Aurora está confusa, pensa em coisas surreais e lembra-se do seu passado.
Eu nunca quis deixar ninguém para baixo, nunca quis desejar o mal para ninguém. Eu nunca quis prejudicá-lo. Se em mim habitou a maldade por algum tempo, eu quis que isso fosse embora. Se eu falhei, o peso da culpa precisaria ir embora. Se eu me senti amada por um tempo, eu fiz as nuvens cor púrpura se dissiparem através do sol rosado que nascia por detrás das montanhas, para tentar me cobrir pelo amor que eu não tinha. Entrei em sintonia com os sons imaginários de minhas orquestras e não me deixei levar por qualquer coisa, porque minha mente me foi bem contraditória esse tempo todo, ela me fez navegar num barco antigo entre o claro do dia e a escuridão da meia-noite.
Se eu escutei vozes dentro da minha cabeça e pensei que eram eles conversando comigo, tentando me chamar para ir até onde estava
As armaduras dos meus anjos parecem enferrujadas, já os mensageiros não ressurgem das trevas para clarear a escuridão e então reina em mim uma tristeza, um soluço no meu coração e eu sinto precisar de convalescença.O choro veio, me fez ficar cegada pelas lágrimas; a chuva povoou a terra celeste e a respiração entrou em desespero. Eu me vejo o tempo todo me questionando sobre o que eu gostaria de viver e sobre minhas necessidades mais íntimas. É então que eu me pergunto: “Será que eu consigo lidar com esse peso que carrego, o fardo das minhas emoções de angústia em meu interior?”Ah, se eu pudesse rever o meu filho novamente, se eu pudesse vê-lo bem mais uma vez... Se ele chorasse eu enxugaria todas as suas lágrimas. Me vi tão enfraquecida, tão sem ânimo, deixando meu céu escurecer, deixando-o
Acordei no outro dia com uma sensação de garganta seca. Uma angústia declarava estar nascendo de novo para me usar como seu corpo, devorando as minhas poucas energias.Eu costumava sonhar com os ilusionistas. Mas na selva eu sentia um estranho e profundo sentimento, de que algo me acompanhava, ou estaria me vigiando de longe. Inúmeros foram os números de mágica que eles fizeram. Eu sonhava despertar para outra realidade, a pela qual eu tinha um amor proibido queimando dentro do peito. Não era de se imaginar que alguém como eu pudesse sofrer tanto com aquilo que eu precisava verificar se era possível ou não: enxergar fantasmas.Almas penadas sempre viveram infelizes vagando por entre nós em lugares quase praticamente abandonados. Elas nunca me trouxeram problemas, mas eu acredito que muitas delas ainda estão em suas tumbas descansando e quando chega o momento de despertar, elas amanhecem
Um museu poderia ter algo como a escultura que eu tinha visto em sonho. A mitologia grega tinha suas façanhas que cobriam o mundo de enigmas como nunca, como a deusa Hécate. Era o que eu procurava entender. O que ela estaria fazendo em minhas doces ilusões mentais, devaneios sem correspondência com a realidade? Ou será que a mente estava atordoada e ídolos surgiam para eu escolher me afastar de Deus? Talvez não. Acho que era apenas um delírio sem estado febril que se apossava de mim. Não faria nenhuma homenagem a deus algum, eu não idolatraria ninguém.Mas passeando por aquele acervo de objetos antigos, eu me encontrava com as memórias do passado. E abruptamente via uma apresentação de ventriloquismo e me perguntava o quanto muitos não estariam sendo manipulados, como minhas irmãs se deixavam. Não deveria pensar o quão as achava ignorantes, mas elas nem
Naquelas páginas amareladas de um livro antigo, eu buscava um significado para a estátua de Hécate dos meus sonhos. Aquela aparição, aquele simbolismo não poderiam me confundir. Pois o que se dizia no livro, que pela imagem que vi, era ela mesma; o símbolo da noite, da escuridão, da morte. Daqueles mistérios incompreendidos pelos mortais, seja pelos leigos, pelos crentes. Sua ligação com as mil faces da lua, uma hora que aparece no céu, e que outra se esconde. Sua língua afiada fala do que o coração está cheio e muitos a temem, pois é uma embaixadora das legiões obscuras. Ela transita entre os mundos mágicos como uma guardiã nos portões de Hades. Por causa de sua imagem, muitos pedem o descanso de suas almas, pelo ínterim oculto que prende seus interesses por magia e entregam seus medos pelas suas crenças.
“Eu vejo meus olhos encantados pelo espetáculo que faz reflorescer o jardim que estava morto”.Prezada Aurora,Estamos escrevendo esta carta para vossa senhoria, pois há um Teatro chamado Amazonas na cidade de Manaus no Brasil, que está repleto de mistérios que somente aqueles ligados ao mundo espiritual poderiam desvendá-lo. A verdade é que cremos que há algum acontecimento ali inexplicável, ou como queira interpretar, paranormal. Nosso jardim já teve flores mais encantadoras, mas mesmo sendo numa época dessas, quase não se veem mais as orquídeas. Encontramos velas por todo o lugar. Não sabemos o motivo real de elas aparecerem em nosso canteiro, mas há algumas pessoas que provavelmente fazem trabalhos religiosos por aqui. Não podemos saber quem, só sabemos disso porque elas aparecem no lo
De olhos fechados, eu tentava dormir, mas a noite estava estranha demais e eu me encontrava me mexendo de um lado para o outro na cama, até ver um demônio tocando minhas mãos. Com aparência de monstro, se fazia de boa alma para comigo, mas no fim só queria me enganar. Era uma ameaça à minha vida, ele se fazia de bem-querer, me tentava.Falsos amigos são todos os mesmos, querem jogar o jogo; sussurram palavras consoladoras, mas o procuram por interesse e até fingem se importar com você, até se revelarem como traidores.As almas que sofrem de desilusão muitas vezes não querem serem transformadas. A solidão quando vem, deixando o coração em pedaços faz o homem delirar até que ele possa se entregar à nova realidade. O veneno é expelido pela boca e se querem jogar comigo, eu estaria mais atenta desta vez para não me deixar ser
Eu sentia uma pulsão. Pedi para Deus me livrar daquelas garras demoníacas que queriam fazer tremer a minha voz, saltitar a agonia em demasia, latejar como um morto-vivo que se mexe incessantemente dentro de uma tumba. As orquestras sinfônicas rompiam as indelicadezas da minha mente; os sons enegrecidos pela insanidade só de aparecerem dentro de mim, faziam a aflição aumentar.Pequenos ruídos formavam reinos infernais rindo e zombando de mim, apontando os dedos para mim; as línguas venenosas dos opressores me faziam me entristecer, pois com a minha angústia, eles se alegravam por terem perdido a graça. Eu parecia vestir uma coroa pesada de aço ou chumbo. Minha voz era silenciada pelo eco da dor gritante, fazia com que os meus músculos ficassem desconfortáveis.Minhas lágrimas derramavam um rio sem pena de mim mesma; os movimentos dos meus olhos eram os únicos que n&at
“São nas masmorras subterrâneas da alma que encontramos um lugar onde devemos pertencer, onde podemos descansar enquanto a sinfonia decadente preenche nosso espírito.” Aurora precisava renascer como as flores numa nova estação. Deixar a velha vida e aproveitar um pouco os lugares mais claros e limpos do que se envolver com os sombrios locais fantasmagóricos. Mas sua alma queria sacrificar-se mesmo assim. O mundo oculto dos mortos era um fascínio para ela, pois quanto mais estava perto dele, mais se sentia em casa. Até que em um novo momento, ela decide ler uma carta: Cara Aurora Morwenna, É com grande sentimento de pavor que escrevemos esta carta para a senhorita. Nós estamos com um vislumbre de poder lhe contatar por sabermos que você já tem fama internacional por querer resolver casos misteriosos e sobrenaturais. Mas não podemos esconder o temor de certos lugares. S