Mas Alejandro não se deixa levar. Ele estreita os olhos, como se não acreditasse em uma palavra do que eu digo.— Não me faça molhar minhas roupas por causa de você — ele diz, o tom mais baixo, quase desafiador.— E como eu faria isso? — pergunto, uma pitada de provocação na voz, mas imediatamente me arrependo. Ele não está de humor para brincadeiras.Ele se levanta e vem na minha direção, a sombra de um sorriso dançando em seus lábios, mas é um sorriso carregado de algo muito mais sombrio, como se soubesse de um segredo que eu ainda não descobri.— Você tem um talento especial para criar situações complicadas — ele responde, com uma ponta de exasperação na voz.Ele inclina a cabeça levemente, como se avaliasse meu rosto, e então o olhar dele percorre meu corpo de uma forma que não pode mais ser disfarçada. O calor que sinto agora não vem apenas do sol. Apesar de sua postura controlada, o desejo nos olhos dele é claro, e por um momento, me sinto exposta, mas ao mesmo tempo curiosa sob
Há um brilho de empatia nos olhos dele, e isso me faz perceber que, apesar do caos e da dor, ele está verdadeiramente comprometido em me ajudar. A sensação de estar sendo cuidado por alguém de forma tão genuína é reconfortante, mesmo que eu ainda sinta um pouco de vergonha por ter causado tanto alvoroço.— Eu só queria que as coisas fossem diferentes — confesso, minha voz falhando um pouco. — Às vezes, parece que tudo conspira para dar errado.Alejandro não diz nada e me oferece o comprimido com a água gelada.— Obrigada, Alejandro — digo, finalmente. — Por tudo.— Bem, enquanto se recupera, vou tomar um banho de mar. Estou morrendo de calor — diz Alejandro, e sem hesitar começa a despir-se. Primeiro, ele retira a camisa, depois os sapatos e as meias. Com movimentos rápidos, desata o cinto e abaixa as calças.Sinto um impulso de olhar, mas, envergonhada, abaixo a cabeça. Ouço a gargalhada e intrigada com o motivo, ergo o olhar. Com um alívio inesperado, vejo que ele está usando um ele
LunaSigo até casa com passos apressados, sentindo o calor do sol ainda em minha pele e a mente atordoada pela mistura de emoções. A dor nas pernas e braços ainda lateja, mas é a vergonha que realmente me consome. Não só pelo que aconteceu na praia, mas pelo jeito como Alejandro me olhou, pela forma como a tensão entre nós pareceu preencher o ar.A porta de vidro mal se fecha atrás de mim quando ouço os passos rápidos de Marta. Ela surge no corredor, os olhos arregalados, claramente surpresa ao me ver assim, desarrumada, os cabelos ainda úmidos e grudados no rosto.— Luna! — exclama ela, a voz carregada de preocupação. — O que aconteceu? Por que Alejandro correu aqui atrás de vinagre?Ela se aproxima rápido, sem dar tempo para que eu responda, os olhos varrendo meu corpo em busca de alguma explicação. Marta sempre foi atenta aos detalhes, e agora seus olhos saltam de mim para a porta, para a praia lá fora, e então voltam para mim.— Eu... fui à praia com Alejandro. — A frase sai de fo
Ele estende a mão, seus dedos tocando de leve a minha pele. O contato, mesmo breve, envia uma corrente elétrica pelo meu corpo. Tudo em mim se acende, e tento disfarçar, lutando para me manter no controle.— Eu devia ter lembrado você de passar protetor — ele murmura, como se falasse para si mesmo. Sua mão repousa no meu braço, o calor do toque é quase insuportável, mas de uma forma que me faz querer mais, que me faz desejar o impossível.— Eu... não tinha — a minha voz mal sai, um sussurro perdido no silêncio sufocante entre nós.Ele me encara por um instante longo demais, e sinto algo dentro de mim desmoronar.— Peça para Marta comprar, eu pago — sua voz é firme, como se não houvesse discussão possível.— Não precisa — tento argumentar, mas ele me corta.— Precisa!— Está certo — cedo, porque lutar contra ele é uma batalha perdida antes mesmo de começar.Seus olhos descem novamente, dessa vez focados nas marcas vermelhas da água-viva que ainda tingem meus braços. Sem pedir, ele se a
LunaOs dias desde aquele episódio na praia se arrastam, e o que aconteceu entre nós não me deixa em paz. Cada vez que o vejo, seja no jantar em família ou em um encontro casual pelos corredores, é como se o ar ao nosso redor ficasse mais denso. A cada troca de olhares, sinto que ele me busca, que quer arrancar de mim respostas que nem eu sei como dar. Tentei fingir normalidade, manter as aparências, mas a verdade é que a tensão entre nós cresce a cada instante.Hoje, no escritório dele, algo está prestes a acontecer. Ele me chamou para limpar sua mesa, mas, diferente das outras vezes, ele não saiu do recinto. Alejandro permanece junto à janela, o olhar fixo em algum ponto distante. Seu semblante parece concentrado, mas a cada movimento que faço, sinto seus olhos pousando sobre mim, como se estivessem me avaliando, esperando.O silêncio é quase palpável. Sinto como se estivesse respirando a mesma tensão que preenche o espaço entre nós. Tento focar no meu trabalho, limpar a mesa como m
—Retire suas roupas. Quero você nua e encurvada sobre minha mesa. Vou te possuir agora!Aquelas palavras caem sobre mim como uma avalanche, esmagando o que restava de qualquer conexão real entre nós. Todo o calor, a tensão que antes me deixava em um estado de confusão e desejo, agora se transformava em algo muito mais frio e sombrio. Não era o Alejandro que eu pensava conhecer. Esse Alejandro é outra pessoa — cruel, implacável, reduzindo-me a um objeto, um capricho momentâneo.Eu sinto o peso da decepção se arrastando sobre minha pele, junto com uma vergonha que não consigo disfarçar. Por que eu? Por que ele escolheu destruir o que já era tão frágil entre nós com essa única ordem? O silêncio que se segue parece durar uma eternidade, e minhas palavras mal saem dos meus lábios, embargadas pela dor.— Como? — minha voz falha, tão baixa que eu mesma mal a reconheço.Ele não hesita, como se fosse uma resposta óbvia, como se meu consentimento nunca tivesse sido uma consideração.— É isso me
LunaDesde aquele dia no escritório, a atmosfera entre nós mudou de maneira irreversível. O que antes parecia ser apenas uma nuvem passageira de tensão transformou-se numa tempestade incessante, pesada, que se instala em cada cômodo da casa. Eu queria acreditar que, após aquela discussão, as coisas se acalmariam, que haveria algum alívio, algum fim para esse desconforto que paira entre nós. Mas fui ingênua. Agora, cada vez que entro em um ambiente para limpar, sinto a rigidez no ar, como se eu fosse uma presença indesejada, uma ameaça silenciosa.Alejandro me trata como se eu fosse invisível, mas ao mesmo tempo, sua indiferença me fere de uma maneira que a presença dele sempre parece anunciar a sua ausência. Ele sai do cômodo assim que eu entro, como se o ar se tornasse pesado demais para ele respirar ao meu lado. A frieza de sua atitude corta fundo, me fazendo questionar se há algo em mim que o afasta tanto. É como se, para ele, eu fosse um lembrete constante de algo que prefere igno
Luna se aproxima daquele jeito que me tira do controle, seu quadril balançando de maneira que intensifica a tensão com cada passo. Pega a mesinha ao lado da minha cama e estende no meu colo.Seu cheiro enlouquecedor somado a sua mão sem querer tocar a minha, gera uma descarga elétrica que atravessa meu corpo, e toda a contenção que venho me esforçando para manter começa a se desfazer.— Caralho! — penso, tentando segurar as rédeas. O desejo que ela desperta é esmagador, impossível de ignorar. Sua proximidade não faz nada além de alimentar esse fogo que só cresce dentro de mim.Mesmo com todos os problemas e complicações que já carrego, o que sinto agora é intenso demais para ser negado. A realidade do meu desejo é inescapável, e tê-la aqui, tão perto, apenas intensifica a guerra interna que travo. Seu jeito, os olhos que me atravessam, a pele que parece convidar ao toque, e o corpo que faz meu desejo arder quase dolorosamente cada vez que olho. Tento desviar o olhar, mas é inútil. Ela