Ele estende a mão, seus dedos tocando de leve a minha pele. O contato, mesmo breve, envia uma corrente elétrica pelo meu corpo. Tudo em mim se acende, e tento disfarçar, lutando para me manter no controle.— Eu devia ter lembrado você de passar protetor — ele murmura, como se falasse para si mesmo. Sua mão repousa no meu braço, o calor do toque é quase insuportável, mas de uma forma que me faz querer mais, que me faz desejar o impossível.— Eu... não tinha — a minha voz mal sai, um sussurro perdido no silêncio sufocante entre nós.Ele me encara por um instante longo demais, e sinto algo dentro de mim desmoronar.— Peça para Marta comprar, eu pago — sua voz é firme, como se não houvesse discussão possível.— Não precisa — tento argumentar, mas ele me corta.— Precisa!— Está certo — cedo, porque lutar contra ele é uma batalha perdida antes mesmo de começar.Seus olhos descem novamente, dessa vez focados nas marcas vermelhas da água-viva que ainda tingem meus braços. Sem pedir, ele se a
LunaOs dias desde aquele episódio na praia se arrastam, e o que aconteceu entre nós não me deixa em paz. Cada vez que o vejo, seja no jantar em família ou em um encontro casual pelos corredores, é como se o ar ao nosso redor ficasse mais denso. A cada troca de olhares, sinto que ele me busca, que quer arrancar de mim respostas que nem eu sei como dar. Tentei fingir normalidade, manter as aparências, mas a verdade é que a tensão entre nós cresce a cada instante.Hoje, no escritório dele, algo está prestes a acontecer. Ele me chamou para limpar sua mesa, mas, diferente das outras vezes, ele não saiu do recinto. Alejandro permanece junto à janela, o olhar fixo em algum ponto distante. Seu semblante parece concentrado, mas a cada movimento que faço, sinto seus olhos pousando sobre mim, como se estivessem me avaliando, esperando.O silêncio é quase palpável. Sinto como se estivesse respirando a mesma tensão que preenche o espaço entre nós. Tento focar no meu trabalho, limpar a mesa como m
—Retire suas roupas. Quero você nua e encurvada sobre minha mesa. Vou te possuir agora!Aquelas palavras caem sobre mim como uma avalanche, esmagando o que restava de qualquer conexão real entre nós. Todo o calor, a tensão que antes me deixava em um estado de confusão e desejo, agora se transformava em algo muito mais frio e sombrio. Não era o Alejandro que eu pensava conhecer. Esse Alejandro é outra pessoa — cruel, implacável, reduzindo-me a um objeto, um capricho momentâneo.Eu sinto o peso da decepção se arrastando sobre minha pele, junto com uma vergonha que não consigo disfarçar. Por que eu? Por que ele escolheu destruir o que já era tão frágil entre nós com essa única ordem? O silêncio que se segue parece durar uma eternidade, e minhas palavras mal saem dos meus lábios, embargadas pela dor.— Como? — minha voz falha, tão baixa que eu mesma mal a reconheço.Ele não hesita, como se fosse uma resposta óbvia, como se meu consentimento nunca tivesse sido uma consideração.— É isso me
LunaDesde aquele dia no escritório, a atmosfera entre nós mudou de maneira irreversível. O que antes parecia ser apenas uma nuvem passageira de tensão transformou-se numa tempestade incessante, pesada, que se instala em cada cômodo da casa. Eu queria acreditar que, após aquela discussão, as coisas se acalmariam, que haveria algum alívio, algum fim para esse desconforto que paira entre nós. Mas fui ingênua. Agora, cada vez que entro em um ambiente para limpar, sinto a rigidez no ar, como se eu fosse uma presença indesejada, uma ameaça silenciosa.Alejandro me trata como se eu fosse invisível, mas ao mesmo tempo, sua indiferença me fere de uma maneira que a presença dele sempre parece anunciar a sua ausência. Ele sai do cômodo assim que eu entro, como se o ar se tornasse pesado demais para ele respirar ao meu lado. A frieza de sua atitude corta fundo, me fazendo questionar se há algo em mim que o afasta tanto. É como se, para ele, eu fosse um lembrete constante de algo que prefere igno
Luna se aproxima daquele jeito que me tira do controle, seu quadril balançando de maneira que intensifica a tensão com cada passo. Pega a mesinha ao lado da minha cama e estende no meu colo.Seu cheiro enlouquecedor somado a sua mão sem querer tocar a minha, gera uma descarga elétrica que atravessa meu corpo, e toda a contenção que venho me esforçando para manter começa a se desfazer.— Caralho! — penso, tentando segurar as rédeas. O desejo que ela desperta é esmagador, impossível de ignorar. Sua proximidade não faz nada além de alimentar esse fogo que só cresce dentro de mim.Mesmo com todos os problemas e complicações que já carrego, o que sinto agora é intenso demais para ser negado. A realidade do meu desejo é inescapável, e tê-la aqui, tão perto, apenas intensifica a guerra interna que travo. Seu jeito, os olhos que me atravessam, a pele que parece convidar ao toque, e o corpo que faz meu desejo arder quase dolorosamente cada vez que olho. Tento desviar o olhar, mas é inútil. Ela
"Ela só pode estar fazendo isso para me provocar!" Seu sorriso, a maneira como ela me olha, tudo isso está me desestabilizando de formas que eu não consigo controlar. A ideia de que ela possa estar manipulando a situação para me provocar é perturbadora, mas, ao mesmo tempo, eu me sinto atraído por ela de uma forma que não posso ignorar.A maneira como ela me olha, como se soubesse exatamente o efeito que tem sobre mim, me faz questionar se ela está realmente tão alheia ao que está causando. Mas, por outro lado, é possível que eu esteja interpretando errado suas intenções. O desejo que sinto por ela pode estar me levando a ver manipulação onde não há.A lembrança da mulher que me traiu me assombra, e o medo de que Luna seja semelhante àquela pessoa só aumenta minha determinação em manter a distância. Meu instinto de autoproteção, afiado por anos de desilusão e traição, me diz para não me deixar levar pelas emoções. No entanto, a linha entre proteção e paranoia está se tornando cada vez
Conversamos por mais alguns minutos, e conforme a ligação vai terminando, sinto um alívio ao saber que minha mãe está tranquila.Depois de desligar o celular, eu me deito na cama, absorta em pensamentos. A conversa com minha mãe foi um bálsamo para minha alma, uma lembrança reconfortante da estabilidade e do calor de casa que sempre conheci.Olho ao redor do quarto, que embora seja confortável, não tem o mesmo calor que uma verdadeira casa familiar. As paredes, adornadas com quadros e móveis elegantes, não têm o mesmo carinho e intimidade de um lar onde cada objeto carrega uma história e cada canto é preenchido com amor.Já Alejandro sua vida é marcada por cicatrizes profundas, mais profundas do que qualquer um consegue perceber à primeira vista. E eu, de alguma forma, fui puxada para dentro desse emaranhado de dor e amargura.Penso na minha própria vida, nas coisas que sempre considerei certas: a segurança de um lar, o carinho da minha mãe, o conforto de saber o que, acontece o que a
— O que aconteceu? — A pergunta vem mais baixa, mais suave do que eu esperava, e a surpresa no rosto dele me atinge. Alejandro nunca pareceu preocupado com o que se passa dentro de mim. Até agora.Eu desvio o olhar, mordendo o lábio, tentando me recompor, mas não adianta. A pressão dentro de mim se rompe.— Meu pai... — começo, mas a palavra sai em um soluço. Respiro fundo e tento novamente, forçando a voz a sair. — Minha mãe ligou... Ele está de cama... a artrose piorou.Alejandro fica em silêncio por um momento, como se não soubesse o que dizer. Vejo seus olhos mudarem, suavizarem, enquanto ele absorve minhas palavras. Ele respira fundo e dá alguns passos até ficar mais próximo, sua expressão agora carregada de algo que não consigo identificar. Preocupação? Empatia?— Eu... sinto muito, Luna — ele diz, a voz baixa, mas cheia de uma sinceridade que me desarma.Eu não esperava isso. Dele, muito menos. Quando levanto o olhar, Alejandro não parece mais o magnata firme e implacável. Ele