Ícaro A fenda da saia dela subiu um pouco mais, expondo a coxa grossa gostosa. Se pegou pensando em que efeito esse detalhe teria no seu assistente. As coisas estavam indo longe demais. O aviso que deu a Ticiano não foi levado em consideração. Ele continuava de papo com sua mulher, levando ela para tomar café no quinto andar, almoçando juntos quando Ícaro estava ocupado ou fora da holding. O garoto achava que podia ficar tão perto dela, quanto ele. - Onde estamos indo? – ela perguntou, pela terceira vez. Haviam pegado o caminho para o aeroporto a cerca de quinze minutos. Certamente ela entendeu para onde estavam indo. - Buscar o seu vestido. - Mas, onde? – ela perguntou se voltando. Seus movimentos expunham mais de seu corpo. Podia ver a renda da meia no alto de suas pernas, a cinta liga subindo insinuante. Ficou duro só de sentir o cheiro dela dentro do seu carro, e agora mais essa. - Por que você está tão calado? - Você não deveria ficar andando por aí com o meu a
Vitório As câmeras acompanhavam os movimentos de Lucila enquanto ela se alongava na posição de ioga, no estúdio de pilates que tinham em casa. A curvatura de seu corpo esguio, era tão elegante quanto um gracioso cisne. - Em qual merda você nos meteu dessa vez? Alberto entrou em seu escritório silenciosamente. Estava tão concentrado nas imagens que nem viu seu “irmãozinho” entrar. - Não do que você está falando. – Vitório fechou o computador pessoal. – Mas, muito me surpreende seu estado intempestivo. Você é um cara frio pra porra. - Estou falando sério! O que você fez?! – Alberto se aproximou da mesa dele. - Seja mais específico, irmãozinho. – Vitorio de inclinou contra o encosto da cadeira de couro caramelo. Não era surpresa para ninguém que Alberto, foi o que mais lutou para vetar sua presença de volta a diretoria da Acrópole. Mas isso pouco importava para Vitório. Estava nessa holding por um único objetivo, e ninguém ficaria no seu caminho. - Você fudeu com as neg
Amélia A primeira vez que esteve em Nova York, Amélia tinha apenas seis anos. Se lembrava de como ficou feliz ao saber que passariam o natal na casa do tio Erasmo. O irmão mais velho de seu pai, residia nesse país a mais de uma década na época. Mas todo o encanto de ver a neve e as luzes coloridas foi destruído completamente. Na noite da ceia mal pode tocar na comida, mais tarde foi pega atacando as sobremesas na geladeira, e Leonora acabou deixando-a trancada no quarto de hóspedes em que estava. Ninguém sentiu sua falta nas comemorações e passeios. Foi um dos dias mais tristes de sua vida. Ficou horas olhando a neve cair através da janela. Se lembrava de ver a família da casa da frente brincando na camada fofa e branca, as crianças riam atingindo seus pais com bolas de neve. Fantasiou que estava entre eles, imitando os movimentos das crianças até dormir no parapeito da janela. Amélia se levantou, tinha tirado um cochilo. Essa viagem repentina fez com que ela sonhasse co
- Noivado? – Amélia levantou os olhos para ele. – Está falando sério? - Muito sério. – ele a abraçou forte, beijando seus lábios. – Se você quiser, podemos fazer uma festa. Não achei que você gostaria de algo grandioso, por isso não preparei nada especial. - Esse anel...é .. é mais que especial. – ela abraçou, afundando as mãos nos cabelos dele. - Olha... não precisa pensar demais nisso. – Ícaro mordiscou o pescoço dela, logo abaixo da coleira de diamantes rosa. - Por que me deu um anel de noivado? – perguntou apreensiva. As pessoas ficavam noivas como uma forma de anunciar que logo se casariam. Eles não iriam se casar, portanto qual era a necessidade de um noivado? Por mais que este anel simbolize os sentimentos entre eles, ele não tinha um sentido prático. - Para que todos saibam que você é a minha mulher. - A coleira não foi o suficiente? - Ela tem outro significado. – ele abriu um botão da camisa dela, beijando o vale de seus seios. O arrepio eletrizante provoc
Ícaro O clima de Nova York era severo nessa época do ano. Havia providenciado roupas adequadas para Amélia. Ao lado dele, ela caminhava feliz como uma criança. Suas mãos enluvadas pegavam os flocos de neve que caiam do céu escuro. Com as botas, casaco e boina, ela estava perfeita. Uma mulher linda e elegante, digna de todos os luxos que ele poderia proporcionar. Assim que desembarcaram, Ícaro a levou para a Fifth Avenue, e dispensou o motorista. Por enquanto, eram pessoas comuns ali, livres de qualquer perseguição massiva da imprensa. Andar pelas calçadas úmidas segurando a mão dela, sentindo a vibração intensa dela a cada coisa que via que chamava sua atenção. Amélia não se encantava com roupas e artigos femininos glamourosos, ela achava divertido olhar as decorações de natal, os chapéus e gorros coloridos das pessoas. Seu sorriso era ofuscante quando falava com as pessoas, seu inglês era impecável. Amélia brincava com as crianças que deixavam seus pais loucos querendo toca
- Você deveria perguntar para ele. - Estou perguntando pra você, porra! - Ele não é confiável, Vitório é um traidor. – Alberto respondeu, depois de um tempo em silêncio. - Você vai me explicar essa história quando eu voltar. Não sou idiota. Icarro bebeu o restante do líquido borbulhante. Alberto e Vitório competiam entre si a vida toda, era como se não aceitassem o papel que tinham na família. Depois que Vitório cometeu aquele erro que quase faliu a empresa, Alberto desconfiava dele em todos os sentidos, e a hostilidade era aberta do irmão mais novo para o mais velho. Obviamente, Alberto estava escondendo alguma coisa. Talvez a raiva e a constante desconfiança tivessem um motivo mais profundo. Vitório foi o seu modelo de caráter por muito tempo. Ele o ensinou em muitas coisas, eram muito próximos e ligados no passado. Até que Ícaro se casou e Vitório assumiu a presidência. A confiança em seu irmão mais velho ainda era instável depois daquele incidente. Até hoje, não c
Amélia O restaurante que ele escolheu para jantar não era o que ela esperava. Imaginou que ele escolheria um clássico restaurante francês, mas não foi assim. O táxi os deixou no Soho. Ele a levou para um edifício antigo, mas que tinha um ar vintage no térreo. A fachada anunciava um tradicional restaurante italiano. A mesa escolhida fica perto da janela. Amelia podia ver o trânsito, a rua molhada e as pessoas conversavam sorrindo entre si. A toalha da mesa era xadrez vermelho e branco, e o arranjo eram flores do campo semelhantes a margaridas. O cheiro das massas, queijo e molho despertou a fome. O estômago roncou barulhento. Ela olhou para Ícaro, envergonhada. O riso dele provocou surpresa. - No Giovanni”s todos sucumbem ao cheiro. - Veio aqui muitas vezes? – ela perguntou, pegando a taça de vinho que acabou de ser servida. - Sim. Meu pai costumava nos trazer aqui. - É a primeira vez que fala da sua família. - Não tem muito para dizer. – Os olhos prateados a enc
Suas mãos se fecharam. “Ela não está aqui. Não pode dizer ou fazer nada para me diminuir.” Pensou ela. - Amélia? – Ícaro chamou. - Minha mãe não me via como a filha que ela idealizou. Ela odiava ter uma filha gorda, completamente fora dos padroes. – soltou de uma vez. - Pela sua resposta, vocês não se davam bem. - Acho que ela não foi capaz de relevar meus defeitos. - O que quer dizer? - Ela queria uma filha perfeita. Uma copia de sua própria imagem, para ser moldada de acordo com sua vontade. - Imagino que ela foi tirana desde o início. - Sim. Ela não aceitava nada menos do que a perfeição. E eu, nunca fui o suficiente para sequer agradá-la. - Tomou a melhor decisão em cortá-la da sua vida. Ícaro fez uma cara de desgosto ao pronunciar aquela frase. Era como se ele soubesse como Leonora Rockfeller destruiu a autoestima da própria filha. O garçom chegou com os seus pedidos. Aumentando o tempo do silêncio sepulcral. Amélia olhou para o prato de raviolle a cogumel