Capítulo 4

Kaeidh mostrou o quarto e o local de banho e higiene pessoal. Saiu e foi até a cozinha ver o que havia para comerem. Separou pães, frutas, queijos, o caldo maravilhoso de leguminosas e folhas típico do vilarejo. Arrumou tudo em uma bandeja e bateu a porta, esperou um pouco, não ouviu nada e voltou a cozinha, depositou a bandeja na mesa e esperou . Ouviu ela o chamar e foi rapidamente levando a bandeja, bateu à porta novamente, ela respondeu.

- Entre. - Kaeidh entrou e ficou surpreso. Ela estava enrolada em uma toalha gigante, apenas os braços de fora e o cabelo molhado, solto, caindo pelas costas. A pele ainda um pouco úmida do vapor da água, ela disse envergonhada.

- Não sei onde encontrar roupas e as minhas estão manchadas de sangue. Fiquei na dúvida, procurei mas não achei. Só pensei em te chamar . Desculpe. Não trouxe nada comigo, achei que voltaríamos para o castelo ainda hoje.

Kaeidh respirou forte, havia prendido a respiração e esquecido de voltar a respirar. Abriu e fechou a boca e falou:

- Lapso meu tarine, deveria ter pedido a Zoltark para providenciar algo. Vou ver no outro quarto se acho algum traje adequado. Sua comida, nossa comida está aqui, pensei em jantarmos juntos.Se quiser, claro

-Sim, eu quero - disse ela sorrindo

-Já volto. - disse Kaeidh

Saiu rapidamente do quarto e respirou para se acalmar. Que visão, parecia uma deusa, sua tarine.

- Que ela me aceite um dia deuses - murmurou a si mesmo enquanto entrava em outro quarto e encontrava um cômodo de roupas, tentou encontrar algo parecido com o tamanho adequado dela, retirou uma pilha de roupas e roupas íntimas e foi empilhando nos braços para levar a ela. Foi de volta ao quarto em que ela estava, colocou as roupas em uma cadeira logo ao lado da porta, bateu novamente e chamou.

- As roupas estão aqui. Peguei muitas coisas, não sei o que você gostaria de vestir. Tem inclusive roupas íntimas. - A olhou - Eu... Vou sair e esperar lá fora . Por favor, me chame quando estiver pronta.

Voltou ao quarto e tomou um banho rápido enquanto a esperava, trocou suas roupas e a ouviu chamar. Saiu e foi em direção a sala, ela estava sentada com uma calça justa e uma blusa lilás um pouco apertada pra ela mas adequada até. Estava linda, os cabelo soltos pela primeira vez que a via e isso porque ela já estava há um mês em seu castelo, ambos estudando tudo que chegava a eles, todos os pergaminhos e cristais de memória de todos os locais e vilarejos. Ainda havia muita coisa para fazer.

-Oi, aqueci os caldos novamente, haviam esfriado. Desculpe a demora. Espero que não se importe de comer aqui em frente ao fogo. Está tão aconchegante que pensei...

- Não precisa explicar nada, está ótimo aqui, tudo está ótimo na verdade. Obrigado, está perfeito, perfeito, tudo.

Comeram conversando sobre os acontecimentos do dia. Ambos intrigados com o sonho da protetora Cadmy com a Esquecida. Estavam curiosos sobre o sonho.

- É por isso que resolvi que ficássemos aqui esta noite, me desculpe se não te consultei sobre, mas achei que seria mais prático e como roupas são artigo de primeira necessidade não pensei que teríamos alguma dificuldade. Estão boas essas que separei para você? Se quiser vá ao outro quarto e dê uma olhada se vê algo que prefira.

- Não precisa, estou bem, de verdade. Você está muito bem também com essas calças e camisa escuras, até agora só o vi de cores claras e sua túnica.

-Não gosta de minhas túnicas? São geralmente as roupas que uso durante encontros oficiais da coroa, mas me visto normalmente assim nas horas vagas.

-Então, sou um encontro oficial, já que o vi até agora somente com seus trajes oficiais ? E elas são lindas, suas túnicas, você é muito bonito e fica bem em qualquer roupa, tenho certeza.

- Não, não é oficial, mas ao mesmo tempo sim, o é. A verdade é que eu relaxo apenas em ocasiões familiares, mas a partir de hoje não mais. Vai me ver com todos os tipos de roupas, já que comentou e não vê problemas com as informais. - Ela sorriu

- Não, não vejo. Só vejo um homem bom, amável e respeitoso com todos que o conhecem.

- Eu gostaria de passar mais tempo informalmente com você, você gostaria ? Eu poderia ..teria sua permissão, para em meio a isto tudo, a profecia e os estudos, nos vermos... somente para conversar e nos conhecermos mais? Sei que tem muitas dúvidas e não sabe em quem confiar...

- Eu gostaria. - Ela disse simplesmente o olhando nos olhos - gostaria muito. Eu confio em você Kaeidh, vejo como trata as pessoas, os seres, todos. Eu admiro você, você é uma das pessoas mais valorosas que conheci desde que acordei, ajuda a todos, é cordial, amigo, seria uma honra estar com você. E eu não sei bem o que acontece, mas sinto algo quando está perto. -Fechou os olhos - E aparentemente sou uma pessoa que fala o que sente. Desculpe se estou ultrapassando os limites - Riu e abriu os olhos. Ele estava boquiaberto a olhando, segurou suas mãos e sua pele se iluminou novamente.

- Estou sem palavras, tudo que eu queria era que você falasse isto. Sinto o mesmo há algum tempo e não falei com medo de te assustar. Afinal não me conhece, não sabe muito nem sobre si mesma.Senti que tinha que te dar espaço.

- Eu penso que temos que fazer as coisas que queremos, acredito na liberdade, acredito no que sinto e sei que realmente falo o que penso, se eu não quiser que faça algo eu falarei e quando eu quiser também. Espero o mesmo de você. E se quiser... pode me beijar Kaeidh.

Não houve tempo para nada, ele simplesmente a beijou.

Um beijo doce, cuidadoso, carinhoso, seus lábios quentes se tocando, o cheiro delicioso do hálito dele, tinha vontade de somente respirar seu hálito. Lentamente sua língua tocou a sua, trançando deliciosamente e o beijo se aprofundou.

Pelas frestas das pálpebras percebeu o corpo de Kaeidh se iluminando todo e sorriu extasiada.

Seu corpo se aqueceu e pensou que estava inflamando em chamas novamente, mas Kaeidh a puxou ainda mais, gemendo em sua boca. Seus corpos agora, se colando, como os lábios, ambos aquecidos. Se tocando em cada milímetro do corpo, as mãos reverentes de Kaeidh dançavam pelos seus cabelos, ombros, braços, costas, cintura e hesitantes pararam ali.

Ela queria mais, mas ao mesmo tempo, queria aproveitar cada pequeno momento entre eles. Deixou suas mãos passearem pelo torço dele. Os braços fortes e as costas largas terminando na cintura fina. Um homem alto e ela adorava cada centímetro dele. Era lindo além de todas as outras qualidades e agora estava o saboreando e sentindo além de admiração por ser a pessoa que era. Sentindo desejo por ele, ânsia por seu beijo, seu toque.

Era certo

Reverência.

Essa palavra vinha à mente de Kaeidh desde o início do beijo.

Ela seria tocada por ele com reverência, era tudo para ela, ao mesmo tempo que era para ele.

Aquele nó que sentiu, todo esse tempo em seu peito desde que a viu pela primeira vez, aquela emoção reprimida.

O medo de assustá-la com sua paixão ainda persistia. Mas a emoção que ela lhe causava era demonstrada sem barreiras. Finalmente podia demonstrar o quanto ela o afetava.

Reverência.

Ela era uma deusa e ele estava cativo de sua divindade, espontaneamente, deliciosamente.

Cada arrepio, cada parte dele que tocava nela, na pele dela, era delicioso.

Em chamas novamente. Ela assustou e pulou para trás com medo de queimar Kaeidh mas ele apenas abriu os olhos e perguntou se havia algo errado.

Ela ergueu as mãos e se olhou, a chama cobria seu corpo. Mas não havia queimado Kaeidh em parte alguma. O olhou rapidamente, procurando algum chamuscado.

- É linda - ele disse e a tocou.

- Posso te queimar ! - e ele a segurou.

- Não está tarine, se acalme. Olhe - colocou sua mão na dela e sua chama azul brincou na dele, apenas aquecendo e brincando.- É linda.

- Eu coloquei fogo na minha cama.

Ele sorriu

- Eu soube, minha irmã falou.Te levarei a um lugar para que aprenda a controlar seu poder ou poderes, se quiser. Tem alguém que pode te ajudar a controlar o fogo, mais do que está controlando agora. Mas isso veremos amanhã. - levantou e a ajudou a se levantar, a abraçou e beijou sua testa - Agora, apesar do muito que eu queria ficar acordado com você, te tocando, precisamos dormir, temos muito o que fazer amanhã.

Se despediu com boa noite e cada um foi para um quarto.

Mesmo desejando estarem no mesmo lugar.

Amanheceu.

Kaeidh abriu os olhos, suspirou lembrando tudo o que aconteceu no dia anterior. Sorriu feliz

Se ela soubesse como se sentia, olhou o teto. Sentiu o cheiro dela nele.

- Êxtase - murmurou e puxou o ar, sentindo na pele o seu aroma.

Levantou-se e foi ao banheiro se higienizar. Escovou os dentes e se lavou na água cristalina rapidamente. Vestiu-se e saiu em direção à cozinha. Preparou o café da manhã, pensando no que poderia surpreender o paladar dela hoje. Adoraria ver novamente a expressão de prazer como ela tinha feito na noite anterior ao provar a fruta. Ficou morrendo de vontade de beijar os lábios dela cheio de suco da fruta doce.

Esquecida acordou com um cheiro muito bom de comida e seu estômago roncou, deu um risinho, estava feliz, ele estava ali. Kaeidh, em algum lugar da casa, provavelmente na cozinha, já que o ar cheirava tão bem à comida. Ele era cheio de surpresas pelo visto. Levantou e correu se lavar.

Pensou na noite anterior e como havia sido perfeito.

Nem acreditou em sua reação a ele! A sua forma de reagir a ele era surpreendente e queria aproveitar tudo que isso podia proporcionar a eles. Estava decidida a viver isso com Kaeidh enquanto ele quisesse. Se vestiu rapidamente, penteou os cabelos e saiu. Caminhou até a cozinha e se deparou com ele, de costas, imerso em pensamentos, tão alto, tão lindo. Chegou e vagarosamente o abraçou.

Ele sentiu os braços dela o rodeando por trás e teve sua face encostada em suas costas.

- Bom dia, - disse ela o assustando levemente - que cheiro maravilhoso. - disse ela fungando em sua camisa.

Kaeidh girou surpreso com a espontaneidade dela. A abraçou e olhou nos olhos.

Sua âme sœur era um presente.

- Nunca, em toda minha vida, tive uma noite e um início de dia mais perfeito que esse. - sorriu e a abraçou, beijando o topo de sua cabeça - Bom dia tarine. Como foi sua noite?

- Foi ótima. E a sua ? - o olhou.

- Descansei bastante. - ela ficou na ponta dos pés e o beijou .- estou faminta.

- Deuses tarine, me deixa louco.

Precisamos comer. Venha, preparei nossa refeição. -disse puxando uma cadeira pra ela e depois sentando à mesa. Colocou a comida quente em seu prato e se serviu após.

Ela sorriu, levando um pouco de pão com algum tipo de patê à boca.

-Ah, além de lindo cozinha bem . -disse ela - merece mais beijos. - sorriu pra ele

- Então mereço beijos por cozinhar ? Farei comida pelo resto dos meus dias pelos seus beijos. Gostaria muito, seria meu maior prazer cozinhar, ganhar beijos e ver você se deliciar com a comida. Que vida excelente terei!

Riram, comeram e saíram da cabana indo direto para o complexo. Na porta Zoltark estava conversando com algumas pessoas do vilarejo que já tinham se recuperado e estavam indo para suas casas com seus familiares.

- Bom dia Zolt, gostaria de me acompanhar até Cadmy ? Temos que falar com ela. Além do ataque, do qual queremos saber, ela disse que sonhou com a Esquecida.

-Bom dia Kae e Esquecida. Ela já está acordada. É muito forte. Vamos falar com ela.

Entraram no prédio e a viram apressada, ajudando o pessoal que ainda estava ali a cuidar dos que estavam mais fracos. Zoltark a chamou e ela veio em nossa direção, fomos até uma parte calma com almofadas para sentar. Ela falou:

- Bom dia Kaeidh e Esquecida, ou devo lhe chamar pelo seu nome ? Pois foi com ele que sonhei. Alguém …uma outra mulher a chamava de Saphyre. - A Esquecida olhou Kaeidh, surpresa, disse: -Sim, meu nome é Saphyre. Deuses!

- Como você sabe, - continuou Cadmy - nós, guardiãs das pontes, estávamos há muito hibernando. Ninguém que tivesse más intenções durante esse tempo, pôde atravessar as pontes não de onde você veio, a floresta, não de qualquer outro local. Ficamos há tempos dormindo porque usamos os nossos poderes totalmente para proteção, fazíamos entre nós um escudo em volta das vilas e reinos de paz para nunca sermos tocados pelos têntri. Somente quem era de paz poderia entrar e sair. Você nos acordou pois é uma das escolhidas. A Primeira, a da chama azul, Saphyre.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo