Eu fechei o vidro e fiquei ali, sem saber se deitava, saía dali ou...
Ouvi um barulho na porta e logo chegou um homem e uma mulher vestidos de branco.
- Bom dia, senhorita Lee, sou o doutor Lewis.
- Bom dia. – eu disse sentando na cama.
Os dois vieram até mim. Ele examinou meus batimentos, verificou a pressão, olhou alguns papéis que tinha sobre a mesa ao lado da minha cama e disse:
- A senhorita já está bem.
- Sim... Estou. – confirmei.
- Faz algum tipo de tratamento para hipoglicemia?
- Não... Só acompanhamento normal.
- Ficou quanto tempo sem comer?
- Mais de 10 horas.
- Até que suportou muito tempo... Seus exames estão bons.
- Estou liberada? – perguntei olhando no relógio, que já se aproximava das 7 horas.
- Sim. Acompanhei a senhorita ontem e vejo que hoje está muito bem.
-
Eu fiquei ali, sem saber o que fazer, afinal, ele era o príncipe. Eu poderia fugir do príncipe? Provavelmente ele já sabia até onde eu morava. Estava tão confusa com tudo que estava acontecendo. Não entendia nada... Estava com um pouco de medo. Parecia história de filme. Se eu contasse a Kim, ele não acreditaria que eu caí nos braços de Magnus e estava conversando com Dereck como se ele fosse uma pessoa normal. Kim... Eu precisava falar com ele. Onde estava a minha bolsa? Meu telefone? Eu havia perdido quando desmaiei? Saí de dentro da porta e fiquei para o lado de fora, observando as outras garotas que iam saindo de pouco em pouco. Teriam elas achado a prova difícil ou fácil? Eu estaria na próxima fase por meus méritos ou por meu pai? Ou agora seria por Dereck? O que aquele homem queria de mim? Vi Sofia saindo de uma das salas e fui até ela.- Como você foi?
Dereck fez questão que eu fosse embora no carro dele com motorista. Eu recusei somente uma vez e na segunda insistência dele aceitei. Eu estava cansada, havia passado a noite na enfermaria do castelo e feito uma prova de conhecimentos gerais com várias folhas para leitura usando óculos fake. Além disso, aquele príncipe estava me chantageando. Tudo parecia meio surreal nos últimos dias. Peguei meu celular, que por sorte ainda tinha um pouco de bateria. Havia 22 ligações não atendidas de Kim. Mais 10 da minha mãe e 2 de Kevin. Olhei para o motorista que dirigia atentamente. Ele poderia ser um espião de Dereck, então eu não ligaria para ninguém até chegar em casa e estar segura. A viagem de carro até a Zona E foi rápida e em pouco tempo eu estava descendo na frente da minha casa. Chegar ali me deu certo alívio. A vida no castelo poderia ser ainda pior do q
Enquanto eu e Kim íamos para a sala secreta da faculdade, meu telefone tocou. Atendi:- Senhorita Katrina Lee?- Sim, sou eu.- Esperamos você às 8 horas no castelo.- Eu passei para a próxima fase? – falei não me contendo de alegria.- Sim.- E... Qual foi minha nota? Quer dizer, você pode me responder isso?- A senhorita acertou todas as questões.Eu não pude me conter e dei um grito no meio da rua. Tentei me conter e disse:- Obrigada.Desliguei o telefone e olhei para Kim:- Kim, eu acertei todas as questões da prova.Ele me abraçou:- Eu não esperava menos de você, Kat. Você será a dama de companhia da rainha. Eu tenho certeza disto.Eu estava feliz pela primeira vez. Acho que porque realmente foi mérito meu. Não foi ajuda do meu pai, nem de Dereck. Eu era inteligente e
Quando a relógio despertou eu fui para o banho mecanicamente. Levantar cedo não era meu forte. Não iria repetir a roupa que ganhei de Dereck, então enquanto deixava a água molhar meus cabelos, pensava no que vestir naquele estilo. De repente a água ficou gelada e eu gritei. Mexi no chuveiro para troca de temperatura, mas não teve jeito: estava queimado. Aquilo era só o início do meu dia. Saí enrolada pela casa tremendo de frio. Encontrei uma saia bem usada e uma blusa branca que acompanhei com um blazer da mesma cor. O sapato iria repetir o que ganhei do príncipe, pois eram extremamente confortáveis. De onde ele havia tirado aquelas coisas? Eram novas... Nunca usadas. Tinham etiqueta e tudo mais. Eu não tinha muito tempo para pensar naquilo. Peguei os óculos fake e botei no meu rosto, saindo com os cabelos úmidos, pois não tive tempo para secar. Quando saí o carro e
Para meu azar, quase tudo que foi servido no almoço do castelo continha carne dos mais diversos animais. Enquanto as demais comiam tudo maravilhadas, eu só sentia uma tristeza infinita ao perceber quantos animais haviam sido mortos para alimentar aquelas pessoas.Ao final do almoço, enquanto todas estavam satisfeitas, eu havia provado poucos pratos. Como dizia minha mãe: “pobre não pode ser vegetariana”. Ainda assim eu insistia. Saí da mesa com fome.À tarde fomos divididas em pequenos grupos para conhecer o castelo, monitoradas por mulheres diferentes. Eu ouvia conversas e risinhos das meninas entretidas com os guardas, que nem se mexiam. Para mim eles tinham todos a mesma cara. Não imaginava alguém tirando um sorriso daqueles rostos sérios. Eu fiquei no grupo de Sofia, por sorte.Fomos andando pelos corredores do primeiro andar, conhecendo lugares históricos.- Ser&
No final da tarde peguei o resultado dos meus exames e pude voltar para casa. Na dúvida sobre ir ou não com o motorista de Dereck, fui até o ponto de ônibus. Eu não podia depender nem do carro nem do motorista dele. Eu era só Katrina Lee, por mais ambições que eu tivesse na minha vida.Quando cheguei, tomei um banho gelado, pois o chuveiro ainda não estava consertado. Nem sei quando aquilo aconteceria. Quem o faria? Troquei-me e pesquisei no celular como trocar resistência de chuveiro. Não parecia tão difícil. Fui lá e arrumei. Quando abri o registro, estava esquentando novamente.Pensei em Kim e lembrei definitivamente que eu não era uma princesa. Precisava lembrar que dentro do castelo, eu só era uma empregada. Talvez não tivesse que trocar resistência de chuveiros, mas seria difícil da mesma maneira. A proximidade com Dereck de alguma for
- Por que você não quer que Magnus case com Vitória Grimaldo? – perguntei curiosa.- Porque Vitória pode ser mais cruel que minha mãe.Fiquei preocupada com o que ele disse. O dia que a rainha Anne deixasse o trono para Magnus, ele poderia ser influenciado fortemente por sua esposa, que poderia ser pior que sua mãe.- Eu não entendo porque você diz tudo isso para nós. Você nem nos conhece. – falei desconfiada.Ele parecia não se preocupar nenhum pouco. Colocou as mãos para trás da cabeça e se recostou sobre o banco:- Já tive pessoas que me ajudaram antes dentro do castelo. Você não é a primeira, Kat. E eu precisei dar um voto de confiança também.- E você foi traído?- Mais ou menos...- O que isso significa, Dereck? – perguntei preocupada.- Nada demais..
Naquela mesma noite, em meu quarto, liguei para Léo:- Kat? Estou feliz que tenha me ligado. Sentiu minha falta? – perguntou ele feliz.- Sim... – menti. Eu não tinha sentido a falta dele. Mas eu literalmente precisava muito dele.- Eu disse que mais cedo ou mais tarde você perceberia que eu era o que você precisava.- Talvez... – falei sincera. – Eu estou ligando para convidá-lo para jantar comigo amanhã à noite.- Você me convidando para jantar? – ele falou surpreso. – Querida, não tenho palavras para descrever o que estou sentindo neste momento. Que horas pego você? O jantar vai ser na sua casa? Vou conhecer sua família, oficialmente?Eram tantas perguntas. Como eu diria a ele a verdade?- Léo... Você pode me buscar às 18 horas. Mas o jantar na verdade... É... No castelo.- Castelo? –