MARIANA
Sabe aquele momento em que você percebe que está no início do fim? Que os planos não serão realizados e que tudo que acreditou ser perfeito está desmoronando ou nunca existiu? O momento em que seu coração dói tanto que parece que vai quebrar ou que já começou a se partir!
Estava me sentindo dessa maneira, podia parecer bobagem, mas ele prometeu... nunca mentiria para mim, o meu novo, o amor da minha vida nunca falou sobre nada daquilo, seus pais eram comerciantes, porque então aqueles jornalistas estavam loucos para que ele desse uma palavra? Para que tantas fotos? A única explicação era que ele mentiu para mim.
Estava tudo muito bagunçado, e o olhar de Luiz entregava tudo. Não a verdade, mas que na verdade ele sim tinha mentido para mim. Sua mão na minha me deixava nervosa, porque eu queria chorar, e o toque dele estava me ferindo, sua mão na minha me doía. Porque eu sabia que aquela era a última vez que nós dois íamos ter um toque intimo como aquele.
Engoli a vontade desesperadora de chorar, me mantive firme, ele ia falar e talvez dessa vez não fosse uma mentira, iria ser algo que eu não ia gostar, mas seria a verdade, porque eu nem sabia mais o que em nossa história era verdade ou mentira.
A verdade, sinceridade e a coisa mais importante em uma relação, e esse vazo que nos dois sempre seguramos se quebrou, com tantos pedaços que nem se nós tentássemos muito conseguiríamos juntar.
Luiz Fernando estava calado, ele não tinha dito mais nenhuma palavra desde que nosso prato tinha sido servido, prato que eu nem toquei, mas o vinho... eu já tinha o bebido quase todo sozinha. Já me sentia um pouco tonta, sentia meus olhos pequenos e a vontade imensa de ir para casa.
Meu noivo não tirava os olhos dos meus, e todas as vezes doía mais. Porque aquele era o amor da minha vida, ver ele ali, tentando achar a melhor forma de me dizer algumas verdades era horrível. Era eu... Mariana, sua noiva, com quem ele dormia todas as noites, com quem ele falava sobre tudo... e ali, ele parecia nem se quer ter alguma intimidade comigo.
― Não é educado ficar encarando uma mulher beber! ― falei com uma pitada de sarcasmo
Estiquei minha mão, segurando a garrafa, iria me servir de mais um gole, mas a mão de Luiz segurou a minha, impedindo que eu servisse a taça.
― Irei explicar tudo, apenas espere estou tentado encontrar a melhor forma de não destruir nós... nosso amor. ― Pediu com os olhos anuviados
― Não sei se existe nós, talvez nunca existiu... não dá para saber, vindo de alguém que mentiu.
Engoli o nó que se formou em minha garganta e tentei me levantar, mas fui pega de surpresa por uma tontura absurda.
― Está bem? Onde vai? ― disse me segurando rapidamente.
― Irei ao toalete, pode me soltar estou bem.
Me firmei em meus pés, notei alguns olhares em nossa direção, caminhei rapidamente para o banheiro. Em frente ao espelho encarei meu reflexo, estava pálida demais, adoraria ter passado maquiagem para que agora ninguém notasse meu mal estar.
O perto em meu peito me fez derramar algumas lagrimas, porque ainda que ele me dissesse algo bobo, existia uma sensação que realmente era nosso fim, mesmo eu pensando a todo momento que poderíamos seguir em frente depois de saber que ele era outra pessoa. Era como uma nuvem negra pairando sobre nós, como se nunca mais pudéssemos ser um do outro.
Limpei as lagrimas, olhei em meus olhos... precisava voltar, então puxei o ar profundamente, contei até dez e soltei devagar.
Lavei meu rosto com a água fria do lavabo e molhei também a nuca, não devia ter bebido tanto, agora além de sentir um vazio em meu peito, sentia o estômago queimar em protesto.
Deixei o toalete e ao caminhar na direção da minha mesa vi uma mulher de meia idade sentada na mesa onde eu estava, ao me aproximar sorri para a senhora, mas a mesma me direcionou um olhar enojado, de repulsa.
― Essa é sua noiva Luiz Fernando? Uma caipira que cheira a pobreza? Francamente, não foi isso que sonhamos para você! ― as palavras saíram de sua boca me atingindo com força
― Como é? ― falei encarando Luiz
― Desculpe, essa é minha mãe apesar de não nos parecermos em nada. Mãe não admito que fale assim de Mariana! ― Luiz se levantou e pegou minha bolsa.― Vamos, este não é o momento para conhecer minha família!
Luiz sai me puxando pela mão para o andar de baixo, quando Jorge apareceu em nossa frente.
― Desculpe, não sabia que ela estava aqui, aliás é a primeira vez que ela vem ao meu restaurante!
― Não se preocupe, já estamos indo vou apenas pagar a conta.
― Que isso, nem pense nisso, não vou aceitar que pague.
Senti algo subir em minha garganta queimando tudo por dentro, o ambiente todo começou girar, queria ir embora, mas minhas mãos estavam sendo esmagadas pela mão de Luiz.
― Tudo bem, então irei levá-la, minha mãe é terrível!
Luiz se despediu do padrinho e saímos porta fora, o vento fresco entrou em meus pulmões me fazendo sentir um imenso alívio.
― Solta minha mão por favor― Falei com a voz enrolada.
― O que você tem Mari? Quer um pouco de água?
― Só quero ir para casa.
Novamente vi o aglomerar de pessoas e câmeras em minha frente, uma voz surgiu ao fundo achei que fosse minha sogra, mas antes que me virasse para conferir minhas pernas amoleceram e minha visão ficou turva demais para eu decifrar quem quer que seja, conseguia ouvir algumas pessoas gritando, mas era a voz de Luiz que acalentava meu coração bem pertinho de meu ouvido, seu hálito quente próximo ao meu rosto, mas apaguei completamente.
Abri os olhos, estava em meu quarto, minha cabeça estava explodindo, não fazia a mínima ideia de como tinha ido parar lá, só me lembrava de sentir minhas pernas moles. Olhei em volta e não tinha ninguém nem meu noivo, levantei meio zonza e abri as cortinas, já era dia e perdi o nascer do sol! Minha cabeça doeu mais com a luz do dia então fechei as cortinas novamente e me deitei.
Quando as peças se encaixaram na minha mente a enchorrada de sentimento me derrubou, as lagrimas vieram acompanhadas com soluços desesperados. Agarrei o travesseiro de Luiz, uma angustia se assolou em meu peito, me fazendo temer nunca mais vê-lo. Era como se algo horrível fosse acontecer, como se tudo que estava por vir fosse somente dor. Apertei o travesseiro, sentido o perfume de Luiz invadir meus sentidos, me trazendo todas as melhores lembranças de uma vez.
Eu tinha um péssimo pressentimento, e parecia real demais. A dor estava despedaçando meu coração e não conseguia parar de chorar. Nunca mais conseguiria parar de chorar.
***
As batidas na porta me arrancaram do sono, e assim que consegui abrir os olhos a voz de Luiz preencheu o quarto. Me ajeitei na cama, minha cabeça ainda doía e meus olhos estavam inchados com certeza. Luiz trazia uma bandeja em suas mãos, e me sentia perdida só de vê-lo.
― Boa tarde dorminhoca. ― Colocou a bandeja na minha escrivaninha, e sentou-se ao meu lado. ― Podemos conversar?
― Podemos! ― respondi com a voz rouca, sentindo a garganta arranhar.
― Pode me dar um beijo antes?
― Fala o que tem que falar de uma vez Luiz Fernando!
Tudo que eu mais queria era beijar ele, e abraçar para não soltar nunca mais. A tristeza em seu olhar era evidente, Luiz pegou minha mão depositando nela um beijo, me olhou dentro dos olhos e sorriu... um sorriso triste.
― Meus pais são donos de uma rede de joalherias, são conhecidos por estar no ranking de mais vendidos no seguimento de diamantes!
― Belo mercadinho! ― disse sem olhar em sua direção.
― Mari, me perdoa! Não queria magoar e nem nada do tipo.
― Qual era seu medo? Eu ficar com você por interesse? ― a tristeza escapa em mina voz.
― Não! Claro que não, meu amor olha para mim… me deixa tentar explicar.
― Passei sete meses dividindo minha vida, meus sonhos com você. Fui sincera desde o primeiro beijo. Como pode mentir para mim... ― Ele se aproximou, enroscou os braços em minha cintura, mas me afasto de seu abraço. ― Luiz Fernando, não ligo se tenha pais ricos ou não, não ligo para o fato de ser alguém conhecido na mídia, não ligo para nada disso. Só me bastava você e nosso amor, mas mentiu para mim… por quê?
As lágrimas que tentei segurar começaram escapar em cascatas em meu rosto, e vi as mesmas lágrimas nos olhos dele.
― Não me dou bem com minha família, só queria continuar no anonimato, vivendo minha vida como tem sido nos últimos anos.
Levanto da cama, comecei andar de um lado para o outro no quarto... mas quando a angustia ficou insuportável levo as mãos no rosto sentindo toda minha frustração e decepção escapar, os soluços fortes me impediam de respirar. Era como se o mundo estivesse tirando todo meu oxigênio, e o destino meu chão.
Luiz levantou e me abraçou, chorei em seu peito porque não queria perder ele, não queria que nossos sonhos acabassem ali.
― Não quero te perder Mari.
― Então não perca.
Sua mão levantou meu rosto, limpou minhas lagrimas e sorriu.
― Me perdoe, prometo que essa foi a única mentira que saiu da minha boca. Vamos nos casar, ter dois filhos, uma menina e um menino. Nós vamos ter nossa casa e viajar bastante. Vou te fazer a mulher mais feliz do mundo. ― disse e então sua boca tomou a minha.
Nosso beijo foi desesperado e depois aos poucos se acalmando. Me agarrei a ele, e a todas as promessas. Ele era meu, e eu dele. Éramos tão unidos que não importava mais nada no mundo, porque Luiz ia me fazer a mulher mais feliz do mundo
― Eu te amo minha caipirinha... te amo com tanta força que talvez te ame mais do que amo a mim mesmo.
― Eu também te amo, te amo muito.
Luiz Fernando
Depois de me reconciliar com a mulher da minha vida, e de ama-la a tarde toda me despedi prometendo resolver tudo em minha vida. Contei a ela sobre minha vida e o quanto detestava tudo. Mari queria que eu me acertasse com meus pais para seguirmos nossa vida.
Quando estava no carro que ainda não tinha devolvido, formulava as palavras para repreender minha mãe por ter tratado minha noiva como lixo. Na mesa do restaurante quando ela se sentou perguntou como eu ousava aparecer com uma qualquer na mídia, que a mulher certa para mim era Joyce. Não tive tempo pra responder, apenas falei que eu estava noivo e que amava mariana... então Mari chegou.
Minha mãe e uma mulher edifício, ela exige que tudo aconteça como ela quer e não aceita o contrário, por isso fui embora, porque ela era toxica e me deixava doente.
Deixei o carro no meio fio e entrei, meu pai como sempre estava sentado na poltrona, vendo alguma na internet.
― Oi filho, quanto tempo não! ― disse sorridente
― Oi pai. ― Minhas palavras saíram mais secas do que imaginei
― Estou aqui vendo na internet, você está em todos os sites de fofoca, mas não se preocupe sua mãe cuidou disso.
Olhei para ele, sua expressão dizia tudo, eles tinham aprontado alguma coisa e eu torcia para não ser nada grave.
Desviei meu olhar e subi as escadas, queria saber que merda eles tinham feito. No corredor ouvia a voz da minha mãe, e suas palavras me deixaram louco.
― Sim, ela era só uma empregada que queria dar um escândalo por ser rejeitada e meu filho fez a caridade de leva-la para jantar nada demais. ― Suas palavras eram firmes e serenas. ― Jamais meu filho, herdeiro dos negócios da família iria se envolver com uma qualquer, principalmente com uma interesseira.
O sangue me subiu para a cabeça, ouvir ela dizer aquelas mentiras sobre minha mulher fez com que eu a odiasse demais. Empurrei a porta e entre, cruzei os braços e a encarei.
― Preciso desligar, nos falamos depois. ― disse e desligou. ― Oi filho, que bom que veio nos ver.
Seu sorriso vitorioso me dava nojo, não a reconhecia, aquela mulher não podia ser nada minha, não deveria ser minha mãe.
― O que pensa que está fazendo difamando minha mulher desse jeito Barbara? ― falei entre os dentes.
― Estou trabalhando duro para que seu futuro não seja jogado na lama por causa de uma transa.
Ela havia passado todos os limites. Soltei os braços e dei um passo em sua direção, olhei dentro de seus olhos e vomitei tudo que estava sentindo.
― Mariana e minha mulher, a que escolhi por ser a melhor pessoa que já conheci na minha vida, ela e digna, honesta, humilde e pratica o amor ao próximo. E você? Inventa mentiras absurdas, eu te odeio e vou odiar para sempre. Mariana e muito mais que uma transa, ela sempre vai ser muito mais que tudo isso.
― Cale sua boca, não fale desse jeito comigo na minha casa! ― gritou
― Eu falo, porque você e uma egocêntrica, egoísta que só pensa no bem próprio, se te fizer bem está tudo bem humilhar e difamar as pessoas não é mesmo?
Senti o estalo, e a pele de meu rosto queimou. Ela tinha me dado um tapa por dizer a verdade.
― Nunca mais fale assim comigo Luiz Fernando!
Dei um passo para trás e sorri, porque ela nunca mais me veria em sua frente, e eu iria me casar com mariana, mesmo que ela abrisse o inferno na terra.
― Três coisas... ― a encarei ― Eu vou me casar com Mariana, vou morar longe de vocês, porque odeio tudo isso.
Dei as costas a ela e sai. Quando estava descendo as escadas ouvi a voz de Sarah.
― Você está certo, em sair dessa família.
Girei o corpo e encarei minha irmã, que estava com o semblante completamente diferente do normal. Seus olhos vermelhos, olheiras e ela estava magra demais.
― Sarah...
Subi os degraus novamente e a abracei. Senti ela relaxar em meu abraço e aquilo me doeu na alma.
― O que está acontecendo com você Sarinha?
― Não é nada, vá embora desse lugar, vai ser feliz aproveita que você pode fazer isso.
― Me conte o que está acontecendo e eu te ajudo.
Minha irmã se afastou, seus olhos estavam inundados de lagrimas. Ela parecia doente e eu não estive lá para ela, nunca estive.
― Não é nada. Te amo, nunca deixei eles te fazer nada que não queira. Preciso ir.
Sarah se foi sumindo no corredor dos quartos. Sai daquela casa com tanto ódio, aquelas pessoas estavam destruindo a minha vida e o que quer que eles estavam fazendo com minha irmã, eu ia descobrir, e eles me pagariam caro.
LUIZ FERNANDO― Beber não é seu forte não é mesmo? ― Disse uma loira ao meu lado no bar.― Não!― Dá pra perceber, ou você odeia esse copo de vodc
MARIANA―Mariana... segura minha mão! Não consigo sozinho.― Luiz gritava do escuro.Eu não conseguia enxerga-lo, estava muito escuro e muito frio. Meu coração estava acelerado, arrepios corriam por meu corpo, aquele lugar era assustador eu só queria achar e pegar em sua mão. O vento forte estava começando me arrastar para longe, eu precisava achar Luiz.― Meu amor,
MARIANAUma noite inteira sem dormir, com a cabeça borbulhando com tantas perguntas que podia apostar que tinha fumaça saindo de mim. Eu deveria decidir logo, mas o medo de partir e não ajudar minha amiga com o bebe me deixava com dor na consciência.Mas no dia seguinte quando sentei frente a frente com oSrRodrigo e propus que se eu fosse ele teria que arcar com os custos da minha faculdade, pensei que ele diria não e passaria a procurar outra pessoa.
Luiz FernandoSete anos depois!Depois de tudo que passei, a única coisa que podia fazer para agradecer a minha mãe e a meu pai por nunca terem me abandonado era assumir a presidência da empresa.Assumi a cinco anos atrás, e a empresa cresceu muito depois disso. Eu era o realmente bom naque
MARIANAMinha pequena menina ficou como um anjo durante o voo, sem chorar. Em alguns momentos quando estava com fome ela dava seus resmungos. Mas foi muito tranquilo. Luiz FernandoMeu despertador começou a gritar ao meu lado, mas já estava a um tempo acordado. Todos os dias era a mesma coisa, tinha pesadelos com o maldito acidente.Eram cincoe meia da manhã e já me sentia exausto. Sai da cama devagar para não acordar Joyce, ela andava meio estranha ultimamente.Capítulo 11
MarianaÀsvezes eu me lembrava de como eu era antes de conhecer Luiz Fernando, sim mesmo fingindo que não, assim que pisei na pensão todas as lembranças me atingiram com força, mas silenciei minha mente para não parecer que era real, que eu voltei e que as lembranças impregnadas em cada canto daquele lugar voltaram, ou talvez nunca tivessem ido embora.Eu não queria lembrar dele, porque toda a minha atenção e toda a minha energia estavam na
MarianaA semanapassou rápido, maltive tempo de fazer tudo que precisava. Guilherme chegaria mais tarde, para resolver as questões da empresa.Eu e minha tia já havíamos contratado a equipe que iria fazer a reforma, tanto engenheiro, quanto o arquiteto que contratamos tinham ótimas referências. Frederico começou o trabalhocedinho também, ele ia me levar para a Alencar. E por falar nisso, tive que comprar dois carros, um para mim e outro para Fred dirigir.