Vivienne sente seu estômago revirar violentamente, enquanto seus olhos permanecem fixos na cena de horror meticulosamente arquitetada diante dela. Distribuído pelo interior da caixa, o que deveria ser algodão branco está perversamente manchado em diferentes tons de vermelho, não respingos aleatórios, mas padrões que evocam pesadelos profundos. Por cima desta cama macabra, dois hamsters unidos grotescamente por seus próprios intestinos expostos, transformados num cordão umbilical, jazem em um saco plástico transparente cheio de um líquido amarelado e viscoso que imita o líquido amniótico, flutuando macabramente como uma representação distorcida de fetos gêmeos no útero materno. A metáfora mórbida é tão clara e perturbadora que faz seu sangue gelar nas veias.Com pernas tremendo incontrolavelmente, ela se aproxima, sentindo a náusea subir quando a primeira onda do odor pútrido invade suas narinas. Um cheiro metálico de decomposição que parece se infiltrar por cada poro de sua pele, impr
Vivienne solta a mala abruptamente e se lança para frente, seus braços envolvendo a cintura dele num gesto desesperado por proteção. Lágrimas de terror, medo e alívio começam a escorrer por seu rosto, enquanto se agarra a ele como sua última âncora de segurança. Dominic, surpreendido pela atitude inesperada, automaticamente desliza uma mão protetora pelas costas dela, enquanto a outra acaricia seus cabelos ainda úmidos, sentindo o tremor sutil que percorre o corpo dela contra o seu. Ao ouvir seu pranto angustiado, afasta-se ligeiramente, suas mãos enquadrando o rosto dela com delicadeza, enquanto seus polegares secam as lágrimas incessantes, observando sua respiração irregular com crescente preocupação.— Respire comigo. — Dominic instrui, com suavidade em sua voz, notando sua respiração errática. Com um movimento preciso do pé, fecha a porta e a guia gentilmente até o sofá, acomodando-a. — Estou aqui com você. — Continua, sua voz transmitindo uma calma que mascara sua crescente preoc
Dominic dirige pelas ruas da cidade com uma calma controlada, embora seu ímpeto seja ignorar toda a civilidade e cruzar a cidade como uma tempestade. O trânsito, entretanto, parece deliberadamente desafiar sua urgência.— Que demonstração patética para testar minha paciência. — Dominic murmura, com sarcasmo, golpeando o volante ao parar em um engarrafamento. — Droga! — Resmunga, seus dedos deslizando pela multimídia, enquanto busca rotas alternativas. — Uma obra-prima do planejamento viário. — Reclama, ao constatar que precisará desperdiçar trinta preciosos minutos para alcançar um desvio ridiculamente próximo. O toque do celular interrompe sua contemplação do caos urbano. — A que devo o desprazer? — Pergunta, com frieza calculada ao atender.— Negociar. — Noah articula, precariamente, através da mandíbula imobilizada. — Uma visita fraternal seria apropriada?— Negociar? — Repete, sua voz carregada de uma raiva contida que vibra em cada sílaba. — Permita-me declinar dessa proposta abs
Sua consciência oscila perigosamente, a escuridão ameaça engoli-lo num abismo sem fim, mas um pensamento atravessa sua mente. Vivienne e seus filhos precisam dele e falhar não é uma opção. Seus olhos encontram a caixa, perturbadoramente intacta no banco do passageiro, sua presença, uma provocação silenciosa que o impulsiona.Com dedos que tremem incontrolavelmente, toca a testa sentindo o sangue quente e viscoso escorrer. Sem se importar com a destruição do tecido fino, usa a manga da camisa para limpar o líquido que não para de fluir. Força-se a se ajeitar no banco, recostando a cabeça, enquanto sente sua mente explodir em ondas de dor e sua respiração tornar-se um exercício cada vez mais difícil. Os sons ao redor se transformam numa sinfonia caótica de vozes e buzinas. Fecha os olhos, tentando conter a vertigem que ameaça dominá-lo, e num movimento desesperado vasculha o porta-luvas atrás de qualquer coisa que amenize a dor lancinante. Encontra um comprimido que engole a seco, enqua
Dominic fixa seu olhar autoritário no único homem que lhe importa naquela sala. Grant permanece em sua posição de poder absoluto na cabeceira da mesa, a personificação da arrogância. Sem hesitar, Dominic aproxima-se com determinação, pousando a caixa sobre a mesa e empurrando-a com força, observando-a deslizar até parar sob o toque deliberadamente casual das mãos do avô.— O que temos aqui, filho? — Grant pergunta, como se não reconhecesse sua própria crueldade meticulosamente arquitetada. — Hoje, você terá o prazer de se juntar ao seu neto preferido. — Dominic dispara, a fúria guiando seus passos, enquanto avança na direção do avô, cego por um ódio que queima em suas veias.— Dominic, pelo amor de Deus! — Louis intercepta seu caminho, o horror nos olhos ao ver o sangue seco manchando a testa do sobrinho. Instintivamente, estende a mão para tocá-lo, mas a tentativa é cortada por um tapa, uma advertência clara e cortante para manter distância. — Mantenha-se fora disso, tio. — Adverte
Os braços e pernas de Dominic começam a sacudir violentamente, como se uma força invisível e cruel estivesse dilacerando seu corpo em direções opostas. Os movimentos são brutais, descontrolados, quase desumanos em sua intensidade. Sua mandíbula trava com força suficiente para fazer os dentes rangerem, enquanto um som primitivo, escapa de sua garganta. Louis se ajoelha rapidamente ao lado do sobrinho, tirando seu paletó e o colocando sob a cabeça de Dominic, tentando protegê-lo de ferimentos ainda mais graves.A pele de Dominic, antes apenas febril, agora exibe uma palidez alarmante, enquanto seus lábios azulados fazem o coração de Louis congelar por um instante. Seus olhos reviram, deixando à mostra apenas o branco, e seu corpo, em espasmos violentos, se contorce contra o chão gelado.— Estou aqui, filho. — Louis sussurra, sua voz tensa enquanto verifica as vias aéreas com precisão, virando-o de lado para evitar que se afogue em sua própria saliva. — Uma ambulância, agora! — Grita, pa
Instintivamente, Vivienne desliza as mãos para a barriga num gesto desesperadamente protetor, como se pudesse abraçar seus bebês através da pele. Gradualmente, sua respiração começa a normalizar conforme a realidade retoma seu lugar, embora o horror do pesadelo ainda pulse em suas veias. A visão grotesca parece ter sido gravada em sua retina com precisão cruel, não apenas um sonho nascido do medo da ameaça recebida, mas algo mais profundo, quase uma memória enterrada em algum canto escuro de sua mente.— Foi tão real, terrivelmente real. — Vivienne murmura, com voz embargada, deixando-se cair novamente no sofá, enquanto tremores insistentes percorrem seu corpo. — Como se já tivesse acontecido, como se eu já tivesse vivido aquele momento. — Continua, sua voz falhando, enquanto seus olhos encontram a lua brilhando imponente através da janela. — Que horas são? — Pergunta, abruptamente, levantando-se num movimento brusco para alcançar seu celular. Seu coração parece congelar ao ver que já
Dominic desliza a mão pelo próprio corpo, sentindo o tecido áspero da vestimenta hospitalar contra sua pele. Seus olhos percorrem o ambiente até identificar o familiar logotipo da clínica de seu tio. Com movimentos ainda letárgicos, observa o quarto em busca de seus pertences, localizando seu celular e relógio sobre uma cômoda adjacente à cama. Estica o braço, alcançando os objetos com dedos trêmulos.— Droga, era exatamente o que eu precisava para completar meu estresse. — Pronuncia, ao constatar que já são dez horas da manhã. Seu maxilar tenciona ao visualizar a tela do celular repleta de chamadas perdidas e mensagens de Vivienne. — Como se eu já não tivesse problemas suficientes. — Murmura, deslizando para fora da cama, irritado consigo mesmo por deixá-la sozinha. Quando seus pés encontram o chão frio, a porta do quarto se abre abruptamente, revelando Louis acompanhado de uma enfermeira, ambos com expressões preocupadas.— Dominic, presumo que esteja tentando adicionar mais uma con