Já se passaram alguns dias desde que Aerin e Gildor conversaram sobre Haldir. Gildor aproveitava as aulas de autodefesa com Haldir para conversar com ele e assim se aproximar do príncipe. Certo dia, durante um de seus treinamentos, Haldir convidou Gildor para ir à taverna beber algo, e, é claro, Gildor aceitou.

Na taverna, Gildor viu Galadriel e Aerin conversando, percebendo que esse era o momento de começar seu plano.

— Príncipe Haldir, você já tentou algo com Galadriel?

Perguntou Gildor sem rodeios. Ao ouvir isso, Haldir ficou levemente corado e riu, olhando em direção a Galadriel e Aerin.

— Não, ela não sente o mesmo por mim, então apenas a observo de longe.

— Mas, meu príncipe, se você desejar, posso ajudá-lo.

Com essas palavras, Gildor conseguiu a atenção de Haldir.

— Veja, eu converso pouco com Galadriel, mas descobri que ela é uma mulher realmente ciumenta. Você poderia fingir um romance com Aerin e assim descobrir o que Galadriel sente.

O príncipe ouvia atentamente, ponderando sobre o que Gildor dizia. Haldir não era experiente em romances, muito menos em relação a mulheres.

— Gildor, assim acabaria ferindo os sentimentos de outra garota que poderia gostar de mim.

— Não, meu príncipe, pois você namoraria de verdade a pessoa, até conseguir o que deseja. Você faria a pessoa feliz, e quando conseguisse o que queria, seria só terminar. E Aerin é sua melhor amiga; ela entenderá um dia.

Esse era o plano de Gildor: fazer com que Aerin fosse usada por Haldir, já que, pela ingenuidade dele, achava que Aerin entenderia. Gildor sabia que Aerin jamais iria querer ser usada e que, com isso, teria chances de tê-la toda para ele.

Mas o príncipe ficou receoso sobre esse plano de Gildor.

— Eu não sei... Vou pensar sobre isso, Gildor. Aerin sempre a vi como uma irmã; seria difícil.

— Mas é por isso que nunca a notou, meu príncipe. Aerin é apaixonada por você, e por isso deveria aproveitar. Afinal, Aerin é uma bela mulher.

Quando Gildor mencionou os sentimentos de Aerin, Haldir ficou surpreso, mas não deixaria de pensar sobre o assunto, dando um tempo para ponderar.

[...]

Se passou uma semana, e Haldir não havia falado mais nada sobre Aerin, cobrando Gildor, pois nada estava sendo feito. Então, Gildor resolveu agir por conta própria.

Em sua casa, ele pegou seu livro de encantamentos e foi em busca de um feitiço de sonhos para conseguir iniciar o plano de Haldir.

“Óneiro et somnium tou sas est vide avaritia et tibi ad amore oscula akthau min”

Tradução do encanto: “sonhe com a dona do seu coração, mas veja aquela que lhe cobiça mais que a própria vida”

— Pronto! Agora é só esperar e ver o resultado do encanto. Acredito que amanhã já vai começar a fazer efeito.

Quando terminou seu feitiço, uma gargalhada maléfica ecoou por sua casa, e quem passasse em frente à casa dele naquele momento saberia que um mal foi praticado naquela noite.

No dia seguinte, Haldir saiu de sua "casa" e foi em direção ao lago próximo do acampamento para tomar um banho e despertar totalmente. Ele estava confuso com o sonho que tivera, lembrando-se vagamente. Após ir ao lago, encontrou Aerin à beira dele. No entanto, algo hoje estava diferente; ele a olhava encantado, sentindo um desejo enorme de tê-la. Ele se aproximou lentamente de Aerin e tocou delicadamente seu ombro.

Aerin levou um leve susto, pois estava apenas de roupas íntimas naquele momento. Envergonhada, puxou suas vestes e cobriu seu corpo ao ver quem era.

— Haldir, que susto.

— Perdão, não queria te assustar. Devo me retirar?

Perguntou Haldir, dando um sorriso alegre naquele momento, como se ao ver Aerin, seu dia ficasse ainda melhor.

— Não, pode ficar... Eu já estou saindo para você se refrescar.

Assim que ela começou a se vestir para ir embora, Haldir segurou levemente um dos braços dela, impedindo-a de partir.

— Fique, faz tempo que não conversamos. Só nos vemos em batalhas. Gostaria de um tempo para nós.

Aerin ficou surpresa, mas ao mesmo tempo muito feliz, pois era tudo o que ela mais queria. Assim, ambos se sentaram à beira do lago e ficaram conversando. Mesmo se conhecendo desde crianças, não se falavam mais desde que a guerra começou.

Ficaram por horas conversando, e Aerin não ficava feliz assim desde que percebeu que estava apaixonada por Haldir. Ao longe, Gildor via-os se aproximando, percebendo que seu encanto funcionara.

[...]

O Beijo e os Sentimentos de Galadriel

Se passou uma semana desde aquele encontro no lago, e Aerin e Haldir estavam mais unidos do que nunca. Um dia, em meio à taverna, Haldir viu Galadriel conversando com Aerin e se aproximou de ambos. No entanto, foi Aerin quem foi surpreendida ao ser abraçada por Haldir e logo beijada por ele. Seu primeiro beijo foi dado de surpresa e em uma taverna, não era o que ela esperava, sempre imaginou seu primeiro beijo sendo mais romântico. Mas não reclamou, apenas correspondeu.

Ao ver isso, Galadriel ficou chocada e, ao mesmo tempo, de coração partido, pois sempre achava que Haldir tinha sentimentos por ela, mas, por ser criada sabendo que nunca uma mulher vai atrás do homem, sempre esperou por ele. Ao ver aquele beijo, sabia que estava enganada.

Galadriel apenas se levantou e se retirou em silêncio enquanto ambos se beijavam.

Ao ver Galadriel saindo, Aerin cessou o beijo entre eles e encarou Haldir, com suas maçãs do rosto levemente avermelhadas.

— O... O que foi isso?

— Um beijo em minha namorada, e também para oficializar nosso namoro publicamente.

Ao ouvir a palavra "namorada", Aerin ficou paralisada naquele momento, e logo um sorriso brotou em seus lábios.

— Bom... Mas podia ter esperado. A coitada da Galadriel ficou até sem jeito e se retirou.

Comentou Aerin. No entanto, Haldir se sentou ao lado dela com um sorriso enorme, como ela nunca tinha reparado.

— Foi melhor assim, pois podemos passar a manhã juntos.

Com isso, eles riram um pouco, beberam enquanto conversavam e, claro, davam alguns amassos em público.

Mas algo não estava certo; Haldir não era o típico homem que fazia isso, de se expor tanto. No entanto, isso era por causa do encanto que o fez mudar e ser como Aerin desejava.