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Volte para o buraco de onde saiu

Agradeço com um sorriso, sentindo-me um pouco mais à vontade. Depois de toda a grandiosidade que vi, é bom ter um espaço só meu, mesmo que seja pequeno.

— E, por fim, gostaria de te apresentar a Alejandro — diz Marta, mencionando o nome com uma leve hesitação, que não passa despercebida. — Ele assumiu todas as responsabilidades na empresa. É ele quem vai estar mais presente aqui durante o verão.

Há algo no tom dela que me faz sentir um frio na espinha. Ela não diz mais nada sobre Alejandro, e eu não pergunto, mas a forma como ela evita contato visual enquanto fala dele me deixa intrigada.

— Agora, descanse um pouco — Marta sugere, sorrindo novamente. — Eu sei que a viagem foi longa. Quando estiver pronta, podemos começar a explorar mais a fundo suas tarefas.

Assinto e, assim que Marta sai do quarto, deixo-me cair na cama. Fecho os olhos por um momento, tentando processar tudo o que está acontecendo. Este lugar, esta casa, tudo é tão diferente de tudo o que conheço. E, embora haja um certo conforto na rotina que começarei em breve, não consigo afastar a sensação de que algo está por vir — algo que mudará minha vida de uma forma que ainda não consigo prever.

Após descansar um pouco, decido explorar a casa melhor por conta própria. Caminho pelos corredores silenciosos, permitindo-me absorver a atmosfera do lugar. Ao entrar no grande salão do casarão, sou imediatamente envolvida pela grandiosidade do ambiente. As paredes altas e adornadas com tapeçarias antigas dão ao local um ar austero, quase intimidador. E então, eu o vejo.

De pé, próximo a uma das imensas janelas de vidro, um homem de beleza quase sobrenatural observa o exterior com um olhar distante. Nunca havia visto alguém tão bonito na vida. No entanto, algo parece errado com ele. Sua figura imponente está envolta em uma nuvem negra, tamanha é a carranca em seu rosto. Ele exala uma autoridade tão intensa que o ar ao redor parece mais denso e carregado. Ao lado dele, um homem idoso, sentado em uma poltrona, o observa com um semblante grave e impassível.

— Você precisa abandonar o passado de uma vez por todas. Esqueça aquela mulher — diz o homem, com uma urgência que transparece em cada palavra.

Eu me sinto paralisada por um momento, absorvendo a gravidade da conversa que estou testemunhando. O homem sentado na poltrona, que deduzo ser o pai de Alejandro, fala com um tom firme e carregado de determinação.

Alejandro mantém-se de costas para seu pai, o olhar fixo no horizonte além da janela. Sua postura rígida e o silêncio tenso que se segue demonstram o peso da decisão que está sendo exigida dele.

— Alejandro, é hora de seguir em frente. Sua vida não pode ficar estagnada assim. Eu quero ter um neto para carregar nos braços — diz o pai de Alejandro, a voz carregada de um tom mais imperativo.

Finalmente, Alejandro se volta para seu pai, revelando uma expressão fria e distante. Mas há uma faísca de vulnerabilidade em seu olhar, uma fissura em seu exterior imperturbável. Felizmente, ele parece alheio à minha presença, imerso nos dilemas que o cercam.

— Sei disso, pai — responde Alejandro, sua voz mantendo um tom controlado, mas com uma leve inflexão de cansaço.

O pai de Alejandro suspira profundamente, seu semblante revelando um misto de frustração e exaustão.

— Anastácia é a mulher ideal para você. Sempre disse isso e continuo insistindo. Até quando vai ignorar a minha opinião? Dê uma chance a ela. Saia com ela.

Alejandro permanece em silêncio, absorvendo a magnitude da responsabilidade que seu pai lhe impõe.

Ele exala um suspiro pesado, carregado de frustração.

— Vou pensar nisso.

— Pensar não basta. É hora de agir. Até quando vai manter essa abstinência sexual? Já dura tempo demais...

—Olha quem fala.

—Eu nunca precisei de outra mulher. Tive você e... —meu pai suspira, provavelmente lembrando-se do meu falecido irmão —e isso me bastava. Mas o seu caso é diferente. Você precisa de um herdeiro!

Sentindo que já ouvi mais do que deveria, recuo lentamente, tentando não chamar a atenção, contudo o homem que está em pé me nota e sou descoberta. Por um segundo, o impulso é me desculpar e recuar. No entanto, algo na expressão de Alejandro me prende no lugar. Ele parece aferir minha presença, ponderando o impacto dessa testemunha silenciosa em sua vida já tumultuada.

Seu olhar é afiado, penetrante, como se pudesse ver através de mim e descobrir todos os meus segredos. Há uma crueldade sutil na maneira como me avalia, como se eu fosse nada mais do que uma peça em seu jogo e meu coração dispara.

— Quem é você? — sua voz ressoa pelo salão, fria e autoritária. O pai dele se senta melhor e me olha.

A dureza de suas palavras b**e forte em mim, mas me forço a não vacilar. Sustento o seu olhar com toda a força que consigo reunir, determinada a não ser derrubada por ele.

— Eu sou Luna, a nova empregada — respondo, tentando soar firme, mas minha voz sai mais baixa do que gostaria e então minto. — Marta me pediu para me familiarizar com a casa.

Alejandro me encara por um momento que parece durar uma eternidade. Seus olhos, frios e calculistas, me analisam como se tentasse decifrar minhas intenções ou uma fraqueza que ele pudesse explorar. Ao seu lado, o pai dele, com a expressão igualmente severa, parece julgar cada movimento meu.

— Luna, é? — Alejandro finalmente diz, seu tom neutro, mas com uma ponta de desconfiança. — Certifique-se de não ouvir conversas que não são da sua conta.

A forma direta com que ele me repreende é um choque, mas eu apenas aceno em concordância, tentando não mostrar o quanto suas palavras me afetam. Não quero causar problemas no meu primeiro dia, ainda mais com alguém como ele.

— Claro, senhor. Não vai se repetir — respondo, sentindo a pressão aumentar. A última coisa que quero é criar uma má impressão logo de cara, especialmente com alguém tão intimidante quanto Alejandro Castillo.

O pai de Alejandro balança a cabeça ligeiramente, como se a situação já estivesse resolvida em sua mente. A tensão ainda está presente no ar, mas há um alívio sutil por parte dele.

— Volte para o buraco de onde saiu — ele ordena, a frieza em sua voz deixando claro que não há espaço para discussão.

Deus!

A ordem ressoa pelo salão como um eco, e eu fico ali, paralisada por um momento. O choque e a sensação de ser desconsiderada me atingem com força, mas me esforço para manter a dignidade. Sinto um impulso de enfrentá-lo, mas a frieza de Alejandro e o peso da sua autoridade são suficientes para me fazer recuar.

Dou um passo atrás em direção à saída. Enquanto me afasto, o olhar de Alejandro ainda está fixo em mim, sua expressão intransigente e imperturbável. A sensação de ser uma intrusa se intensifica, quase como se eu estivesse sendo examinada e avaliada a cada passo que dou. Saio do salão, o coração ainda acelerado e a mente girando com a mistura de emoções que ele despertou em mim.

O que deveria ser uma simples exploração tornou-se um confronto intenso, e a realidade do mundo que estou entrando parece mais complexa e implacável do que eu poderia ter imaginado. Com cada passo que dou para longe de Alejandro, a dúvida sobre o que mais me espera neste ambiente turbulento cresce, misturada com uma crescente sensação de intriga e atração por esse homem que, de alguma forma, consegue deixar uma marca profunda em mim.

 

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