Com ajuda de Dereck consegui sair no final da tarde de sábado. Lana não gostou nenhum pouco de me liberar e infringir as regras. Mas o príncipe insistiu que a situação de meu irmão era bastante delicada ainda e que ele se sensibilizava com isso. Antes de eu sair da sala, Lana disse:
- Tome sua chave da sala. Passará a ser a responsável por abri-la e fechá-la diariamente.
- Obrigada. – eu disse.
Eu estava saindo pela porta quando ela disse:
- Lee...
Olhei-a atentamente:
- Uma das cláusulas era não manter qualquer tipo de intimidade com o príncipe. Parece que você infringiu-a bem rápido.
- Quem sabe você discute isso diretamente com ele? – sugeri sorrindo ironicamente. – Afinal, acho que também ser mau educada ou fingir que o príncipe não existe também seria errado não é mesmo
Ele saiu e bateu a porta. Eu me recompus e continuei ali, sem palavras. Dom pareceu nervoso:- Este homem é importante para nós.- Por quê? – perguntei.- Ele vem indicado por King, o grande financiador dos nossos encontros e que apoia nossas ideias. Não podemos perder Black.- Mas... Não fizemos nada errado. – eu disse.- Teoricamente deveríamos estar lá em cima, discutindo nossas ideias. É para isso que nos encontramos.- Dom...Ele pegou minhas mãos e beijou-as, dizendo:- Vou lembrar destes momentos... Dos seus beijos, do seu gosto, do seu cheiro...- Não quer mais me ver? – perguntei quase num fio de voz.- Claro que quero. – ele disse. –Mas precisamos nos cuidar. Nada de revelar nossas identidades. Isso é perigoso. Precisamos nos proteger.- Eu não quero saber de Black... Eu só quero
Meu coração bateu mais forte quando ouvi aquilo. Sim, eu gostava de Dom. Será que eu conseguiria negar o que eu sentia por aquele homem?Antes que eu pudesse responder, ele abriu um compartimento no carro e tirou de dentro dele uma caixinha de veludo vermelho. Eu queria estar errada sobre o que tinha ali dentro quando ele a colocou sobre minhas pernas.- Abra. – ele disse.- Não quer que eu responda sua pergunta anterior primeiro? – perguntei me referindo ao que ele quis saber sobre meus sentimentos por Dom.- Não. – ele disse. – Eu não me importo com a resposta.Antes de abrir fiquei ali, pensando em como Léo era estranho. Ele preferia não saber a verdade... Certamente ele já sabia a resposta. E minha intenção era dizer que sim, eu gostava de Dom, muito mais do que ele imaginava. No entanto agora eu estava com ele no carro, passando da meia noite,
Arrumei-me, peguei a chave da minha sala e subi ao segundo andar. Cheguei mais cedo que precisava, afinal, eu não tinha nada melhor para fazer ali a não ser trabalhar. Logo Lana chegou. Eu senti o cheiro de perfume dela quando ela passou pela porta.- Bom dia. – eu disse.- Chegou cedo. – observou ela.- Achei que fosse minha responsabilidade chegar antes de você.- Sim... Pode ser. Pegue um bloco de anotações e venha comigo.Peguei um bloco e uma caneta e perguntei:- Aonde vamos?- No terceiro andar... Acompanharemos o café da rainha.Eu fiquei um pouco tensa. Era a primeira vez que eu iria ao terceiro andar. Não podia e nem queria fazer nada errado. Precisava mostrar que eu podia ser uma boa dama de companhia, tanto quando Lana... Ou até melhor.Quando subimos o lance de escadas para o terceiro andar percebi que havia muito mais guardas do que nos outr
- Acho que ele está se referindo ao seu noivo. – observou Dereck divertidamente, se jogando para trás na sua confortável cadeira e pousando a cabeça sobre os braços abertos.Não costumava me acontecer com frequência, mas eu corei. Dereck era tão insistente em me unir de alguma forma a Magnus que aquilo me parecia até uma brincadeira às vezes, para ver como eu reagiria. Magnus não pareceu se preocupar. Só me observou e sorriu sem demonstrar nada, balançando a cabeça. Olhei para os dois guardas parados na porta. Eles não tinham expressão alguma. Será que estavam vivos?- Isso quer dizer que... Você vai levar em consideração minha proposta? – perguntou o príncipe mais jovem.- Se é tão importante para você...- Sim, é importante para mim. – ele confirmou seriamente.
A sala dos príncipes ficava no terceiro andar e não no segundo, como da rainha. Então eu provavelmente trabalharia no andar da realeza. Não entendia o motivo de os escritórios serem em andares diferentes, mas ainda assim não questionei. Dereck não estava lá, como havia dito que estaria. O lugar era amplo, como tudo ali naquele castelo, exceto o dormitório dos empregados. Tinha enormes janelas de vidro, ambas escondidas com enormes cortinas. Um tapete antigo e talvez caro cobria quase todo o chão. Era decorado minimamente, mas com móveis caros e feitos sob medida para o espaço. Havia duas enormes mesas, que eu supus que fosse dos príncipes e duas menores na entrada da sala, próximo da porta. Eu já havia sentado na confortável cadeira da mesa que eu havia escolhido, sem saber exatamente se podia. Trabalhar ali diretamente com eles e longe de Lana seria uma dádiva. Hav
- Kat, seu pai foi capitão da guarda.- Capitão da guarda do castelo de Noriah? – perguntei incrédula.- Sim...- Mas... Por que ele nunca contou absolutamente nada sobre isso?- Mais que o capitão da guarda, ele foi amigo pessoal do meu pai, Alfred Chevalier.Eu fiquei olhando para ele sem saber exatamente o que dizer. Que os dois tinham alguma ligação eu já sabia, pois o próprio rei havia feito a intervenção em meu favor no cargo de dama de companhia.- Seu pai teve a perna ferida quando salvou meu pai.Eu... Não podia acreditar. Meu pai havia salvado a vida do rei de Noriah. E por que ninguém sabia aquilo? Havia sido divulgado em algum lugar? Teria que sair no mínimo na capa do jornal na Zona E. Eu tive tanto orgulho dele. E queria que meu irmão também pudesse ouvir aquilo para poder ter orgulho do nosso pai.- Cont
Magnus me pegou nos braços e me levou dali. Eu sentia muita dor, mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Em alguns minutos ele abriu uma porta e entramos numa pequena cabana iluminada com a luz de um lampião. Ele me colocou sobre uma cama confortável, embora pequena.- O que aconteceu? – eu perguntei.- Eu preciso ver o que realmente aconteceu. – ele disse.Magnus rapidamente tirou meu casaco e em seguida a blusa, deixando-me somente de sutiã.- Foi mesmo um tiro... – ele disse passando a mão nervosamente pelos cabelos.- Você me deu um tiro? – perguntei. – Por que você fez isso?Ele olhou nos meus olhos e disse:- Foi sem querer... Eu caço aqui.- Você tem... Uma floresta de caça?- Sim... O que você faz aqui?- Eu... Eu...- Esqueça. Não precisa dizer mais nada. Tente fi
Eu não sei exatamente quanto tempo levou para Magnus voltar com vários guardas, o médico e enfermeiras. Sei que fui colocada com cuidado na maca e tentei fechar meus olhos e relaxar. Senti o tempo todo a presença dele ao meu lado, embora eu não tivesse vendo. Não tenho certeza se dormi ou desmaiei até chegar ao castelo. Quando abri meus olhos, me levavam por um corredor iluminado. Havia tantas pessoas à minha volta. Procurei com o olhar e lá estava ele, e herdeiro da coroa, ainda comigo. Jamais teria certeza se era consciência pesada ou se Magnus realmente se importava comigo.Fui conduzida a uma sala somente com o médico e duas enfermeiras. O ferimento foi limpo e higienizado e o médico garantiu que eu ficaria bem, pois o tiro havia sido de raspão. Elogiou-me pela coragem, pois eu havia sido forte o tempo todo, mesmo com a dor horrível que sentia e havendo perdido sangue.