Para meu azar, quase tudo que foi servido no almoço do castelo continha carne dos mais diversos animais. Enquanto as demais comiam tudo maravilhadas, eu só sentia uma tristeza infinita ao perceber quantos animais haviam sido mortos para alimentar aquelas pessoas.
Ao final do almoço, enquanto todas estavam satisfeitas, eu havia provado poucos pratos. Como dizia minha mãe: “pobre não pode ser vegetariana”. Ainda assim eu insistia. Saí da mesa com fome.
À tarde fomos divididas em pequenos grupos para conhecer o castelo, monitoradas por mulheres diferentes. Eu ouvia conversas e risinhos das meninas entretidas com os guardas, que nem se mexiam. Para mim eles tinham todos a mesma cara. Não imaginava alguém tirando um sorriso daqueles rostos sérios. Eu fiquei no grupo de Sofia, por sorte.
Fomos andando pelos corredores do primeiro andar, conhecendo lugares históricos.
- Ser&
No final da tarde peguei o resultado dos meus exames e pude voltar para casa. Na dúvida sobre ir ou não com o motorista de Dereck, fui até o ponto de ônibus. Eu não podia depender nem do carro nem do motorista dele. Eu era só Katrina Lee, por mais ambições que eu tivesse na minha vida.Quando cheguei, tomei um banho gelado, pois o chuveiro ainda não estava consertado. Nem sei quando aquilo aconteceria. Quem o faria? Troquei-me e pesquisei no celular como trocar resistência de chuveiro. Não parecia tão difícil. Fui lá e arrumei. Quando abri o registro, estava esquentando novamente.Pensei em Kim e lembrei definitivamente que eu não era uma princesa. Precisava lembrar que dentro do castelo, eu só era uma empregada. Talvez não tivesse que trocar resistência de chuveiros, mas seria difícil da mesma maneira. A proximidade com Dereck de alguma for
- Por que você não quer que Magnus case com Vitória Grimaldo? – perguntei curiosa.- Porque Vitória pode ser mais cruel que minha mãe.Fiquei preocupada com o que ele disse. O dia que a rainha Anne deixasse o trono para Magnus, ele poderia ser influenciado fortemente por sua esposa, que poderia ser pior que sua mãe.- Eu não entendo porque você diz tudo isso para nós. Você nem nos conhece. – falei desconfiada.Ele parecia não se preocupar nenhum pouco. Colocou as mãos para trás da cabeça e se recostou sobre o banco:- Já tive pessoas que me ajudaram antes dentro do castelo. Você não é a primeira, Kat. E eu precisei dar um voto de confiança também.- E você foi traído?- Mais ou menos...- O que isso significa, Dereck? – perguntei preocupada.- Nada demais..
Naquela mesma noite, em meu quarto, liguei para Léo:- Kat? Estou feliz que tenha me ligado. Sentiu minha falta? – perguntou ele feliz.- Sim... – menti. Eu não tinha sentido a falta dele. Mas eu literalmente precisava muito dele.- Eu disse que mais cedo ou mais tarde você perceberia que eu era o que você precisava.- Talvez... – falei sincera. – Eu estou ligando para convidá-lo para jantar comigo amanhã à noite.- Você me convidando para jantar? – ele falou surpreso. – Querida, não tenho palavras para descrever o que estou sentindo neste momento. Que horas pego você? O jantar vai ser na sua casa? Vou conhecer sua família, oficialmente?Eram tantas perguntas. Como eu diria a ele a verdade?- Léo... Você pode me buscar às 18 horas. Mas o jantar na verdade... É... No castelo.- Castelo? –
Léo me buscou exatamente às 18 horas, conforme o combinado. Ele estava vestido elegantemente num terno cinza escuro com camisa branca. Fiquei feliz de estar acompanhada dele. Léo sabia se portar nestas ocasiões e tê-lo ao meu lado seria bom. Minha mãe estava fascinada com minha aparência, embora ainda achasse que eu deveria ter usado um longo.- Mãe, não vai faltar oportunidade. Se eu conseguir a vaga como dama de companhia da rainha, acho que vou usar vestido longo em muitas ocasiões.- Ou não... – ela disse. – Aquela megera é capaz de deixar você de fora dos eventos para não chamar a atenção.Eu ri:- Se é mais um elogio, obrigada.- Se comportem. – ela disse acenando para Léo quando ele abriu a porta para mim.Quando entramos no carro ele me olhou nos olhos e disse:- Kat... Você est&aac
- Você pode encontrar esta moça aqui, príncipe Dereck?- Ninguém me disse que era proibido falar com as participantes. – disse ele.- Não seria melhor que isso acontecesse em público? Afinal, a moça está acompanhada. - disse ela com voz mansa, não escondendo a ironia no olhar.- Não entendi seu comentário, Lady Vitória. De qualquer forma, obrigada Alteza, por me ajudar a encontrar o caminho de volta ao salão. Foi generoso de sua parte.Fiz uma reverência e sai, voltando para o salão. Estava tão nervosa e irritada com aquela mulher irônica que não vi ninguém na minha frente, esbarrando em alguém. Quando levantei os olhos, vi Magnus. Alguns guardas vieram intervir e chegaram a encostar em mim, mas ele fez sinal para que saíssem.- Me desculpe. – eu falei, fazendo uma reverência.- Par
Acordei na sexta-feira com o telefone tocando. Não reconheci o número e atendi deitada.- Senhorita Katrina Lee?- Sim. – confirmei.- Hoje, às 17 h, a senhorita terá entrevista com a dama de companhia da rainha, Lana Davis e com Vossa Majestade, a rainha Anne Marie Chevalier.Meu coração bateu mais forte. Sentei rapidamente na cama:- Estarei no horário agendado. Alguma coisa que eu deva fazer além disso?- 17 horas. – foi a resposta seca do outro lado.A ligação foi encerrada e eu fiquei ali, com o telefone na mão, quase não acreditando. Se não estava na reta final estava quase lá. Eu conheceria a tão temida rainha Anne Marie Chevalier. Era quase inacreditável. Embora eu não gostasse dela, conhecê-la seria um privilégio e algo que eu jamais imaginei fazer na vida. Pessoas dariam qualquer coi
Quando saí do castelo, o carro do príncipe estava esperando por mim. Abri a porta e entrei, dando de cara com Dereck.- Dereck?- Boa noite, Kat.Eu fiquei feliz em vê-lo. Estava tão confusa, com tantas dúvidas...- Eu precisava ver você... Parece que adivinhou.- Eu sei. – falou ele piscando ironicamente. – Sou mesmo irresistível.- Como você consegue ser assim? – perguntei.- Acredite, não é nada fácil.- Dereck, eu conheci sua mãe... E elas tinham em mãos tudo sobre a minha vida... Isso é surreal.- Isso é o castelo de Noriah, Kat.- Mas... A vida de ninguém é privada?- Creio que não. Tudo que quisermos saber sobre qualquer pessoa é possível.- Eu... Acho isso horrível.- Tem seus benefícios, acredite.- Eu temo n&at
A rainha usava um lindo vestido azul Royal de cetim. Não era nada tradicional ou comum. Ela sempre estava bem vestida. Diziam que ela mandava fazer todas as suas roupas exclusivas com um estilista famoso do País Del Mar. Se eu achava bonito? Sim. Se eu concordava com o luxo e a ostentação? Não. Provavelmente o que ela gastava com aquela vestimenta poderiam alimentar várias famílias na Zona K. Ela fez um discurso breve, comunicando que a escolha foi feita de forma meticulosa, que nenhuma garota foi privilegiada, etc. Eu nunca conseguia acreditar em nada do que ela dizia e sempre acreditava que as palavras que ela proferia não vinham de um discurso previamente feito e sim falado por ela mesma, naquele momento. Ainda assim ela era boa no que fazia e convincente. Depois de mostrar as fotos e entrevistas do jantar oferecido às participantes e seus acompanhantes, que tomou quase uma hora do tempo, ela foi ao que interessava: que dali havia saído 10 finalistas. - Fa