- Não para de pressionar! - digo praticamente em cima do volante, numa velocidade perigosa para alguém que claramente não sabia o que estava fazendo.- E você presta atenção na rua - diz ele tencionando o maxilar. Eu estava tentando. Sério, estava. Mas era difícil se concentrar, quando ao seu lado, seu irmão dava todos os sinais que estava perdendo uma grande quantidade de sangue que poderia sim, fazer falta para ele depois. Freio bruscamente quando simplesmente, uma menina de aproximadamente 15 anos surge em frente do carro.- Tá maluca?! - grito, batendo no volante - Poderia ter matado você!- Bruna... - diz André baixo, me lembrando de sua existência.- Desculpa - murmuro, afundando meu pé no acelerador e tendo como resposta, o carro morrer. Tento novamente, só conseguindo que o carro desse um solavanco forte para a frente. André vira a cabeça na minha direção, com os lábios pálidos entre abertos e as pálpebras semicerradas.- A marcha - sussurra. Olho para
- Onde vocês dois se meteram? Eu cheguei e... - Ela para de falar ao ver o marido sem camisa, sujo de sangue e parecendo um corcunda - O que aconteceu? - pergunta baixo, passando por mim.- Levei um tiro - Ele murmura, observando-a analisá-lo.- Meu Deus, André - Ela leva as duas mãos para a cabeça, antes de soltar o ar dos pulmões.- Eu tô bem. Sério. Quase que foi de raspão.- Hoje ele encrencou com a palavra quase - digo atraindo ambos os olhares. André revira os olhos, andando para dentro da casa - Isso. Me ignora - Rita se aproxima com os braços cruzados sob o peito, olhando para a porta aberta - Parece que algumas coisas você deixou de me dizer. Ela inclina a cabeça para o lado.- A gente tava na pior, Bruna. E o André não queria aceitar ajuda da minha mãe.- Você tinha que ter me dito.- E o que você iria fazer? O óbvio. Iria por na cabeça dele, nem que precisasse abri-la, que aquele não era o melhor caminho, que tudo não passava de uma ilusão e da mesma fo
- Quem mora aqui? - pergunto olhando com atenção os quatro carros aparentemente caros. Ninguém me responde. Invés disso, minha pergunta se responde quando na porta do que deveria ser a sala, o cara misterioso aparece. Puta merda. Mais rápido que queria, tudo começa a se encaixar bem diante dos meus olhos.- Molhou - diz André. O cara para de me olhar e olha para André.- O que foi?- Descobriram minha casa. Ele desvia o olhar, olhando o vazio.- A gente tem que matar eles - diz o cara ao lado, soando perigoso - Vão caçar cada um de nós.- Não, eles não vão - diz o cara misterioso calmamente.- Como sabe? - Não soa como uma simples pergunta, era como se ele desafiasse ele. Dou alguns passos pelo pátio, em busca de uma cadeira ou algum canto que pudesse me sentar.- Estão atrás dela - Volto a prestar atenção novamente na conversa, ao sentir que ele estava falando de mim. André olha por cima do ombro, mesmo sabendo que
Passo pelo quarto que André estava com Rita e o encontro vazio, o que me fez ir para o primeiro andar, onde encontro Rita na sala.- Cadê o André?- Saiu cedo.- Pra onde? Ela dá de ombros.- Não sei. Ele não falou - Ela me olha - Dormiu bem?- Muito - Sento ao lado dela.- Aquele colchão é ótimo, não é?- André deveria mudar o colchão de toda a casa.- Ele teria que vender muita droga pra isso. Um silêncio estranho se instala de repente, o que me faz olhar ao redor.- Será que já posso voltar para minha normalidade?- É isso também que quero saber. Depois da nossa breve conversa, tomamos café, não só uma vez, duas. A comida que era nos oferecida, era muito boa para comer apenas uma vez. Após o segundo café da manhã, decidi por conta própria “passear” pela casa, mesmo isso sendo uma tremenda falta de educação. A casa era enorme, os cômodas espaçosos e tudo muito bem decorado da melhor forma possível, deixando claro o poder aquisitivo de Átila
Passava das 6 horas da tarde, quando decidi que não esperaria mais por André. Eu tinha uma vida e não tinha como ficar esperando a boa vontade dele para dizer se podia ou não voltar a viver.- Pra mim já deu - digo levantando do sofá. Rota para de assistir a novela e me olha.- Quê? - diz baixo.- Vou trabalhar.- Bruna. Dou alguns passos até a porta, parando.- Não vou mais ficar esperando pelo André. Ele sumiu o dia inteiro, nem se deu o trabalho de atender o celular - digo irritada, saindo da casa. Precisei andar 20 minutos para chegar na casa de André. Por sorte, o portão e a porta da frente estava destrancada. Não havia nenhum sinal de André por ali, muito menos que a casa havia sido invadida. Tudo parecia estar em seu devido lugar, inclusive minhas coisas. Um banho rápido depois e vestida em roupas limpas, já estava pronta para uma noite agitada de trabalho. No ponto de ônibus, não consigo não olhar para os lados,
- Por que você foi trabalhar?- Dependo de mim mesma, não posso me dar o luxo de não trabalhar.- Tava resolvendo a situação.- Percebi - Dou de ombros - Mas não precisa mais, já resolvi - Olho para Átila. André olha para Átila e depois para mim.- Você não tá pensando em...?- É. É isso mesmo.- Ficou louca?!- Tô fazendo o que sempre fiz desde que me entendo por gente.- Então agora é assim?- É.- Vai resolver as coisas do seu jeito?- Exatamente. Ele tenciona o maxilar.- Que se foda - diz de repente, passando por mim.- É assim? - Me viro para ele. Ele para, me olhando.- Você já resolveu, não já? - diz irritado - Já não decidiu que vai entrar de cabeça no tráfico?- Não vou entrar de cabeça no tráfico.- Você vai ficar no lugar de uma pessoa que viveu nesse meio. Tá achando mesmo que não vai entrar?- Eles quase me mataram hoje! - grito. Por um momento, ele apenas absolve, antes de falar novamente.- Se estivesse aqui com a Rita, não teriam te
Me espreguiço antes de abrir os olhos e encarar o teto do quarto. Aos poucos me lembro da discussão com André, o fato de ter quase morrido e isso ser desesperador. Também tinha Rodrigo, não sabia como ele estava e muito menos o que estava pensando a respeito de mim. Pensando nele, pego meu celular e ligo novamente, tendo minha chamada indo para a caixa-postal. Já não tinha dúvidas que ele estava me odiando. Sento na cama esfregando os olhos, levantando, arrastando meus pés para fora do quarto, dando de cara com uma senhora menor do que eu.- Ah. Oi! - digo dando um passo para trás.- Átila mandou entregar isso aqui pra você - Ela me estende roupas. Franzo o cenho, as pegando.- Essas roupas não é minha não.- Ele só pediu pra te dar e o café já tá pronto - Dito isto ela se afasta, me deixando com roupas que não eram minhas. Sem querer começar o dia com questionamentos, decido tomar um banho primeiro e comer alguma coisa, para só depois fa
Quando me senti suficientemente confiante, fui atrás de Átila, o encontrando em frente a tv mexendo no celular.- Você só esqueceu de dizer que... - Ele se vira automáticamente ao ouvir minha voz - quando me dedico a alguma coisa, sempre dá certo - O timbre da minha voz estava mais suave e o modo que falava quase num sussurro, era a cereja de tudo aquilo.- Fala outra coisa. Nervosa, tento pensar em algo elaborado.- Seu colchão é bom. Ele ergue as sobrancelhas.- É mesmo?- Um dia quando eu tiver dinheiro sobrando, quero saber onde comprou.- Continua - Um meio sorriso surge em seu rosto.- E a comida que a Rô, né? - Ele assenti - Também é boa e olha que não como muita coisa por aí.- Qual teu nome? Estava prestes a dizer Bruna, quando me detive.- Malu.- Maria Luíza - Ele me corrige.- Maria Luíza - Repito.- Quantos anos, Maria Luíza? Esperava que o Instagram não estivesse mentindo.- 20?- Isso aí. Átila suspira.- O nome do teu pai é Ros