AméliaEla olhava para Ícaro completamente desconcertada. A mulher que foi tão cruel quanto o seu algoz era a esposa do homem que ela amava, a mesma que mandou assassiná-la.Astrid a envenenou duas vezes, mandou seu guarda-costas afogar Amélia repetidas vezes somente para vê-la lutando por sua vida. Pensando nesse episódio, agora fazia todo o sentido a maneira como ela mandou executar seu homicídio na banheira.Aquela mulher perversa sabia de seu pavor por sufocamento, e o quanto ficava desesperada.- Você viu a Astrid na mansão enquanto ainda estava lá? – Ícaro perguntou, desconfiado.- Não só vi como senti sua presença profundamente. – Amélia estremeceu contra o peito de Ícaro.- O que você quer dizer com isso? – ele puxou o ar com força. – Não me diga que aquela vadia fez alguma coisa com você?!- Infelizmente ela me odiava bastante. - O que ela fez com você, Amélia? – ele perguntou, com a mandíbula cerrada, que seu rosto era uma máscara de frieza.- Deixa isso pra lá, eu não que
ÍcaroO horizonte se tingiu de laranja, as nuvens manchadas de um tom de roxo e azul eram uma inegável obra de arte. Ele levou uma caneca de café fumegante aos lábios.Entendia porque Amélia pensou em refazer sua vida nesse lugar, era perfeito para criar raízes, ter filhos e vê-los crescendo e brincando na rua. Não era uma má ideia abandonar a cidade grande, mas infelizmente para ele esse não era um sonho possível.Um império dependia de sua direção, de seu comando firme e decidido. Ele era a mão de ferro que conduzia a Acrópole ao topo. O celular vibrava insistentemente, Alberto estava ligando desde muito cedo. As coisas em São Paulo estavam estranhas. Havia a possibilidade de Astrid ter feito um movimento impensado.Sabia disso através das mensagens de Vitório, porque não havia ninguém que fazia ele atender ao telefone.Acontece que ele não estava com vontade de falar com ninguém nesses últimos três dias que passou com Amélia nessa casa pequena no fim da rua ladeada de ipês roxos.
FernandoEla não demonstrava nenhuma sombra de medo ou arrependimento. Sua postura perfeitamente ereta e as pernas longas cruzadas, demontravam que ela esperava por esse momento.Seu sorriso de canto, o olhar astuto feito uma víbora peçonhenta. - Não vai dizer nada, querido? – ela indagou num tom sedutor.- Onde está o Olavo? – perguntou Fernando, analisando suas expressões. Astrid sorriu friamente. Ela não entregaria o jogo, ela era um demônio quando queria.- Ele está em um lugar onde você não pode encontrar. – ela se levantou, a fenda do vestido preto mostrava sua coxa nua a cada passo, suas costas eram adornadas pelos cabelos tingidos de castanho. O decote profundo evidenciava os seios nus por baixo do tecido fluido, ela se vestiu especificamente para enlouquecer um homem. Era uma pena que essa produção não fosse para ele.Com um simples aceno, Caio passou o cordão de metal no pescoço dela. Astrid não se surpreendeu, um sorriso sádico escapou de seus lábios ávidos por carnifici
As palavras dela pairavam sobre a sala, pesadas como colunas de concreto. Aquilo era verdade? Fazia sentido se pensasse na atração obscena que sentia por Amélia Bastos. As informações sobre a vida dela eram muito comuns, mas um pouco vagas, talvez fosse uma forma de camuflar seu paradeiro.Se realmente fosse ela, estava muito diferente. Começando pelo peso, aproximadamente vinte a vinte e cinco quilos a mais, do peso de sua porquinha quando ela desapareceu. Mas os cabelos, a altura e a cor dos olhos eram a mesma. Sim, poderia ser ela. - Agora entende porque temos que trabalhar juntos? – Astrid se levantou, com a maior tranquilidade caminhou até o bar e se serviu de uma dose de martini. Ler seus inimigos e seus aliados era uma estratégia refinada, na qual essa mulher sem escrúpulo algum tinha total domínio. Astrid sabia que estava de volta ao jogo, porque ela estava a frente das informações que dispunha. Essa vadia traiçoeira nunca vai revelar tudo o que sabe, Fernando pensou
SamantaA mesa de jantar ficou tão bonita quanto ela queria, só o clima tenso entre ela e Alberto continuava a mesma droga. Resolveu fazer um jantar de boas vindas para Mel, e também para comemorar a feliz notícia da gravidez.Saber que sua prima estava esperando um bebê foi uma alegria indizível, mas também foi um golpe em seu coração. Pensar em acompanhar o crescimento da barriga de Amélia, ver seu filho nascer e continuar sentindo seu próprio vazio era algo que deixava um gosto amargo na boca de Sam.Os olhos de Alberto queimavam sua pele. Do outro lado da mesa, ele fazia questão de demonstrar o quanto era um filho da puta escroto. - Obrigada por tudo isso, Sam. – Mel agradeceu, desviando a atenção de Samanta.- Não foi nada. Você passou por muitas coisas, precisava de um pouco de comemoração. - A Sam fez tudo isso sozinha, ela é muito talentosa com esse tipo de coisa. – Ícaro comentou, gesticulando a mesa e o ambiente à volta deles. O local escolhido era um restaurante novo que
Ícaro O hospital geral São José não ficava longe do condomínio. Foi para essa unidade que a moradora foi levada. A caminho, ligou para o chefe de segurança para verificar a identidade de quem foi atacado.- Jaime, qual o nome da mulher? – perguntou sem rodeios.- É a nova moradora, senhor Darius. Nivia Linhares.- Curioso isso, não?- Não entendi, senhor.- É interessante que esse incidente aconteceu logo após a ordem de desocupação sair. - Ah sim...isso... O senhor acha que...- Não se preocupe demais com isso, Jaime. – Ícaro verificou o horário. – Boa noite. As peças estavam começando a se encaixar. Enfim aquela mulher mostrava seu verdadeiro propósito, ela fez uma aposta arriscada e muito ousada. Mas adivinhe só, Nivia ou seja lá qual for o seu nome, deu um tiro no próprio pé.Fez outra chamada.- Me encontre no Hospital São José em quinze minutos. Acho que descobri uma coisa, e preciso de você para confirmar.- Estou ocupado. – Alberto respondeu. Um urro de dor foi ouvido d
O entregador parou por cerca de um a dois minutos na porta, em seguida entrou. Usava boné e aparentava ser bem jovem, com algumas tatuagens no pescoço. Ícaro analisou bem o comportamento suspeito do homem, esperando pelo próximo movimento. Entretanto, ele entrou e saiu do quarto, três minutos depois. O entregador não pegou o elevador, se dirigiu às escadas, e parecia com pressa. Estava prestes a segui-lo quando Alberto chegou.- Vamos acabar com isso logo. – ele disse assim que se aproximou. Alguma coisa estava muito errada. Ícaro continuava olhando para o corredor que levava às escadas de incêndio. Seus instintos alertavam sobre aquele cara.- Tem alguém com você? – ele perguntou.- Não, meu está cuidando dos dois suspeitos que foram pegos no condomínio. – Alberto verificou o celular. Ele era tão obcecado por controle que monitorava tudo através de suas câmeras. As imagens mostravam um barracão iluminado com dois indivíduos amarrados em uma porra de estaca, um contra o outro. U
AméliaOs olhos dele estavam sobre ela o tempo todo, mesmo que Amélia afirmasse que estava bem e que não estava sentindo nada, Ícaro permanecia vigilante feito um sentinela.Tudo isso em razão do que aconteceu na noite anterior e por causa da visita a médica obstetra esta tarde. A doutora Castro realizou vários exames e junto deles, o primeiro ultrassom. A emoção de ver aquele pequeno ser dentro dela, era maravilhosa, e compartilhar esses sentimentos com Ícaro era melhor ainda. Mas toda a alegria de ambos foi turvada quando a médica expôs sua preocupação. Devido a lesão que Amélia tinha no útero, havia um grande risco de aborto e complicações durante a gestação.Um plano de parto detalhado foi elaborado pela médica atenciosa, que decidiu que a melhor estratégia era segurar o bebe até a trigésima sétima semana, quando a sobrevivência fora do útero seria tranquila.Ícaro estava preocupado e tenso desde que saíram da consulta, e nada do que ela disse parecia acalmá-lo. Agora que estava