Pietro KuhnQuando chego no banheiro, já de saco cheio de mim mesmo, algo me faz parar. No meio dos meus próprios pensamentos, o nome dela escapa dos lábios da Isabel. Donna. Ouvi direito? Meu corpo fica tenso na hora. Porra, eu só podia estar ouvindo coisas. Isabel, a mulher que eu achava conhecer bem, mencionando a Donna com alguém ao celular? Eu queria me convencer de que estava imaginando, mas aquilo ficou martelando na minha cabeça, como uma maldita música que não sai.Saio do banheiro sem fazer barulho, me fingindo de sonso, fingindo que não ouvi nada. Se eu tivesse que jogar esse jogo com Isabel, jogaria até o fim. Passo o resto do dia com ela, como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse ouvido o nome de Donna em uma ligação suspeita.Ela está agindo normal demais, como se não tivesse me dito para esquecer de Donna no dia anterior ou tentado me convencer sobre um bebê que ela podia estar carregando, ser meu. Sabe quando a pessoa está calma demais e isso te deixa des
Donna McNightEu sabia que não conseguia me mexer. Naquele momento, enquanto vejo o carro vindo em minha direção, tudo ao redor fica lento, como se o tempo estivesse brincando comigo. O som dos pneus gritando contra o asfalto, o motor rugindo, as pessoas gritando... E eu, ali, parada, feito uma idiota.Tento reagir, mas meu corpo parece preso ao chão, como se estivesse congelado de medo. O ar sai do meu peito em um baque seco e tudo fica uma bagunça de dor, confusão e vozes distantes. Eu caio, sentindo o chão áspero contra meu corpo, e o mundo roda ao meu redor. Quando consigo abrir os olhos, vejo sangue. Mas não é meu.Pietro ali, caído, a cabeça inclinada para o lado e o sangue manchando o asfalto ao redor dele. Porra, o que ele tinha feito? Ele... ele tinha me empurrado para fora do caminho. Ele me salvou. Eu mal consigo processar o que estava vendo, o pânico começando a tomar conta de mim. Minha mente não consegue acompanhar.— Pietro? — Minha voz sai fraca, quase num sussurro.
Donna McNightEu me sento ao lado de Pietro, depois de Juan sair para dar a nós dois um momento para conversar. Um momento que eu sabia que precisava para encerrar tudo entre Pietro e eu. — Eu sinto muito, Donna. — A voz dele sai baixa, como um sussurro arrastado. O homem que normalmente esbravejava, controlava, se impunha.Eu o encaro por alguns segundos, tentando entender o que estava passando pela cabeça dele. Mas eu sabia que não podia ir embora sem falar tudo o que estava engasgado.— Sente? — Donna… só… — Você acha que eu vou embora sem terminar isso? — pergunto, minha voz soando mais firme do que eu imaginava. — Pietro, nós dois sabemos que essa conversa precisa acontecer. Há muita coisa pendente.Ele fecha os olhos, como se quisesse fugir da situação. Mas não havia como fugir dessa vez. Não mais.— Eu sinto muito — ele murmura, virando o rosto um pouco na minha direção. Aquelas palavras soam tão estranhas saindo da boca dele. Pietro nunca foi de se desculpar, de mostrar fra
Juan Sales MorettiEu não consigo acreditar que estou aqui. Aqui, em um hospital, olhando para aquele desgraçado do Pietro Kuhn, e tentando encontrar as palavras certas para agradecer a ele. Agradecer. Por salvar a vida da Donna. A ironia disso tudo é quase cômica. Como é que eu fui parar nessa situação? Como é que Pietro, o cara que passou anos fodendo com a cabeça dela, de repente, decide se sacrificar e se joga na frente de um maldito carro por ela?Mas, claro, o mundo não é tão simples. Pietro está envolvido nessa merda de alguma forma, eu sinto isso. Ele tinha que estar, e Isabel — seja lá quem ela fosse —, como é que Isabel tinha planejado algo assim sem que ele soubesse de nada? Ainda assim, ele a salvou, e agora está ali, pálido e amarrado a uma cama de hospital.Eu passo a mão pelos cabelos, frustrado. Donna está lá dentro, conversando com ele. E eu? Eu estou do lado de fora, esperando, tentando processar tudo. Mas a verdade é que nada disso faz sentido. Pietro se mete em con
Donna McNightEu nunca pensei que diria isso, mas... eu estou feliz. Uma parte de mim, bem lá no fundo, acha quase surreal, como se eu estivesse sonhando. Depois de tudo, depois de toda a confusão com Pietro, o acidente, Isabel e as porradas emocionais que a vida jogou na minha cara... eu estou aqui, com Juan, e me sinto... plena.Sabe, eu sempre me achei uma bagunça. Meu coração sempre esteve dividido entre as expectativas da vida, o passado confuso com o Pietro e o futuro incerto. Mas, agora, ao lado do Juan, as coisas parecem... diferentes. Não é aquela tempestade de emoções como era com Pietro, aquele furacão de sentimentos que sempre me deixava sem ar, sem saber pra onde correr. Com Juan, é paz. É segurança.E hoje, hoje é o dia do nosso noivado oficial. Finalmente. Eu sabia que era importante, que era o início de uma nova fase na minha vida. A festa foi planejada com perfeição e tudo estava impecável. Cada detalhe está do jeito que Juan sabia que eu amava – elegante, mas cheio d
Donna McNightEu disse "sim" no noivado e agora estou prestes a dizer "sim" outra vez. Mas dessa vez, é muito mais intenso, muito mais real. Meu casamento. Quem diria, né? Eu, Donna McNight, aquela que sempre teve um pé no caos, agora estou aqui, prestes a me casar com Juan Sales Moretti, o homem que trouxe paz para minha vida.O caos hoje está, claro, ao meu redor. Bella e minha mãe estão completamente surtadas, correndo de um lado para o outro como duas baratas tontas, tentando garantir que cada mínimo detalhe do meu dia seja perfeito.— Donna, você já arrumou o cabelo? — Bella grita pela terceira vez em quinze minutos.— Sim, Bella, está tudo pronto! — eu respondo, tentando não revirar os olhos. Afinal, eu estou tentando manter a calma aqui. O que não é exatamente fácil com minha irmã mais velha agindo como uma organizadora de eventos de alto nível.Minha mãe e Cecília não estão muito diferentes. Elas corriam de um lado para o outro, ajeitando o véu, mexendo nas flores, conferindo
Donna McNightA lua de mel na Grécia é mais do que apenas uma viagem idealizada; é um convite à intimidade, uma promessa velada de momentos que ninguém além de nós dois presenciaria. A casa de Juan, um refúgio sobre o mar Egeu, é a moldura perfeita para o que está por vir, mas a beleza ao nosso redor é ofuscada por outra energia, algo invisível e magnético, que preenche o ar entre nós. Cada passo dentro daquela casa, cada toque, mesmo o mais discreto, só aumenta a tensão entre nós, uma expectativa crescente e voraz que aperta meu peito.Juan sempre teve essa habilidade, de conduzir cada situação com naturalidade. À medida que ele me guia pelos corredores, cada detalhe da arquitetura some da minha mente. A única coisa que resta é a presença firme dele ao meu lado, cada roçar de dedos nas minhas costas enviando ondas de desejo pelo meu corpo. Há uma fome nele, algo que cresce à medida que nos aproximávamos do quarto, e eu sei, sem que ele precise dizer uma palavra, que aquela noite ser
Juan Sales MorettiDepois de seis meses perfeitos na Grécia, estava na hora de voltar para a Itália. A lua de mel durou mais do que qualquer um esperava, mas eu sabia que precisávamos voltar. Tenho negócios para resolver com Nero e os McNight, e Donna está ansiosa para rever a família. O plano era claro na minha cabeça desde o início — assumir o império de Nero e, eventualmente, nos mudar para a Espanha. Era meu destino, minha responsabilidade. Mas, desde que me casei com Donna, tudo mudou.Ela tinha um vínculo profundo com a Itália, com a família, com o trabalho dela, e eu sabia que não podia pedir que ela deixasse tudo isso para trás. Então, decidi que não iríamos. Nós ficaríamos aqui. Na Itália. Era uma decisão que me deixava em paz, porque sabia o quanto isso significaria para ela.Naquela noite, preparei um jantar especial. Queria contar a novidade de um jeito que ela se lembrasse para sempre. Não sou nenhum chef, mas caprichei nos pratos e na decoração. Velas na mesa, flores ao