Um dia depois....LunaA casa amanheceu impecável. Cada canto, cada detalhe estava exatamente como deveria estar. As janelas brilhavam à luz do sol, os móveis estavam polidos, e o chão refletia o trabalho árduo do dia anterior. Eu me sinto aliviada ao ver que tudo está em ordem. Ao menos isso está sob controle.Encontro Marta na cozinha, ocupada com os preparativos matinais. Seu sorriso acolhedor ilumina o ambiente.— A casa está impecável, Marta — digo, com um misto de alívio e satisfação. — Tudo correu bem — apesar de ontem...Ela ergue o olhar e sorri, enxugando as mãos em um pano de prato.— Eu percebi, Luna. Você fez um bom trabalho. Sabe, se quiser ficar por aqui e me dar uma mão na cozinha, seria de grande ajuda hoje. Tenho um monte de coisas para preparar — Marta sugere, com um brilho convidativo nos olhos.Sorrio de volta, grata pela oportunidade de fugir dos meus próprios pensamentos por um tempo.— Claro, ficarei feliz em ajudar — respondo, pegando um avental e me aproximan
Saio apressada do quarto, o coração acelerado. Corro de volta para a sala, já imaginando o pior, quando paro bruscamente na porta. Lá está Alejandro, de pé, segurando minha calcinha pendurada no dedo indicador, balançando como se fosse uma bandeirinha de rendas e a analisando como se fosse um bicho.Faço barulho com a garganta. Ele me encara e então sorri, aquele sorriso que sempre me deixa confusa, como se soubesse exatamente o que está fazendo. A vergonha atinge meu rosto instantaneamente.— Procurando isso? — ele pergunta, o sorriso provocador iluminando seu rosto.O que eu digo agora? “Não era para você ver isso”? Não, isso definitivamente não funciona com ele.Meu rosto pega fogo na hora. Quero desaparecer. Minha calcinha, nas mãos de Alejandro, o homem mais arrogante e irritantemente lindo que já conheci. Ótimo.—Posso saber o que isto está fazendo aqui? — ele pergunta, a voz grave carregada de diversão.O calor sobe em mim, e a única coisa que consigo pensar é que quero me ente
LunaA manhã está tranquila, quase calma demais para a rotina normalmente agitada da Villa. Marta pediu um favor: consertar uma das prateleiras na sala de estar, já que, segundo ela, o pessoal da manutenção ainda não tinha tido tempo. Eu, claro, aceitei. O que pode ser tão difícil em apertar alguns parafusos? Nunca fui o tipo de pessoa que foge de um desafio, ainda mais quando envolve fazer algo prático.A sala de estar está deserta, com exceção de mim e a tal prateleira que, agora que olho de perto, parece um pouco mais complicada do que eu esperava. Respiro fundo, determinada, e pego as ferramentas que Marta deixou preparadas.“Simples, Luna, só seguir o plano”, murmuro para mim mesma e uma pequena prece para que tudo corra bem.Subo na pequena escada e começo a trabalhar, ajustando a prateleira que parece ligeiramente solta na parede. O martelo em minhas mãos parece mais pesado do que o esperado, e ao primeiro golpe, uma pequena nuvem de poeira sobe, me fazendo espirrar alto.— Atc
AlejandroEu me afasto um pouco, observando Luna enquanto ela ainda tenta, com teimosia, colocar a prateleira no lugar. Mesmo depois de eu já ter praticamente resolvido o problema, ela insiste em ajustar os pequenos detalhes. E, por mais que eu ache engraçado vê-la lutando contra uma peça de madeira, algo dentro de mim se agita de uma forma que não deveria.Ela é diferente. Sempre foi. Desde o primeiro dia em que apareceu aqui, há algo nela que me puxa, algo que me faz querer estar por perto, mesmo sabendo que deveria manter distância. As risadas desajeitadas, os pequenos desastres, a maneira como ela tenta controlar o que claramente está fora de seu alcance... tudo nela me atrai de um jeito perigoso. Eu, que sempre controlei cada aspecto da minha vida, estou cada vez mais envolvido por essa mulher que parece transformar caos em normalidade.Mas o problema é que eu já senti isso antes.Luna me lembra demais de Isabella, a mulher que uma vez me fez baixar a guarda, me fez acreditar que
LunaA lavanderia está silenciosa, exceto pelo leve zumbido das máquinas de lavar ao fundo. Estou sozinha, organizando as roupas sujas que precisam ser lavadas. No meio da pilha, uma camisa se destaca. Reconheço o tecido macio, e assim que meus dedos a tocam, sei que é dele. Alejandro.A camisa ainda está impregnada com o perfume dele, uma fragrância inebriante, suave, mas marcante. Meu coração acelera. Eu deveria simplesmente jogá-la na máquina junto com as outras peças, mas, em vez disso, hesito. O cheiro dele me chama de uma forma inexplicável, como se o tecido guardasse algo mais profundo, algo que Alejandro nunca revelaria voluntariamente.Antes que eu consiga me controlar, trago a camisa até o rosto. O perfume masculino, quente e envolvente, invade meus sentidos, me transportando para todos os momentos em que estivemos próximos. Fecho os olhos, e por um instante, o mundo desaparece. Só existe aquele cheiro e a lembrança de cada troca de olhares, cada palavra não dita entre nós.
Dois dias depois...LunaO jardim tem se tornado meu refúgio na Villa Castillo. O som das ondas quebrando contra as rochas, o ar salgado e fresco... é como se o mundo lá fora simplesmente deixasse de existir. Cada vez que me perco entre as flores e o verde vibrante, consigo esquecer um pouco a pressão que sinto dentro da casa.Conviver com Alejandro tem sido um desafio constante. Sua presença fria e distante, misturada com a aura de autoridade que ele emana, é quase opressiva. Ele me trata com indiferença, como se eu fosse uma sombra em seu mundo turbulento. Essa atitude só aumenta a tensão entre nós, e a cada confronto, parece que o peso da situação se torna ainda mais insuportável.Apesar do desprezo que ele demonstra, há uma atração estranha e complexa que eu não consigo negar. Ele tem uma intensidade que, de algum modo, me atrai, mesmo que isso vá contra a raiva e a desconfiança que sinto. E o fato de ele não notar o impacto que tem sobre mim só intensifica essa frustração.Hoje,
Horas depois...LunaO ambiente está pronto, e todos os detalhes foram cuidadosamente planejados. A mesa de jantar está impecável, com velas acesas e arranjos de flores que acrescentam um toque de sofisticação. A equipe está se preparando para o evento, e a tensão está no ar. Com a chegada dos convidados se aproximando, a equipe de cozinha e os garçons, todos contratados para o jantar, começam a assumir as responsabilidades da noite. Com isso, meu serviço termina.Respiro fundo, observando a transformação do ambiente com um misto de satisfação e alívio. A pressão dos preparativos está se dissipando, e a atmosfera do casarão ganha uma nova energia com a chegada dos profissionais que se encarregarão do evento.— Você fez um excelente trabalho hoje — diz Marta, enquanto todos os empregados da casa começam a se preparar para a pausa após o trabalho. — Agora, você pode ir para o seu quarto. A equipe de cozinha e os garçons se encarregarão do resto. Até amanhã.Dou a ela um sorriso cansado
— Pai doente? — ele repete, como se estivesse avaliando a veracidade da minha afirmação.— Sim — confirmo, preparando-me para explicar mais, mas seu olhar feroz me interrompe antes que eu possa dizer mais alguma coisa.—Vá para o seu quarto— ele ordena — e pare de dar em cima dos convidados! — a voz firme e intransigente.—Eu não fiz nada. Ele que veio falar comigo.Ele se inclina ligeiramente, os olhos fixos nos meus, e a intensidade de seu olhar me deixa sem palavras.—Claro que veio. Você retirou a toca, e caminhou toda sedutora pela sala.—Sedutora? Eu? —começo a rir de nervoso e seu olhar se aprofunda ainda mais no meu.—Está tentando me provocar? Testar os meus limites?Sinto um nó se formar na garganta. Sei que qualquer palavra equivocada pode piorar a situação, mas também sei que não posso simplesmente ceder.—Não! Claro que não! Deixe-me explicar o que aconteceu. Eu estava feliz, realizada, pela missão cumprida. A prataria polida, a casa limpa, os vidros brilhando.... —ele en