Cheguei com meu celular na mão, percebendo o olhar irônico de Lana. Eu sabia que não seríamos amigas, mas percebi que ela queria mesmo era ser minha inimiga.
- Você sabe que não pode usar celular no castelo, não é mesmo?
- Sim... Mas eu acabei de chegar. – expliquei.
- Quem a trouxe?
- Da minha casa? – perguntei.
- De onde quer que você tenha vindo, senhorita Lee. Como entrou no castelo?
- Com os príncipes. – expliquei.
- Como assim com os príncipes?
- Com vossas altezas. – tentei organizar melhor as palavras.
- Eu não sou burra. Entendi o que você quis dizer. Quero saber como você entrou no castelo de Noriah?
- No carro real. – expliquei novamente.
Ela riu:
- Quer mesmo que eu acredite nisso?
- Você não tem linha direta com os príncipes? – pergun
A semana foi de muito trabalho. Lana me deixava completamente cheia de coisas para fazer que eu mal tinha tempo para me alimentar. O café da manhã era servido no quarto diariamente. Almoço e jantar num espaço destinado somente a funcionários do castelo. Eu nunca encontrei Lana lá. Não sei se alimentava por pequenos lanches, que nunca a vi fazendo ou se comia junto da família real ou mesmo da rainha. O que mais me deixava sensível era a ausência da minha família. Eu tinha uma ligação muito afetiva com meu pai. Minha mãe era extremamente preocupada e meticulosa com tudo e nos falávamos muito. Eu sentia até falta das brigas dela. E Leon então? Se eu fechasse os olhos poderia sentir os braços dele em torno de mim... Seu cheiro gostoso de criança travessa. Eu tinha até saudades de Kevin e suas hipóteses loucas, bem como seu mau humor. E Kim...
Com ajuda de Dereck consegui sair no final da tarde de sábado. Lana não gostou nenhum pouco de me liberar e infringir as regras. Mas o príncipe insistiu que a situação de meu irmão era bastante delicada ainda e que ele se sensibilizava com isso. Antes de eu sair da sala, Lana disse:- Tome sua chave da sala. Passará a ser a responsável por abri-la e fechá-la diariamente.- Obrigada. – eu disse.Eu estava saindo pela porta quando ela disse:- Lee...Olhei-a atentamente:- Uma das cláusulas era não manter qualquer tipo de intimidade com o príncipe. Parece que você infringiu-a bem rápido.- Quem sabe você discute isso diretamente com ele? – sugeri sorrindo ironicamente. – Afinal, acho que também ser mau educada ou fingir que o príncipe não existe também seria errado não é mesmo
Ele saiu e bateu a porta. Eu me recompus e continuei ali, sem palavras. Dom pareceu nervoso:- Este homem é importante para nós.- Por quê? – perguntei.- Ele vem indicado por King, o grande financiador dos nossos encontros e que apoia nossas ideias. Não podemos perder Black.- Mas... Não fizemos nada errado. – eu disse.- Teoricamente deveríamos estar lá em cima, discutindo nossas ideias. É para isso que nos encontramos.- Dom...Ele pegou minhas mãos e beijou-as, dizendo:- Vou lembrar destes momentos... Dos seus beijos, do seu gosto, do seu cheiro...- Não quer mais me ver? – perguntei quase num fio de voz.- Claro que quero. – ele disse. –Mas precisamos nos cuidar. Nada de revelar nossas identidades. Isso é perigoso. Precisamos nos proteger.- Eu não quero saber de Black... Eu só quero
Meu coração bateu mais forte quando ouvi aquilo. Sim, eu gostava de Dom. Será que eu conseguiria negar o que eu sentia por aquele homem?Antes que eu pudesse responder, ele abriu um compartimento no carro e tirou de dentro dele uma caixinha de veludo vermelho. Eu queria estar errada sobre o que tinha ali dentro quando ele a colocou sobre minhas pernas.- Abra. – ele disse.- Não quer que eu responda sua pergunta anterior primeiro? – perguntei me referindo ao que ele quis saber sobre meus sentimentos por Dom.- Não. – ele disse. – Eu não me importo com a resposta.Antes de abrir fiquei ali, pensando em como Léo era estranho. Ele preferia não saber a verdade... Certamente ele já sabia a resposta. E minha intenção era dizer que sim, eu gostava de Dom, muito mais do que ele imaginava. No entanto agora eu estava com ele no carro, passando da meia noite,
Arrumei-me, peguei a chave da minha sala e subi ao segundo andar. Cheguei mais cedo que precisava, afinal, eu não tinha nada melhor para fazer ali a não ser trabalhar. Logo Lana chegou. Eu senti o cheiro de perfume dela quando ela passou pela porta.- Bom dia. – eu disse.- Chegou cedo. – observou ela.- Achei que fosse minha responsabilidade chegar antes de você.- Sim... Pode ser. Pegue um bloco de anotações e venha comigo.Peguei um bloco e uma caneta e perguntei:- Aonde vamos?- No terceiro andar... Acompanharemos o café da rainha.Eu fiquei um pouco tensa. Era a primeira vez que eu iria ao terceiro andar. Não podia e nem queria fazer nada errado. Precisava mostrar que eu podia ser uma boa dama de companhia, tanto quando Lana... Ou até melhor.Quando subimos o lance de escadas para o terceiro andar percebi que havia muito mais guardas do que nos outr
- Acho que ele está se referindo ao seu noivo. – observou Dereck divertidamente, se jogando para trás na sua confortável cadeira e pousando a cabeça sobre os braços abertos.Não costumava me acontecer com frequência, mas eu corei. Dereck era tão insistente em me unir de alguma forma a Magnus que aquilo me parecia até uma brincadeira às vezes, para ver como eu reagiria. Magnus não pareceu se preocupar. Só me observou e sorriu sem demonstrar nada, balançando a cabeça. Olhei para os dois guardas parados na porta. Eles não tinham expressão alguma. Será que estavam vivos?- Isso quer dizer que... Você vai levar em consideração minha proposta? – perguntou o príncipe mais jovem.- Se é tão importante para você...- Sim, é importante para mim. – ele confirmou seriamente.
A sala dos príncipes ficava no terceiro andar e não no segundo, como da rainha. Então eu provavelmente trabalharia no andar da realeza. Não entendia o motivo de os escritórios serem em andares diferentes, mas ainda assim não questionei. Dereck não estava lá, como havia dito que estaria. O lugar era amplo, como tudo ali naquele castelo, exceto o dormitório dos empregados. Tinha enormes janelas de vidro, ambas escondidas com enormes cortinas. Um tapete antigo e talvez caro cobria quase todo o chão. Era decorado minimamente, mas com móveis caros e feitos sob medida para o espaço. Havia duas enormes mesas, que eu supus que fosse dos príncipes e duas menores na entrada da sala, próximo da porta. Eu já havia sentado na confortável cadeira da mesa que eu havia escolhido, sem saber exatamente se podia. Trabalhar ali diretamente com eles e longe de Lana seria uma dádiva. Hav
- Kat, seu pai foi capitão da guarda.- Capitão da guarda do castelo de Noriah? – perguntei incrédula.- Sim...- Mas... Por que ele nunca contou absolutamente nada sobre isso?- Mais que o capitão da guarda, ele foi amigo pessoal do meu pai, Alfred Chevalier.Eu fiquei olhando para ele sem saber exatamente o que dizer. Que os dois tinham alguma ligação eu já sabia, pois o próprio rei havia feito a intervenção em meu favor no cargo de dama de companhia.- Seu pai teve a perna ferida quando salvou meu pai.Eu... Não podia acreditar. Meu pai havia salvado a vida do rei de Noriah. E por que ninguém sabia aquilo? Havia sido divulgado em algum lugar? Teria que sair no mínimo na capa do jornal na Zona E. Eu tive tanto orgulho dele. E queria que meu irmão também pudesse ouvir aquilo para poder ter orgulho do nosso pai.- Cont