— Pai doente? — ele repete, como se estivesse avaliando a veracidade da minha afirmação.— Sim — confirmo, preparando-me para explicar mais, mas seu olhar feroz me interrompe antes que eu possa dizer mais alguma coisa.—Vá para o seu quarto— ele ordena — e pare de dar em cima dos convidados! — a voz firme e intransigente.—Eu não fiz nada. Ele que veio falar comigo.Ele se inclina ligeiramente, os olhos fixos nos meus, e a intensidade de seu olhar me deixa sem palavras.—Claro que veio. Você retirou a toca, e caminhou toda sedutora pela sala.—Sedutora? Eu? —começo a rir de nervoso e seu olhar se aprofunda ainda mais no meu.—Está tentando me provocar? Testar os meus limites?Sinto um nó se formar na garganta. Sei que qualquer palavra equivocada pode piorar a situação, mas também sei que não posso simplesmente ceder.—Não! Claro que não! Deixe-me explicar o que aconteceu. Eu estava feliz, realizada, pela missão cumprida. A prataria polida, a casa limpa, os vidros brilhando.... —ele en
— O que está acontecendo aqui? — Sua voz é um trovão, gelada e afiada.Me afasto instintivamente de Miguel, o corpo tenso com a presença avassaladora de Alejandro. Seus olhos, fixos em Miguel, queimam de raiva.— Relaxa, primo, só estamos conversando — Miguel responde, com um tom leve e provocativo, que parece ignorar completamente a tensão no ar.— Conversando? — Alejandro repete, desdenhoso, antes de me olhar com uma rapidez assustadora. Seus olhos voltam a penetrar Miguel. — Isso parece mais do que uma simples conversa. Isso me parece um encontro.Miguel dá de ombros, ainda despreocupado, mas há uma provocação em seu olhar que desafia o primo.— Talvez seja, Alejandro. Talvez eu esteja interessado na Luna. E isso te incomoda? — Miguel lança, suas palavras carregadas de provocação.Alejandro dá um passo à frente, seus punhos cerrados ao lado do corpo.— Sim, me incomoda. Não quero envolvimento na minha casa de empregada e quem quer que seja.Miguel sorri, um sorriso frio que irrita
Dias depois...LunaEstou na sala de estar, terminando de servir o licor para Enzo Castillo, o pai de Alejandro. Ele está sentado na poltrona de couro, com um sorriso que, de certa forma, me tranquiliza. Esses pequenos momentos de calma e apreciação são um alívio bem-vindo. Por alguns instantes, sinto que estou mais próxima de ser parte desta casa do que apenas uma funcionária.Coloco a taça de cristal em suas mãos com um gesto suave, e ele me retribui com um leve aceno. Seus olhos, ainda brilhando com uma gentileza rara, fazem meu coração aquecer. Mesmo que seja apenas por um breve momento, sinto-me valorizada.— Obrigado, Luna. Você sempre cuida de tudo com tanto esmero — comenta ele, e a sinceridade em suas palavras faz um sorriso natural surgir no meu rosto. É um alívio sentir que meu esforço não passa despercebido.— É um prazer, señor Castillo. Fico feliz que tenha notado — respondo, tentando manter a compostura. Mas, por dentro, uma onda de orgulho começa a se formar, preenchen
Eu o encaro sem entender.— Ficou monossilábica?Não recuo, mesmo com o peso de suas palavras pressionando contra mim. Preciso entender o que está acontecendo, por que ele está tão determinado a me colocar para baixo.— Claro que fiquei! Quero que me explique, que jogo é esse que estou fazendo. — Minha voz é firme, mas não agressiva. — O que eu fiz para merecer esse tratamento? O que você vê em mim que te incomoda tanto?Por um momento, ele apenas me encara, como se estivesse ponderando se vale a pena explicar. Então, um lampejo de algo que se assemelha a frustração passa pelos olhos dele, e ele dá um passo para mais perto.— Você acha que eu não percebo? — Ele fala entre dentes, sua voz carregada de uma raiva contida. — Cada sorriso educado, cada gesto cuidadoso... Você quer me fazer acreditar que está apenas cumprindo seu dever, mas eu enxergo muito bem através dessa fachada o que você realmente é.— Fachada? — Eu fico confusa, mas mantenho o controle. — Do que você está falando? Eu
— Não! Claro que não! — exclamo, o rosto queimando com a lembrança do confronto de dois dias atrás. A cena da briga de Miguel e Alejandro ainda está nítida em minha mente que parece ter acontecido agora eu a revivo febrilmente.— Luna hei. Estou falando com você!O som da voz de Marta me traz de volta à realidade, dispersando os pensamentos que me assombram. Eu piscando, tentando me concentrar no que ela está dizendo.— Sim, sim, eu estava distraída — respondo forçando um sorriso.— Estava dizendo que talvez fosse melhor você descansar aqui na Villa hoje. Ou, se quiser sair, vá até o vilarejo.Ela então me olha por um momento, como se estivesse tentando ler algo em meu rosto.— Você anda diferente. Alejandro não fez nada, fez?O comentário de Marta me pega de surpresa, e sinto o peso de suas palavras se instalar no silêncio que segue. Ela me observa com curiosidade, esperando por alguma confissão, mas tudo o que posso fazer é balançar a cabeça rapidamente.— Não, Alejandro não fez nad
Não sei o que dizer, minha teimosia e o desejo de provar a mim mesma se misturam com a realização de que talvez eu tenha exagerado.— Pedir ajuda? Para quem, posso saber? Para você que não é! Você me odeia! — Acuso, ainda tentando justificar minha decisão impulsiva.Alejandro parece ainda mais frustrado ao ouvir minha resposta. Ele me observa com uma expressão que mistura preocupação genuína e irritação. Seus olhos são um misto de intensidade e ansiedade.— Não se trata de pedir ajuda para mim — ele diz, sua voz mais calma, mas ainda carregada de um tom severo. — É sobre reconhecer que você não conhece todos os perigos que este lugar pode oferecer. Eu não estou aqui para te fazer sentir-se menor, mas para garantir que você esteja segura.Ele relaxa um pouco, mas ainda me segura firmemente. Sua preocupação é palpável, e o medo que ele demonstrou ao me encontrar em perigo parece ter afetado até mesmo seu comportamento impetuoso. Algo muda na forma como ele me olha, uma vulnerabilidade m
LunaAlgo no rosto de Alejandro muda quando digo que "consegui o que queria". Seus traços, sempre tão controlados, agora estão tensos, e os olhos fixos em mim brilham com uma intensidade que eu não consigo decifrar. Será que eu disse algo errado? Só estava falando sobre a praia, sobre o dia que finalmente teria um descanso. Nada mais.Mas o jeito que ele me olha… é como se eu tivesse revelado algum segredo sem querer. A tensão no ar aumenta a cada segundo de silêncio, e a frieza no olhar dele me corta por dentro.— Alejandro? — minha voz sai hesitante, quase como um sussurro. Ele não responde de imediato, mas a linha rígida de sua mandíbula me dá a sensação de que algo nele se quebrou.Há uma parte de mim que quer se defender, que quer dizer a ele que está tudo errado, que ele está lendo nas entrelinhas algo que nunca existiu. Mas outra parte... bem, essa parte está cansada. Cansada de sempre tentar provar que não sou a pessoa que ele imagina, de sempre ser a garota de quem ele descon
Mas Alejandro não se deixa levar. Ele estreita os olhos, como se não acreditasse em uma palavra do que eu digo.— Não me faça molhar minhas roupas por causa de você — ele diz, o tom mais baixo, quase desafiador.— E como eu faria isso? — pergunto, uma pitada de provocação na voz, mas imediatamente me arrependo. Ele não está de humor para brincadeiras.Ele se levanta e vem na minha direção, a sombra de um sorriso dançando em seus lábios, mas é um sorriso carregado de algo muito mais sombrio, como se soubesse de um segredo que eu ainda não descobri.— Você tem um talento especial para criar situações complicadas — ele responde, com uma ponta de exasperação na voz.Ele inclina a cabeça levemente, como se avaliasse meu rosto, e então o olhar dele percorre meu corpo de uma forma que não pode mais ser disfarçada. O calor que sinto agora não vem apenas do sol. Apesar de sua postura controlada, o desejo nos olhos dele é claro, e por um momento, me sinto exposta, mas ao mesmo tempo curiosa sob