Elbereth

Anos se passaram após aquele baile de comemoração; hoje, Elbereth tem dez anos, tornando-se uma linda garotinha um pouco mimada demais. O rei Haldir, querendo suprir a falta de sua mãe, acabou mimando demais sua pequena princesa, o que não era muito bom. Certo dia, a princesa pediu para que seu pai a deixasse andar pela cidade; o rei sempre a deixava fazer o que desejava, desde que acompanhada de um dos guardas reais.

Elbereth não gostava muito de ser vigiada, então, pensando em um jeito de fugir de seu guarda-costas, ela apenas aceitou ir à cidade.

"Hum, deve haver um jeito para me livrar desse guarda... Bom, posso entrar em alguma loja e sair pelos fundos."

Pensou a pequena princesa enquanto se arrumava para sair de seu palácio. Assim que se arrumou, vestindo apenas um de seus vestidos - escolhendo um simples em tom verde-água naquele dia - ela entrou na carruagem, e ao sair do terreno do palácio, logo viu a pequena vila de Algatar. Muitas vilas élficas eram feitas em floresta, e esta não seria diferente; talvez seu diferencial seja as construções feitas nas árvores, dando um toque encantador para quem nunca teria visto uma vila como esta.

— Não me canso de admirar como a nossa vila é linda. Me pergunto se nas outras cidades são assim...

Comentou Elbereth com o guarda que a acompanhava; ele nada comentava, apenas dava um sorriso ao canto dos lábios. Assim que a carruagem parou, Elbereth desceu dela e caminhou em direção a uma loja de roupas femininas. Mesmo tendo apenas dez anos, ela adorava compras. O guarda ficou na entrada da loja, e lá ela pensava em um jeito de fugir dele, pois o que ela realmente queria era ir para a fronteira da Floresta, onde era localizada a vila de Algatar. Elbereth sempre teve o desejo de conhecer o mundo além, ouvia histórias sobre os humanos e as guerras com eles e queria saber se eles ainda existiam.

Alguns minutos se passaram enquanto a pequena princesa fazia suas compras, e ao pagá-las, a garota saiu da loja pelos fundos, com a ajuda de uma vendedora a qual ela obviamente subornou para que a deixasse sair.

— Bom, com isso posso enfim ir ver o que tem na fronteira desta floresta.

Falando consigo mesma e toda confiante, ela saiu da loja, caminhando em direção à saída da cidade. No entanto, antes que pudesse mesmo sair da cidade, o mesmo guarda que a acompanhava a esperava ali. Ele a olhou enquanto seus braços estavam cruzados à altura do peito.

— Onde a senhorita pensa que está indo? - Perguntou ele em um tom levemente incomodado.

— Eu vou sair da floresta, quero ver o que tem além dessa cidade.

O guarda apenas suspirou e pegou as compras da pequena princesa, colocando-as na carruagem.

— A senhorita sabe que seu pai a proíbe de sair da cidade, vamos, temos que voltar. Seu pai já sabe de seu ato rebelde de fugir. Além do mais, como pensava em sair sabendo que todos a conhecem?

Elbereth bufou, ficando emburrada, mas, de fato, ele tinha razão. Não tinha como ela sair escondida sem ser notada; ela era a princesa desse pequeno reino.

[...]

Quando retornou ao palácio, seu pai estava a esperando na entrada do palácio, com a testa franzida, o que era de se esperar. Ele estava realmente bravo pelo ato rebelde de sua filha. Assim que ela desceu da carruagem, um dos empregados pegou suas compras e as levou para dentro, enquanto o seu pai a encarava fixamente.

— Como pode fazer algo imprudente? Você sabe os perigos que têm fora da cidade, e ainda insiste em querer conhecer o mundo além. – Dizia o rei realmente indignado pelo ato de sua filha.

— Mas papai, o senhor e todos nesta cidade dizem que são tempos de paz. Então, qual mal poderia acontecer em querer conhecer o mundo fora desta cidade?

Ao dizer isto, Haldir sabia que sua filha iria insistir nesse assunto, e assim ele apenas soltou um suspiro, abaixou-se à altura dela, colocou suas mãos sobre os pequenos ombros da criança e sorriu para sua filha.

— Minha doce Elbereth, você ainda é só uma criança. Um dia talvez eu lhe deixe ir ver o mundo além de nossa floresta, mas até lá, torne-se uma boa princesa e cuide do nosso lar.

Com isso, Elbereth apenas sorriu e abraçou seu pai, concordando com o que ele havia dito. Seu pai a pegou em seu colo e a levou para seu quarto, a deixando por lá para se divertir enquanto trabalhava com assuntos do reino.

[...]

                                                                              Gildor

Quando o rei retornou à sala de reuniões, ele via seus conselheiros, assim como chefes da guarda real, todos sentados à mesa, esperando pela chegada de seu rei. O conselheiro chefe era Gandalf, e assim que seu rei entrou, todos se levantaram.

— Meu rei, temo que um de nossos maiores temores tenha retornado. – Assim que comentou, via-se um olhar de preocupação na face de Gandalf.

— Impossível, ele devia ter morrido na guerra contra os humanos. Como pode ter sobrevivido a tal ferimento?

Naquele momento, um silêncio tomou conta do local. Haldir olhou para seus fiéis, confuso pelo silêncio.

— O que escondem de mim? – Perguntou o rei olhando para todos naquela sala.

— Meu senhor, tememos que Gildor foi curado pela Aerin.

Quando Gandalf falou que Gildor foi curado por uma das elfas especialistas em cura, Haldir se sentou em choque, levando uma de suas mãos ao rosto e pensando em qual desastre lhes traria agora. Aerin era uma elfa sob seu comando na guerra há 300 anos atrás; seu paradeiro foi dado como desconhecido, e com isso, todos achavam que ela teria morrido, sendo uma grande perda por ser uma das elfas mais famosas por sua magia perfeita de cura. Gildor e Aerin juntos seriam um problema.

— Então, nosso problema é bem maior. Aerin, junto com Gildor, será o fim de nossa paz. Temo só de pensar no que eles fariam.

O rei se levantou, apoiando-se sobre a mesa, e assim olhou para seu chefe da guarda real.

— Cirdan, reúna o máximo de homens que faça uma busca por informações dentro e fora do reino de Algatar. Descubra tudo sobre os passos de Gildor e Aerin. Leve o tempo que for, e evite lutas desnecessárias.

Assim que Haldir deu a ordem, Cirdan se levantou e se retirou da sala, marcando o fim da reunião naquele momento. Haldir ficou na sala com seu conselheiro chefe, Gandalf, conversando sobre Gildor e seu possível retorno.

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