Juan Sales MorettiDepois de lidar com Pietro, a sensação de alívio não vem imediatamente. A adrenalina ainda pulsa em minhas veias e embora eu soubesse que ele tinha entendido o recado, parte de mim ainda mantém a guarda alta. Pietro não é o tipo de homem que desiste fácil, e eu sei que precisarei estar atento o tempo todo. Mesmo assim, pelo menos por agora, ele está fora do nosso caminho.Volto para a sala acompanhado de Steffano onde Vicente, e Thomas discutem a situação. Nero havia deixado a reunião para resolver outras questões com Henry, e eu sei que a conversa agora precisa ser direta e decisiva. A questão com a Bratva está pesando nos ombros de todos ali, e, sem um casamento entre Pietro e a filha do líder, paz seria algo impossível de se alcançar.— Vicente, não temos mais opções aqui. — Minha voz quebra o silêncio pesado. — Eu posso falar com o líder da Bratva em nome de Nero, tentar colocar um fim nisso de uma vez por todas. Podemos marcar o noivado de Pietro, mas sem o cas
Donna McNightEu andava de um lado para o outro no meu quarto, sentindo como se o chão estivesse prestes a se abrir sob meus pés. Pietro, sempre ele. Toda vez que eu pensava que tinha conseguido me afastar, que finalmente estava livre daquele passado, ele surgia como uma sombra, ameaçando trazer tudo de volta. Se ele abrir a boca...Só de imaginar o que pode acontecer, eu sinto o coração bater mais rápido, de um modo quase sufocante. Meu pai sabe que eu e Pietro tínhamos saído algumas vezes, mas ele não sabia de tudo. Ele não sabe sobre os anos que passei presa naquela relação doentia. E, com certeza, não sabe os detalhes. Se Pietro falasse na frente de todo mundo, se ele revelasse tudo... Eu não sabia o que seria de mim.Minha cabeça está cheia de cenários catastróficos. E se ele falasse sobre nós dois na frente de Nero? O que ele diria? E meu pai? Henry McNight sempre foi duro, mas se Pietro expusesse tudo o que aconteceu, eu sabia que o respeito que minha família tinha por mim seri
Pietro KuhnEu saí da casa de Steffano o mais rápido que pude, o som do meu próprio sangue martelando nos ouvidos. Eu sabia que tinha cruzado uma linha, e sabia também que Juan não estava brincando quando me encarou com aquela maldita arma. Ele era o tipo de homem que fazia exatamente o que prometia, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti acuado.Eu já tinha feito merda suficiente por uma vida inteira, mas dessa vez… eu sabia que a coisa tinha passado dos limites. Aquela conversa com Steffano e Juan — ou melhor, o soco de Steffano e a arma de Juan — me deixaram com um gosto amargo na boca. Pior, me deixaram com uma sensação de impotência que eu não suportava. E a pior parte disso tudo? Donna. Sempre ela. Ela sequer tinha se dado ao trabalho de me responder. Meu corpo ainda dói dos socos que levei, mas nada dói mais do que o orgulho ferido. Que merda eu vou fazer agora? Eu penso enquanto dirijo pelas ruas de Florença, o volante apertado entre meus dedos. O brilho das luzes d
Isabel GrecoOlho pra Pietro desmaiado na cama e sinto uma mistura de raiva e frustração queimando dentro de mim. Donna. Sempre ela. Maldita seja. Ele estava comigo, mas a cabeça dele... o coração, a alma... estavam com aquela vadia. Meus olhos seguem o contorno do rosto dele, o peito subindo e descendo devagar. Ele está ali, no meu quarto, no meu espaço, mas eu sei que, assim que ele acordar, a primeira coisa que ele fará será pensar nela. Ir atrás dela, mesmo que antes não fosse assim. Não. Isso simplesmente não vai rolar.— Não mesmo! — resmungo pra mim mesma, cruzando os braços.Me viro de costas pra cama, bufando. Puta merda, como ele me tira do sério! Ele está ali, todo vulnerável, e mesmo assim, mesmo depois de me foder com uma intensidade que teria feito qualquer outra mulher desmaiar de exaustão, ele ainda tinha o nome dela nos lábios. O veneno sobe até a minha garganta, e eu preciso me controlar pra não jogar o abajur na cabeça dele. Mas, claro, isso seria muito fácil, né?
Donna McNightEu ainda estava acordada, mesmo depois de tudo que o Juan disse. Eu sabia que ele só queria me acalmar, me fazer acreditar que tudo ia ficar bem. Mas como eu ia simplesmente deixar tudo isso pra lá? Era impossível. Cada vez que eu fechava os olhos, minha mente voltava para aquela confusão... Pietro, os anos que passamos juntos, a culpa que ainda me perseguia e principalmente a porra da raiva que eu estava sentindo. E então, claro, tinha o Juan, que estava do meu lado, me segurando firme quando tudo parecia desmoronar.Suspiro, me virando mais uma vez na cama, encarando o teto. Droga. Isso não está funcionando. Eu simplesmente não conseguia desligar minha cabeça. Viro pro lado e pego o celular, na esperança de me distrair com qualquer coisa. Quando desbloqueio a tela, tem uma mensagem de Juan. Ele ainda está acordado também?[Juan]: "Tá tudo bem?"É uma mensagem simples, mas só de ver o nome dele ali, sinto um calorzinho no peito. Ele sempre sabe como me acalmar, e mesmo
Donna McNightDepois daquela loucura toda com Juan na noite passada, eu honestamente só queria passar o dia todo com ele. Minha vida tinha estado uma confusão absurda nas últimas semanas, e quando ele estava por perto, parecia que tudo ficava... mais leve. Só de lembrar da cara dele escalando pela janela de manhã, eu já começava a rir sozinha. Meu Deus, aquilo tinha sido cômico e, ao mesmo tempo, muito mais emocionante do que eu estava disposta a admitir.Mas, claro, o mundo real nunca deixava a gente em paz por muito tempo. Eu estava pronta pra mais um dia tranquilo com Juan, quando a Bella aparece do nada na sala, parecendo a própria personificação de um alarme.— Donna, você esqueceu que tem que passar na estilista hoje? — ela diz, cruzando os braços e me encarando como se eu fosse uma criança que estava prestes a ser arrastada pra escola.Eu a encaro, incrédula. Estilista? Ah, claro, o vestido do meu noivado. O bendito noivado com o Juan. O problema é que agora, com tanta coisa ac
Pietro KuhnQuando chego no banheiro, já de saco cheio de mim mesmo, algo me faz parar. No meio dos meus próprios pensamentos, o nome dela escapa dos lábios da Isabel. Donna. Ouvi direito? Meu corpo fica tenso na hora. Porra, eu só podia estar ouvindo coisas. Isabel, a mulher que eu achava conhecer bem, mencionando a Donna com alguém ao celular? Eu queria me convencer de que estava imaginando, mas aquilo ficou martelando na minha cabeça, como uma maldita música que não sai.Saio do banheiro sem fazer barulho, me fingindo de sonso, fingindo que não ouvi nada. Se eu tivesse que jogar esse jogo com Isabel, jogaria até o fim. Passo o resto do dia com ela, como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse ouvido o nome de Donna em uma ligação suspeita.Ela está agindo normal demais, como se não tivesse me dito para esquecer de Donna no dia anterior ou tentado me convencer sobre um bebê que ela podia estar carregando, ser meu. Sabe quando a pessoa está calma demais e isso te deixa des
Donna McNightEu sabia que não conseguia me mexer. Naquele momento, enquanto vejo o carro vindo em minha direção, tudo ao redor fica lento, como se o tempo estivesse brincando comigo. O som dos pneus gritando contra o asfalto, o motor rugindo, as pessoas gritando... E eu, ali, parada, feito uma idiota.Tento reagir, mas meu corpo parece preso ao chão, como se estivesse congelado de medo. O ar sai do meu peito em um baque seco e tudo fica uma bagunça de dor, confusão e vozes distantes. Eu caio, sentindo o chão áspero contra meu corpo, e o mundo roda ao meu redor. Quando consigo abrir os olhos, vejo sangue. Mas não é meu.Pietro ali, caído, a cabeça inclinada para o lado e o sangue manchando o asfalto ao redor dele. Porra, o que ele tinha feito? Ele... ele tinha me empurrado para fora do caminho. Ele me salvou. Eu mal consigo processar o que estava vendo, o pânico começando a tomar conta de mim. Minha mente não consegue acompanhar.— Pietro? — Minha voz sai fraca, quase num sussurro.