O noticiário continua a exibir a prisão de Maximilian, e, em poucos segundos, Florence compreende o motivo. Ele foi detido pelo abuso e assassinato da jovem que, em um erro fatal, se entregou a ele. Mas uma pergunta começa a martelar em sua mente, uma dúvida que a desconcerta, como a polícia soube disso agora? Seu rosto empalidece lentamente ao ver, em detalhes cruéis, as imagens da autópsia verdadeira sendo projetadas na tela. Cada uma é um lembrete cortante de que sua jogada final está arruinada, uma lâmina afiada que fere sua sanidade, deixando-a em estado de paralisia. Como aquilo foi possível? Como tudo o que parecia tão meticulosamente planejado agora se desfaz diante dela? Por que, depois de tanto tempo, esse caso sombrio vem à tona, revivido com uma ferocidade inesperada? Ela tenta conectar desesperadamente os pontos, mas as respostas continuam a escorregar entre seus dedos, fugindo como fumaça. — Mas que inferno! — Grita, lançando o controle contra a televisão. A tela pisc
Vivienne sente seu peito se apertar, tomada por uma mistura intensa de tristeza, indignação e confusão. Toda a estrutura de sua vida, erguida sobre uma mentira, desmorona diante dela. Tudo o que acreditava sobre sua origem, sobre quem ela realmente era, agora escorre por entre seus dedos, como areia fina, impossível de reter.Dominic a observa atentamente, captando a turbulência de emoções que transbordam de seus olhos. Ele se inclina suavemente, seus gestos carregados de ternura e, com extrema delicadeza, segura seu rosto, seus polegares, apagando as lágrimas que escorrem pela pele dela, como se quisesse apagar, ao menos por um momento, a dor que a consome.— Sempre vivi uma mentira. — Vivienne sussurra, a voz baixa e carregada de um novo entendimento. Ela percebe, com um peso crescente, que não foram somente os últimos anos que a separaram de sua verdade, mas desde o momento em que nasceu, essa mentira a acompanhou. — Meu avô acompanhou cada momento da minha dor, me ofereceu confort
Após as últimas descobertas, Vivienne se permitiu desmoronar. Eram muitas coisas para processar ao mesmo tempo, e ela sabia que podia fraquejar, mas também sabia que Dominic estaria ao seu lado, pronto para lhe oferecer consolo. E foi exatamente isso que ele fez ao longo do dia, com sua presença silenciosa, oferecendo apoio sem pressa, sem palavras, apenas sendo o pilar de que ela tanto precisava.— Toda a dor irá passar, pequena. — Dominic murmura, suavemente, segurando Vivienne nos braços. Mesmo enquanto dorme, ela se debate, como se o peso de tudo ainda a estivesse atormentando, mesmo no descanso.O tempo parecia passar de maneira estranha, rápido em alguns momentos e, ao mesmo tempo, dolorosamente lento em outros. Seus bebês estão completando um mês de vida. Um mês desde que haviam chegado ao mundo antes do tempo, pequenos e frágeis, ligados a fios e monitores que os mantinham vivos. Um mês desde que o medo de os perder se tornou um peso constante no peito de Vivienne e Dominic.
Dominic e Vivienne são orientados a se sentar nas confortáveis poltronas, cuidadosamente preparadas pela equipe da UTI para o primeiro contato prolongado com os bebês. Seus olhos marejados refletem toda a expectativa e emoção daquele momento, enquanto aguardam, cheios de ansiedade e ternura.— Parece um sonho. — Vivienne sussurra, sentindo a suavidade do aperto de mão de Dominic, um gesto silencioso de apoio e carinho.— Desta vez, é real, pequena. — Dominic responde, a voz suave, com os olhos fixos nos pequenos pacotes de vida diante deles, o coração cheio de uma alegria indescritível.A enfermeira trouxe Damon primeiro, entregando-o para Vivienne, que não segura as lágrimas ao sentir seu bebê em seus braços. Seu corpinho agora parece mais forte, os traços mais definidos. A pele que antes era tão fina e delicada agora está mais encorpada, mais corada. Ele ainda parece frágil, mas, para ela, ele é perfeito.— Oi, meu amor. — Murmura, sentindo o pequeno em seu peito. Seu coração se aqu
Dominic se mantém sempre informado sobre cada nova atualização, mas escolhe entregar as notícias a Vivienne gradualmente. Foi assim com a prisão de Maximilian, algo que a abalou profundamente, pois por anos Vivienne acreditou que sua amiga havia se suicidado. Mas agora, ela entende, com uma dor ainda maior, que infelizmente ela foi vítima das mãos daquele monstro.Maximilian negou por dias todas as acusações, mas o legista envolvido no caso efetuou um acordo, oferecendo seu depoimento em troca de sua liberdade. Mesmo contrariados, os pais da vítima resolveram aceitar e, como resultado, o legista recebeu somente uma multa irrisória e cinco anos de serviços comunitários. Contudo, o testemunho do legista foi crucial para garantir que Maximilian permanecesse preso, sem direito à liberdade provisória. E, por se tratar de abusos, ele pagou caro pelos seus atos, sendo espancado e abusado diariamente pelos outros detentos.Florence, por sua vez, continua desaparecida. Sempre que a polícia de
Assim que chega ao hospital, Natasha é imediatamente conduzida para o quarto onde será realizado seu parto. Noah está presente, ignorando o olhar de fúria da mulher, agora irreconhecível. A dor insuportável a transformou, tornando-a ainda mais assustadora, como se a dor tivesse levado embora qualquer vestígio de sua humanidade.Cada contração é um lembrete brutal de tudo o que ela mais odiava naquela gravidez. O suor escorre pela sua testa e sua respiração, entrecortada por gritos de fúria e sofrimento, ecoa pelo quarto. Ela só quer que aquilo acabe, que arranquem aquele incômodo de dentro dela, como se pudesse finalmente se livrar de toda a dor e o peso que carrega.— Exijo uma cesárea! — Natasha grita, com uma raiva que transborda, agarrando o braço da enfermeira com brutalidade. — Cortem essa m*****a coisa de dentro de mim! — Vocifera, sua voz cheia de ódio, como se cada palavra fosse uma tentativa desesperada de livrar-se do que a tortura.— Senhorita Sinclair, já está tarde demais
Assim que sua bebê é cuidadosamente retirada de seus braços para passar pelos primeiros exames e pelo banho, Noah se dirige para a recepção, seu coração ainda batendo acelerado com a emoção do momento.Quando Dominic o vê, faz um movimento automático para se levantar, mas logo percebe Margot, que chegou há alguns minutos, e com um gesto sutil, ele decide permanecer sentado. Seus olhos seguem o irmão, que, em um ato de ternura silenciosa, vai ao encontro de Margot e se entrega aos seus braços. Dominic observa a cena satisfeito, um sorriso discreto surgindo em seus lábios, como se finalmente visse algo que o fazia sentir que as coisas estavam se alinhando da maneira certa.— Minha princesa nasceu. — Noah murmura, a voz embargada de emoção, enquanto envolve Margot em seus braços. — Ela é perfeita, Margot. — Continua, com os olhos brilhando de felicidade, segurando o rosto dela entre as mãos com ternura. Sem se importar com o que está ao redor, ele a beija suavemente, o gesto repleto de a
Natasha se recusou a amamentar a filha, assim como a visitá-la na UTI neonatal, mesmo diante das insistências de seu pai, que sabia que essa atitude pós-parto poderia complicar seus planos. Apesar dos apelos, ela manteve sua decisão, afastando-se completamente da bebê.Vivienne, sensibilizada com a situação daquela pequena indefesa, se ofereceu para doar leite para a bebê, garantindo que ela tivesse o alimento necessário para se fortalecer. Enquanto isso, Noah conseguiu a liberação para que Margot o acompanhasse na UTI neonatal, permitindo que ela estivesse presente nos momentos mais delicados da filha.Quando Margot pegou a bebê no colo pela primeira vez, algo inexplicável aconteceu. Um calor preencheu seu peito, uma conexão profunda que ela não esperava. Foi um instante transformador, como se, de alguma forma, estivesse destinada a amar e proteger aquela criança.Ela se apaixonou pela pequena naquele exato momento, não somente por ser filha do homem que ama, mas porque a bebê tinha