Um museu poderia ter algo como a escultura que eu tinha visto em sonho. A mitologia grega tinha suas façanhas que cobriam o mundo de enigmas como nunca, como a deusa Hécate. Era o que eu procurava entender. O que ela estaria fazendo em minhas doces ilusões mentais, devaneios sem correspondência com a realidade? Ou será que a mente estava atordoada e ídolos surgiam para eu escolher me afastar de Deus? Talvez não. Acho que era apenas um delírio sem estado febril que se apossava de mim. Não faria nenhuma homenagem a deus algum, eu não idolatraria ninguém.
Mas passeando por aquele acervo de objetos antigos, eu me encontrava com as memórias do passado. E abruptamente via uma apresentação de ventriloquismo e me perguntava o quanto muitos não estariam sendo manipulados, como minhas irmãs se deixavam. Não deveria pensar o quão as achava ignorantes, mas elas nem
Naquelas páginas amareladas de um livro antigo, eu buscava um significado para a estátua de Hécate dos meus sonhos. Aquela aparição, aquele simbolismo não poderiam me confundir. Pois o que se dizia no livro, que pela imagem que vi, era ela mesma; o símbolo da noite, da escuridão, da morte. Daqueles mistérios incompreendidos pelos mortais, seja pelos leigos, pelos crentes. Sua ligação com as mil faces da lua, uma hora que aparece no céu, e que outra se esconde. Sua língua afiada fala do que o coração está cheio e muitos a temem, pois é uma embaixadora das legiões obscuras. Ela transita entre os mundos mágicos como uma guardiã nos portões de Hades. Por causa de sua imagem, muitos pedem o descanso de suas almas, pelo ínterim oculto que prende seus interesses por magia e entregam seus medos pelas suas crenças.
“Eu vejo meus olhos encantados pelo espetáculo que faz reflorescer o jardim que estava morto”.Prezada Aurora,Estamos escrevendo esta carta para vossa senhoria, pois há um Teatro chamado Amazonas na cidade de Manaus no Brasil, que está repleto de mistérios que somente aqueles ligados ao mundo espiritual poderiam desvendá-lo. A verdade é que cremos que há algum acontecimento ali inexplicável, ou como queira interpretar, paranormal. Nosso jardim já teve flores mais encantadoras, mas mesmo sendo numa época dessas, quase não se veem mais as orquídeas. Encontramos velas por todo o lugar. Não sabemos o motivo real de elas aparecerem em nosso canteiro, mas há algumas pessoas que provavelmente fazem trabalhos religiosos por aqui. Não podemos saber quem, só sabemos disso porque elas aparecem no lo
De olhos fechados, eu tentava dormir, mas a noite estava estranha demais e eu me encontrava me mexendo de um lado para o outro na cama, até ver um demônio tocando minhas mãos. Com aparência de monstro, se fazia de boa alma para comigo, mas no fim só queria me enganar. Era uma ameaça à minha vida, ele se fazia de bem-querer, me tentava.Falsos amigos são todos os mesmos, querem jogar o jogo; sussurram palavras consoladoras, mas o procuram por interesse e até fingem se importar com você, até se revelarem como traidores.As almas que sofrem de desilusão muitas vezes não querem serem transformadas. A solidão quando vem, deixando o coração em pedaços faz o homem delirar até que ele possa se entregar à nova realidade. O veneno é expelido pela boca e se querem jogar comigo, eu estaria mais atenta desta vez para não me deixar ser
Eu sentia uma pulsão. Pedi para Deus me livrar daquelas garras demoníacas que queriam fazer tremer a minha voz, saltitar a agonia em demasia, latejar como um morto-vivo que se mexe incessantemente dentro de uma tumba. As orquestras sinfônicas rompiam as indelicadezas da minha mente; os sons enegrecidos pela insanidade só de aparecerem dentro de mim, faziam a aflição aumentar.Pequenos ruídos formavam reinos infernais rindo e zombando de mim, apontando os dedos para mim; as línguas venenosas dos opressores me faziam me entristecer, pois com a minha angústia, eles se alegravam por terem perdido a graça. Eu parecia vestir uma coroa pesada de aço ou chumbo. Minha voz era silenciada pelo eco da dor gritante, fazia com que os meus músculos ficassem desconfortáveis.Minhas lágrimas derramavam um rio sem pena de mim mesma; os movimentos dos meus olhos eram os únicos que n&at
“São nas masmorras subterrâneas da alma que encontramos um lugar onde devemos pertencer, onde podemos descansar enquanto a sinfonia decadente preenche nosso espírito.” Aurora precisava renascer como as flores numa nova estação. Deixar a velha vida e aproveitar um pouco os lugares mais claros e limpos do que se envolver com os sombrios locais fantasmagóricos. Mas sua alma queria sacrificar-se mesmo assim. O mundo oculto dos mortos era um fascínio para ela, pois quanto mais estava perto dele, mais se sentia em casa. Até que em um novo momento, ela decide ler uma carta: Cara Aurora Morwenna, É com grande sentimento de pavor que escrevemos esta carta para a senhorita. Nós estamos com um vislumbre de poder lhe contatar por sabermos que você já tem fama internacional por querer resolver casos misteriosos e sobrenaturais. Mas não podemos esconder o temor de certos lugares. S
A rainha Vitória desejava ver uma mulher com performance de menina: cuidada por todos que estivessem ao ser alimentada por nobres cortesãos. Vitória já via Aurora quase como uma filha, queria tê-la por perto e dar a ela uma oportunidade de ser uma estrela nos palcos teatrais de seu palácio na Inglaterra, portanto lhe fez um convite de se apresentar nele.A médium quando soube do convite da rainha, logo se entusiasmou. Ela tinha uma enorme vontade de viver, de realizar os seus sonhos, de mover as lacunas da sua vida para um caminho de transformação e esse era os palcos.Os murmurinhos no Salão aumentavam, as estátuas de marfim de personagens de reinos mágicos estavam ali como enfeite, paralisadas, encarando a todos friamente. Desta vez num palco central havia cortinas vermelhas com franjas douradas, o dia parecia festivo, mas mesmo não sendo uma festa, dava motivos para Auror
As feições de Aurora inspiravam seu amigo Pierre, um artista que juntava muitas formas delicadas e criava sua linguagem parecida com uma fuga da realidade, buscando uma embarcação para terras desconhecidas; ele sim, queria pintar um retrato da jovem. Mas não era só um simples retrato, ele queria algo a mais: que qualquer um que o visse, se transportasse para um novo mundo.Aurora tinha uma pele branca como cisne, tão pálida que quase sumia se estivesse em meio a neve. Seus cabelos loiros esbranquiçados, levemente ondulados ficavam presos por um coque e uma tiara metálica. Ela tinha um rosto redondo, bochechas rosadas, um nariz pequeno, fino; olhos grandes e redondos na cor verde-safira claro. Seus lábios eram pouco carnudos, sua boca estava pintada de um tom rosado leve.Pierre era um admirador secreto de Aurora, mas não apenas pela sua aparência. Ele se via com receio por tentar
“Você se perdeu nas máscaras que já usou. Eis a duplicidade do seu ser que precisa retirá-las para encontrar a verdade”.Tamborins estavam sendo batidos em algum canto daquela praia. Aurora sentia seus pés na areia, o vento sóbrio respirando sobre seus cabelos e rosto, sentia o cheiro de maresia contornando o ambiente. Ela juntava a areia com as mãos e a deixava escorrer por dentre seus dedos. O sol parecia estar desaparecendo, já era hora de se despedir daquele lugar.- “O que será que são esses sons? Essa música?” – pensou Aurora.A paisagem noturna escura deixava a lua brilhante e prateada parecer ainda mais macabra, como se algo estivesse ainda assombrando aqueles que queriam ver entidades. De repente, as batidas nos tamborins se tornaram cada vez mais fortes e altas...- “