer dizer?- Ela queria uma filha perfeita. Uma copia de sua própria imagem, para ser moldada de acordo com sua vontade.- Imagino que ela foi tirana desde o início. - Sim. Ela não aceitava nada menos do que a perfeição. E eu, nunca fui o suficiente para sequer agradá-la.- Tomou a melhor decisão em cortá-la da sua vida. Ícaro fez uma cara de desgosto ao pronunciar aquela frase. Era como se ele soubesse como Leonora Rockfeller destruiu a autoestima da própria filha.O garçom chegou com os seus pedidos. Aumentando o tempo do silêncio sepulcral. Amélia olhou para o prato de raviolle a cogumelos flamba
Amélia levantou a taça para beber, mas se deu conta de que estava vazia. Os pratos foram retirados a alguns minutos, e um silêncio desconfortável pairava sobre eles.Queria se abrir e contar esse segredo que só ela sabia. Mas temia a reação dele. Entretanto sua consciência vinha pressionando seus princípios morais sobre isso.- Você está muito calada. – Ícaro verificou o celular, seus olhos atentos analisavam cada pequena expressão dela. – Por que não diz o que tanto te incomoda, pequena? - Por que você acha que quero dizer alguma coisa? – ela desconversou. Desviou o rosto de sua observação firme. Encarando a janela de novo. Um casal passeava abraçados, a mulher tinha o ventre avantajado, evidenciando uma gravidez. Será que ele queria ter filhos? E se ele quisesse? Como dizer a ele que se ficasse com ela, isso não poderia acontecer?!- Amélia. – ele chamou.Seus olhos se encontraram, ele parecia.... sereno. O que diabos estava acontecendo? Ele nunca olhou para ela assim.- Eu tenh
ÍcaroÍcaro achou que não tinha ouvido direito. Como era possível que ela estivesse falando em aborto. Ele foi o seu único homem, desde que a encontrou tem observado de perto o corpo dela. Ela não engravidou. Então...Da primeira vez...Se lembrava de procurar por ela na manhã seguinte. Depois que percebeu que foi abandonado, Ícaro guardou a máscara e reuniu a bagunça no quarto. Duas das seis camisinhas que usou, estavam rasgadas. - O preservativo.. ele.. – Amélia começou excitante.- Se rompeu. – Ícaro segurou o rosto dela com mais força. – Me diz o que aconteceu, esse suspense está me matando, porra!- Eu.. eu... – Amélia chorou ainda mais quando notou a frustração dele. Mas Ícaro não conseguia se controlar. Algo dentro dele dizia que uma coisa terrível aconteceu com Amélia por causa dessa gravidez. Um instinto assassino borbulhava a superfície.- Amélia, diga o que aconteceu!- Eu não sabia que estava grávida... e juro que não sabia... – ela explicou em uma voz dolorosa. – Não p
AméliaEla olhou para Ícaro com um brilho de raiva no rosto. Sentada no colo dele, usando somente a coleira e um cinto inusitado que penduravam correntes finas de ouro branco em seus mamilos.Se remexeu, tentando mostrar a ele o quanto queria ser liberada. Seus olhos se arregalaram, quando ele levou a mão entre as pernas dela. Movendo o espiral de silicone transparente dentro de sua buceta, para frente e para trás.Amélia fechou os olhos, os apertando com força. O tecido da calça dele ficou toda molhada novamente com seus fluidos pingando na coxa dele.- Acho que você pretende prolongar esse castigo, pequena. O tom da voz dele era tão profundo e autoritário. Ela sentiu sua pele se arrepiar, só com a voz dele. Em seguida, o calor de sua língua macia circundou o mamilo dolorido e endurecido.Sim. Ela estava em um castigo. Há várias horas ele a trouxe para o escritório de casa, e a colocou naquela posição, proibindo Amélia de falar ou se mexer. De tempos em tempos, ele provocava seu co
Ao chegar no estacionamento da Acrópole, ela verificou os todo o lugar, com medo de ser vista saindo daquele carro luxuoso. Não queria alimentar as fofocas sobre ela na empresa.Não fazia ideia do motivo das demissões de Daniela e suas seguidoras, mas poderia haver mais pessoas que estivessem interessadas em intimidá-la no ambiente de trabalho.Amélia conferiu mais uma vez, e saiu do carro. Pegou suas coisas e rumou para o elevador. Hoje Ícaro não estaria presente na holding, ele tinha várias reuniões em Santa Catarina. Antes de sair, eles fizeram amor mais vezes do que ela poderia contar.O relacionamento deles tinha essa dualidade que ela amava. Eles se perdiam no prazer das sessões de sexo, mas também dividiam a cama com momentos íntimos cheios de carinho e romance.Não se considerava uma mulher sensível a esse ponto, mas ele sabia como fazer ela se sentir feminina, apreciada, desejada. Ícaro falava de coisas nela que ninguém tinha notado.Ele conhecia suas manias e defeitos, ela p
VitórioO rastro da energia ruim de Alberto ficou em sua sala. Esse infeliz teve a audácia de usá-lo para prejudicar a nova garota de Ícaro. Ele não gostava da estagiária. Ela era calada demais e fingia que não sabia o que estava fazendo. Mas a ele, ela não enganava. Vitório sabia o quão capaz aquela menina era. Revisou cada passo que ela deu e cada detalhe das alterações feitas nos projetos por indicação dela.Amélia Bastos era sagaz e rebelde. Ela tinha um estilo único de criar e desenvolver as plantas. Um verdadeiro talento.Não gostava dela pelo simples fato de saber disso. Nesse momento, precisava mostrar a Ícaro toda a sua evolução e prova de fidelidade, mas aquela mulher, ela ofuscava tudo.Sem contar que ele temia que ela não passasse de uma interesseira. Ela era tão miserável que dirigia um fusca velho, se arrumava mal quando começou na Acrópole. Seu endereço era um bairro antigo que não tinha segurança alguma.Vitório imaginava que ela queria alcançar a fama e o dinheiro de
A jovem universitária olhou mais uma vez as pessoas entrando e saindo das lojas a sua volta. Hoje estava cheio, talvez fosse a véspera do feriado, todos pareciam estar procurando algo novo para comprar.Um casal de namorados passeava de mãos dadas, com a mochila nas costas e o uniforme da escola.A garota com um olha apaixonado, meio deslocada a lembrou de si mesma.O amor pode ser como uma chama sempre acesa, que aquece a gente nos momentos mais frios e solitários da vida. Mas também pode virar um fogo descontrolado, traiçoeiro, que consome tudo pela frente.Para Amélia, a desilusão por esse sentimento aconteceu cedo. A pouca idade não a impediu de se lançar ao precipício do amor, assim que conheceu o homem que julgou ser o amor de sua vida.A garota ofereceu o espeto de morango coberto de chocolate para que o rapaz desse uma mordida.Ela era tão jovem e inocente; igual a si mesma naquela época de colégio.Sempre imaginou que não se apaixonaria tão cedo, pois seus sonhos e objetivos