“Ele queria se tornar pássaro, mas mortais devem seguir o propósito de Deus.”
“Estou cansada dessas mentiras se espalhado como água por todos os lugares... Isso me afetou no âmago. Quem mente não é confiável. Mas e agora? Em quem acreditar? Às vezes o melhor é esquecer tudo, pois o tempo passa e não aproveitamos nada em nossas vidas. Eu acho egoísta demais centrar a alma em algo que não te deixaria nem respirar direito. E os pulmões que não respiram na água, não respiram sangue, precisam de ar. E de um ar que não sufoca.
Eis que aqui expus os meus pensamentos e todo o amor que eu deixei se libertar do meu coração, que parecia acorrentado. É por esta estrada que eu caminho: a da fé, a da justiça onde não há juízes justos, mas há
Eu estava em minha casa, quando, porventura, algo parece muito irreal. Eu tocava um pouco do meu piano antigo e deixava a imaginação com suas próprias asas, a sinfonia ia crescendo até o som desaparecer no ar. Mas um ruído incomum aparece na sala:- “O que foi isso?” – se perguntou Aurora.Não dei atenção para aquilo e continuei a música. Até que uma nota ficou desafinada.Naquele instante, senti algo além do piano vibrar. Um objeto metálico havia se movimentado sozinho e voou em disparada para outro local da sala. Eu só percebi um vulto se movendo rapidamente no ambiente.Aurora leva um susto pelo ocorrido e mal sabe o que fazer. Sentia uma nova vibração no local, era como se algum espírito tentasse se comunicar com ela.Se havia mais alguém ali, com toda aquela força, - o suficiente para lan&cced
De repente, como se uma nuvem atravessasse o ambiente, os ecos se arrebentassem e dissessem palavras frias, que cortam mais que objetos afiadas, um espírito fala:- Nos entretenha, maldita! – disse uma voz amaldiçoada aparentemente poderosa. O som era tão inquietante que chegava a causar arrepios e medo profundo de morte. Não era possível ver nenhuma aparição, mas as cortinas balançavam como um vento colérico. E alguns objetos de vidro haviam se quebrado sozinhos com aquela força estupenda.Aurora pressentia que aquele tinha cheiro de espírito irônico, fraco demais vencer as próprias tentações, mas poderoso o suficiente por poder fazer aquilo tudo contra ela. Era como um ser das trevas querendo habitar o local e torná-lo para si sua própria morada.- Vá embora daqui! – gritava Aurora, amedrontada.- Dê-me a sua alm
“Nós estamos aqui falando sob a atmosfera e a morte anda dançando nos nossos túmulos secretos da mente”. “Hoje é uma sexta-feira de dezembro de 1896. Um ano após a morte de meu bebê e um ano e três meses após a do meu marido. Oh, como é dura a vida solitária de uma dama que todos os dias pela manhã se olha em seu espelho com certa angústia estampada no rosto por não poder voltar mais ao passado e relembrar os bons momentos de uma vida que já se foi. Meu marido faleceu porque se viciara num veneno mortal: o ópio. Minha criança faleceu de uma doença misteriosa, três semanas após seu nascimento”.Aurora encarava seu próprio reflexo, na superfície de seu espelho oval emoldurado. Ela sentia a solidão por não ter por perto as pessoas que
“Tudo o que eu vi e ainda vejo... Será que eles querem que nos amedrontemos com as próprias sombras? Eles dizem que eu sou louca e tenho que ficar no hospício, mas quando eu vejo a quem queria ver, eu sei que há algo muito além do que eu posso explicar: é quando eu sei que eles estão verdadeiramente errados. [...].” – Eu vi a imagem do meu bebê e meu marido falecidos no reflexo de um espelho em um hotel da Índia. Eu precisava ficar lá, para ver o que eles queriam, mas não posso... Eu vivo aqui, todos os dias tenho vontade de me encontrar com eles... A minha angústia é tão grande, que eu sinto um vazio por dentro... É como se a vida fosse uma triste tarde de inverno, álgida, como se me consumisse por inteira e eu não tivesse como me proteger das nevascas... É como se eu me sentisse frágil... – disse
“Esperar as tormentas se aquietarem para um novo sol se abrir é uma virtude que devemos ter: resiliência.” Depois de duas semanas no sanatório, Aurora finalmente sai daquele ambiente. O médico receitou algumas medicações para ela tomar e ela acaba se sentindo mais aliviada. Nos jornais descobre que muitos médiuns estavam sendo perseguidos e as autoridades estavam tentando sanar o problema com os revoltosos. Muitos já haviam sido presos, mas não se sabia ao certo se a moradia de alguém havia sido prejudicada. O que havia era um grande caso de intolerância religiosa em seus país e Aurora pensou em reagir.Talvez seja o momento para eu falar algo realmente importante para conter essa revolta. Quem sabe se houvesse uma assembleia extraordinária na frente da rainha Vitória e as autoridades. Eu vejo que as vezes precisamos lutar
O meu ser clama em alto desesperoQue como águia voa e me olha de cima.Fagulhas penetram minha mente e eu me pergunto:Como se afogar na imensidão de águas negras?Será que a mais nobre causa de minh’alma sofrer,Se encontra aonde eu não posso tocar?E se nas águas escondidas,Eu me tornasse ninfa e lá vivesse para sempre?Em meu espírito a dor oculta se revelaE como um parasita devora os meus dias,Cavando a minha ida para o túmulo.Partir ou viver?A tão dolorosa partida de quem não mais pode sonharDe quem sente os calafrios duros da morteOs vermes estão à espera do banqueteO que vive em mim agora?Se eu pudesse ultrapassar os obstáculosDa minha jornada, a infeliz caminhadaPor onde eu me tornei uma escrava do medo...Minha boca professa pala
Será que eu me renderia a algo maior que eu depois de ter passado por tudo? Se existe uma alma voraz pela das outras, ela só pode vir das trevas; escondida, desejando mais na melancolia da escuridão tenebrosa.Eu me encontrava em um estado de tensão. Músculos meus pareciam doloridos e eu não ficava sem remédios, dia após dia, dando um passo de cada vez; queria me livrar de tudo que me deixava em desencanto, desvanescente, esmorecendo. As chamas da terra respiravam através de mim e o fogo formava um deserto em torno de muitas criaturas desconhecidas que caminhavam em paz na minha nítida imaginação. Uma espada e um escudo eram para ser colocados em nossas mãos até entendermos que o nosso amor deveria ser inabalável.Eu senti o meu respirar ofegante, meu corpo tremia; um desconforto súbito me deixava para baixo, minha queda livre para a profundidade dos abismos,
Eu derramava lágrimas até formar um lago para onde eu poderia até mergulhar. Mas o que poderia viver dentro desse lago? Uma criatura mítica desacordada para a eternidade? Se eu invadisse as suas águas misteriosas e profundas, será que eu encontraria alguma passagem para uma caverna de cristais onde ouviria os ecos de seres desaparecidos? [...]. Eu poderia ouvir os soluços de um coração desgostoso, amedrontado com o dia de amanhã. Me obscureceria de toda a alma, relaxaria ou me queixaria por não poder ficar lá em paz, com alguém que me entendesse?Meus sonhos já não me diziam nada, poderiam até me emocionar, mas eles eram fruto de um sono conflituoso, onde eu batalhava para dormir como uma pedra.Eu me lembrava das minhas irmãs. Elas que me tratavam com indiferença. Isso me doía. Era tão pior quanto ser odiada por alguém. Ela