Vivienne permanece ali por mais alguns minutos, contemplando seus meninos com um amor que parece maior do que ela. Seu coração bate forte, como se estivesse fora do peito, pulsando naqueles pequenos seres que agora significam tudo para ela.Cada detalhe, cada movimento mínimo, cada respiração dos bebês é precioso. Ela grava tudo em sua memória, como se nunca quisesse esquecer aquele instante. Mas ainda falta um pedaço do seu mundo.Algum tempo depois, a enfermeira retorna, guiando-os até outra ala da UTI neonatal, a de cuidados intensivos. O simples pensamento faz o peito de Vivienne apertar. Ali estava sua filha. Sua guerreira.Dominic empurra sua cadeira com delicadeza, mas dentro dela, a ansiedade cresce como uma tempestade. A vontade de se levantar e correr até sua pequena é quase incontrolável. Ela queria segurá-la nos braços, protegê-la, sussurrar palavras de amor e transferir para ela toda a força que tinha.O ambiente é silencioso, quebrado apenas pelo ritmo constante dos moni
Após o tempo de visita se encerrar, Dominic guia Vivienne de volta ao quarto, auxiliando-a a se acomodar na cama com todo o cuidado. O silêncio se instala entre eles, mas não é um silêncio pesado, é um silêncio carregado de esperança.— Foi assustador, Dom. — Vivienne começa, a voz baixa, quase um sussurro. — Pulei da ambulância. — Murmura, quase para si mesma, enquanto as peças finalmente se encaixam. O carro. O impacto. O som da ambulância. O medo sufocante. A fuga. Vivienne sente o coração acelerar, como se seu corpo ainda estivesse preso àquele momento. Como se, por um instante, o perigo ainda fosse real.O entendimento se solidifica em sua mente, como um choque elétrico percorrendo seu corpo. Ela não tinha somente fugido. Tinha se jogado no desconhecido, no desespero, na necessidade instintiva de proteger seus filhos.Dominic segura a mão de Vivienne, acariciando-a com delicadeza, como se quisesse confortá-la e, ao mesmo tempo, a si mesmo. Pensar em tudo o que ela passou não era
Ali, no calor dos braços um do outro, na segurança reconfortante que Dominic lhe proporciona, Vivienne adormece lentamente, embalada pelos toques afetuosos dele. Cada carícia, cada movimento suave de seus dedos em sua pele é uma promessa silenciosa de amor e proteção.Dominic observa o rosto sereno dela, absorvendo cada detalhe, as pálpebras cerradas, a respiração ritmada, o leve movimento do peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Ela finalmente estava descansando, e isso era tudo o que ele queria.Por um longo tempo, ele simplesmente fica ali, sem vontade de se mover, sem querer quebrar aquele momento. Então, a realidade o alcança. Seu próprio corpo exige atenção.Soltando um suspiro pesado, ele se obriga a sair do quarto, afastando-se de Vivienne com o máximo de cuidado para não a despertar. Seu olhar permanece nela até o último instante antes de cruzar a porta. Ele precisava se cuidar também, se manter forte para ela, para os filhos, para tudo que estava por vir.Dominic c
Florence caminha de um lado para o outro, seus saltos ecoando de maneira ritmada contra o mármore impecável do quarto luxuoso onde está. O brilho refinado do ambiente contrasta com o turbilhão de frustração que cresce dentro dela.Sua paciência já se esgotou há muito tempo, e o silêncio do outro lado da linha só faz sua irritação aumentar. Ela pressiona o telefone contra o ouvido com força, os dedos tamborilando impacientemente na lateral do corpo, enquanto sua mandíbula se contrai, refletindo a tensão que pulsa sob sua pele. Cada segundo sem resposta é uma afronta.— Já chega dessa incompetência. — Florence começa, a voz cortante, afiada, carregada de uma irritação fria e contida. — Não me interessa que ela esteja no hospital, Maximilian. — Continua, sua entonação se torna ainda mais rígida, cada palavra carregada de desprezo. — Você me garantiu que tinha o controle da situação, e agora tudo está desmoronando diante dos meus olhos.— Bem, as coisas seriam muito mais fáceis se você nã
O tempo parecia ter adquirido um novo significado para Vivienne e Dominic nos últimos vinte dias. Enquanto os bebês lutavam para crescer e se fortalecer, Vivienne travava sua própria batalha, a de se recuperar.Os primeiros dias haviam sido difíceis. A cicatriz da cesariana ardia a cada movimento, os passos eram lentos, limitados, e a perda de sangue a deixava em um estado de exaustão constante. Havia momentos em que seu corpo parecia não acompanhar a força que sua mente insistia em ter. Mas Dominic estava ali, sempre. A cada instante, ao menor sinal de dor ou cansaço, ele estava presente, atento, cuidando dela como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.Com o tempo, seu corpo foi recuperando forças. Já conseguia caminhar pelo hospital sem ajuda, a dor havia diminuído consideravelmente, e os exames indicavam que seus níveis de ferro estavam normalizados. Ainda sentia o corpo mais fraco do que gostaria, mas os médicos estavam satisfeitos com sua evolução. Seus filhos estavam vencend
Dominic e Vivienne observam a filha com os olhos marejados, o coração pulsando de alívio e gratidão. Diana conseguiu. Contra todas as probabilidades, sua pequena guerreira respirava sozinha. Era um momento que eles desejaram, temeram e finalmente estavam vivendo.Vivienne sente o peito se expandir, como se, pela primeira vez em semanas, pudesse respirar sem o peso esmagador da incerteza. Dominic, ao seu lado, mantém o olhar fixo na bebê, e um suspiro carregado de emoção escapa de seus lábios. Mas a sensação de alívio dura pouco. O monitor emite um som diferente, sutil no início, mas suficiente para fazer a tensão se infiltrar no ambiente como uma corrente fria. Vivienne sente o corpo enrijecer, os dedos de Dominic se fecham ao redor da mão dela, e em um instante, o medo que haviam acabado de afastar volta a se instalar com força.— Monitorando. — Informa a enfermeira, a voz baixa, mas firme, enquanto seus olhos permanecem cravados nos monitores.Diana respirava, mas seu pequeno peito
O noticiário continua a exibir a prisão de Maximilian, e, em poucos segundos, Florence compreende o motivo. Ele foi detido pelo abuso e assassinato da jovem que, em um erro fatal, se entregou a ele. Mas uma pergunta começa a martelar em sua mente, uma dúvida que a desconcerta, como a polícia soube disso agora? Seu rosto empalidece lentamente ao ver, em detalhes cruéis, as imagens da autópsia verdadeira sendo projetadas na tela. Cada uma é um lembrete cortante de que sua jogada final está arruinada, uma lâmina afiada que fere sua sanidade, deixando-a em estado de paralisia. Como aquilo foi possível? Como tudo o que parecia tão meticulosamente planejado agora se desfaz diante dela? Por que, depois de tanto tempo, esse caso sombrio vem à tona, revivido com uma ferocidade inesperada? Ela tenta conectar desesperadamente os pontos, mas as respostas continuam a escorregar entre seus dedos, fugindo como fumaça. — Mas que inferno! — Grita, lançando o controle contra a televisão. A tela pisc
Vivienne sente seu peito se apertar, tomada por uma mistura intensa de tristeza, indignação e confusão. Toda a estrutura de sua vida, erguida sobre uma mentira, desmorona diante dela. Tudo o que acreditava sobre sua origem, sobre quem ela realmente era, agora escorre por entre seus dedos, como areia fina, impossível de reter.Dominic a observa atentamente, captando a turbulência de emoções que transbordam de seus olhos. Ele se inclina suavemente, seus gestos carregados de ternura e, com extrema delicadeza, segura seu rosto, seus polegares, apagando as lágrimas que escorrem pela pele dela, como se quisesse apagar, ao menos por um momento, a dor que a consome.— Sempre vivi uma mentira. — Vivienne sussurra, a voz baixa e carregada de um novo entendimento. Ela percebe, com um peso crescente, que não foram somente os últimos anos que a separaram de sua verdade, mas desde o momento em que nasceu, essa mentira a acompanhou. — Meu avô acompanhou cada momento da minha dor, me ofereceu confort