Eu o encaro sem entender.— Ficou monossilábica?Não recuo, mesmo com o peso de suas palavras pressionando contra mim. Preciso entender o que está acontecendo, por que ele está tão determinado a me colocar para baixo.— Claro que fiquei! Quero que me explique, que jogo é esse que estou fazendo. — Minha voz é firme, mas não agressiva. — O que eu fiz para merecer esse tratamento? O que você vê em mim que te incomoda tanto?Por um momento, ele apenas me encara, como se estivesse ponderando se vale a pena explicar. Então, um lampejo de algo que se assemelha a frustração passa pelos olhos dele, e ele dá um passo para mais perto.— Você acha que eu não percebo? — Ele fala entre dentes, sua voz carregada de uma raiva contida. — Cada sorriso educado, cada gesto cuidadoso... Você quer me fazer acreditar que está apenas cumprindo seu dever, mas eu enxergo muito bem através dessa fachada o que você realmente é.— Fachada? — Eu fico confusa, mas mantenho o controle. — Do que você está falando? Eu
— Não! Claro que não! — exclamo, o rosto queimando com a lembrança do confronto de dois dias atrás. A cena da briga de Miguel e Alejandro ainda está nítida em minha mente que parece ter acontecido agora eu a revivo febrilmente.— Luna hei. Estou falando com você!O som da voz de Marta me traz de volta à realidade, dispersando os pensamentos que me assombram. Eu piscando, tentando me concentrar no que ela está dizendo.— Sim, sim, eu estava distraída — respondo forçando um sorriso.— Estava dizendo que talvez fosse melhor você descansar aqui na Villa hoje. Ou, se quiser sair, vá até o vilarejo.Ela então me olha por um momento, como se estivesse tentando ler algo em meu rosto.— Você anda diferente. Alejandro não fez nada, fez?O comentário de Marta me pega de surpresa, e sinto o peso de suas palavras se instalar no silêncio que segue. Ela me observa com curiosidade, esperando por alguma confissão, mas tudo o que posso fazer é balançar a cabeça rapidamente.— Não, Alejandro não fez nad
Não sei o que dizer, minha teimosia e o desejo de provar a mim mesma se misturam com a realização de que talvez eu tenha exagerado.— Pedir ajuda? Para quem, posso saber? Para você que não é! Você me odeia! — Acuso, ainda tentando justificar minha decisão impulsiva.Alejandro parece ainda mais frustrado ao ouvir minha resposta. Ele me observa com uma expressão que mistura preocupação genuína e irritação. Seus olhos são um misto de intensidade e ansiedade.— Não se trata de pedir ajuda para mim — ele diz, sua voz mais calma, mas ainda carregada de um tom severo. — É sobre reconhecer que você não conhece todos os perigos que este lugar pode oferecer. Eu não estou aqui para te fazer sentir-se menor, mas para garantir que você esteja segura.Ele relaxa um pouco, mas ainda me segura firmemente. Sua preocupação é palpável, e o medo que ele demonstrou ao me encontrar em perigo parece ter afetado até mesmo seu comportamento impetuoso. Algo muda na forma como ele me olha, uma vulnerabilidade m
LunaAlgo no rosto de Alejandro muda quando digo que "consegui o que queria". Seus traços, sempre tão controlados, agora estão tensos, e os olhos fixos em mim brilham com uma intensidade que eu não consigo decifrar. Será que eu disse algo errado? Só estava falando sobre a praia, sobre o dia que finalmente teria um descanso. Nada mais.Mas o jeito que ele me olha… é como se eu tivesse revelado algum segredo sem querer. A tensão no ar aumenta a cada segundo de silêncio, e a frieza no olhar dele me corta por dentro.— Alejandro? — minha voz sai hesitante, quase como um sussurro. Ele não responde de imediato, mas a linha rígida de sua mandíbula me dá a sensação de que algo nele se quebrou.Há uma parte de mim que quer se defender, que quer dizer a ele que está tudo errado, que ele está lendo nas entrelinhas algo que nunca existiu. Mas outra parte... bem, essa parte está cansada. Cansada de sempre tentar provar que não sou a pessoa que ele imagina, de sempre ser a garota de quem ele descon
Mas Alejandro não se deixa levar. Ele estreita os olhos, como se não acreditasse em uma palavra do que eu digo.— Não me faça molhar minhas roupas por causa de você — ele diz, o tom mais baixo, quase desafiador.— E como eu faria isso? — pergunto, uma pitada de provocação na voz, mas imediatamente me arrependo. Ele não está de humor para brincadeiras.Ele se levanta e vem na minha direção, a sombra de um sorriso dançando em seus lábios, mas é um sorriso carregado de algo muito mais sombrio, como se soubesse de um segredo que eu ainda não descobri.— Você tem um talento especial para criar situações complicadas — ele responde, com uma ponta de exasperação na voz.Ele inclina a cabeça levemente, como se avaliasse meu rosto, e então o olhar dele percorre meu corpo de uma forma que não pode mais ser disfarçada. O calor que sinto agora não vem apenas do sol. Apesar de sua postura controlada, o desejo nos olhos dele é claro, e por um momento, me sinto exposta, mas ao mesmo tempo curiosa sob
Há um brilho de empatia nos olhos dele, e isso me faz perceber que, apesar do caos e da dor, ele está verdadeiramente comprometido em me ajudar. A sensação de estar sendo cuidado por alguém de forma tão genuína é reconfortante, mesmo que eu ainda sinta um pouco de vergonha por ter causado tanto alvoroço.— Eu só queria que as coisas fossem diferentes — confesso, minha voz falhando um pouco. — Às vezes, parece que tudo conspira para dar errado.Alejandro não diz nada e me oferece o comprimido com a água gelada.— Obrigada, Alejandro — digo, finalmente. — Por tudo.— Bem, enquanto se recupera, vou tomar um banho de mar. Estou morrendo de calor — diz Alejandro, e sem hesitar começa a despir-se. Primeiro, ele retira a camisa, depois os sapatos e as meias. Com movimentos rápidos, desata o cinto e abaixa as calças.Sinto um impulso de olhar, mas, envergonhada, abaixo a cabeça. Ouço a gargalhada e intrigada com o motivo, ergo o olhar. Com um alívio inesperado, vejo que ele está usando um ele
LunaSigo até casa com passos apressados, sentindo o calor do sol ainda em minha pele e a mente atordoada pela mistura de emoções. A dor nas pernas e braços ainda lateja, mas é a vergonha que realmente me consome. Não só pelo que aconteceu na praia, mas pelo jeito como Alejandro me olhou, pela forma como a tensão entre nós pareceu preencher o ar.A porta de vidro mal se fecha atrás de mim quando ouço os passos rápidos de Marta. Ela surge no corredor, os olhos arregalados, claramente surpresa ao me ver assim, desarrumada, os cabelos ainda úmidos e grudados no rosto.— Luna! — exclama ela, a voz carregada de preocupação. — O que aconteceu? Por que Alejandro correu aqui atrás de vinagre?Ela se aproxima rápido, sem dar tempo para que eu responda, os olhos varrendo meu corpo em busca de alguma explicação. Marta sempre foi atenta aos detalhes, e agora seus olhos saltam de mim para a porta, para a praia lá fora, e então voltam para mim.— Eu... fui à praia com Alejandro. — A frase sai de fo
Ele estende a mão, seus dedos tocando de leve a minha pele. O contato, mesmo breve, envia uma corrente elétrica pelo meu corpo. Tudo em mim se acende, e tento disfarçar, lutando para me manter no controle.— Eu devia ter lembrado você de passar protetor — ele murmura, como se falasse para si mesmo. Sua mão repousa no meu braço, o calor do toque é quase insuportável, mas de uma forma que me faz querer mais, que me faz desejar o impossível.— Eu... não tinha — a minha voz mal sai, um sussurro perdido no silêncio sufocante entre nós.Ele me encara por um instante longo demais, e sinto algo dentro de mim desmoronar.— Peça para Marta comprar, eu pago — sua voz é firme, como se não houvesse discussão possível.— Não precisa — tento argumentar, mas ele me corta.— Precisa!— Está certo — cedo, porque lutar contra ele é uma batalha perdida antes mesmo de começar.Seus olhos descem novamente, dessa vez focados nas marcas vermelhas da água-viva que ainda tingem meus braços. Sem pedir, ele se a