Mesmo quem não foi convidado fez questão de nos presentear. E para minha surpresa, Gabe pediu que o presente fosse dado em doação para entidades que acolhiam pessoas com câncer em situação de vulnerabilidade. A parte boa entre os ricos era que não economizavam na hora de presentear. E Gabe, por ser um dos homens mais influentes, se não “o mais” influente, era frequentemente bajulado por todos os milionários de Noriah Norte e inclusive de outros países. Então os cheques foram bem generosos. Por sorte não precisávamos de nada a não ser amor. E pudemos, de alguma forma, colaborar com outras pessoas que realmente precisavam.Estávamos no jato em direção a um lugar desconhecido, que Gabe se recusava a me falar onde era. Eu estava no seu colo, agarrada ao seu pescoço, enquanto tentava adivinhar nosso destino:- Hum... Cancún!- Nem pensar. É o paraíso dos endividados all-inclusive. Prefiro as Bahamas, sem fila.- Dubai? – Claro, como não pensei em antes!- Deserto com ar-condicionado. Não!
POV ISABELLEEu estava olhando o testamento que Olívia escreveu e que já estava aberto, emoldurado num quadro na parede à direita da escada flutuante.- Isto é bem brega! – Jorel sussurrou no meu ouvido.Dei um salto:- Me assustou!- Hum, você se assusta com alguma coisa?- Claro que sim. Quem não se assusta com a sua cara feia?- Cara feia? – ele riu, os dentes alinhados milimetricamente desenhados nos lábios enquanto sorria – Não é o que dizem por aí. Até a sua irmã sempre me achou mais bonito que o Gabe.- Você não é mais bonito que o Gabe! – revirei os olhos, fazendo careta.- Bem, como sabemos que você não tem bom gosto, é óbvio que sua opinião não conta. Já dormi com metade das mulheres de Noriah!- Quer que eu aplauda? – questionei, incrédula – Isto é a coisa mais ridícula que eu já ouvi. Além de você dizer que o quadro que Gabe mandou fazer para o testamento de Olívia é brega.- Já até decorei esta porra: “Sei que passaremos por todas as tormentas, mas no fim ficaremos juntos
- Acho isto nojento.- Nunca um homem te falou palavrões na cama?- Que tipo de palavrões? – fiquei curiosa.- Tipo: “Não sei se quero comer você de quatro ou no chuveiro, sua puta”.- Eu mandaria a real para ele: Cala a boca e desce a calça calado, “lanche”!Ele ficou me olhando, sem dizer nada. Eu ri. Finalmente o deixei sem palavras, o que era bem difícil, já que Jorel Clifford falava 24 horas por dia, 7 dias na semana, 30 dias no mês. Raramente havia silêncio entre nós dois.- Por que você usa batom sem cor? – Perguntou, mudando de assunto.- Porque eu gosto.Ele virou-se de lado na minha cama e cheirou meu travesseiro:- Você borrifa perfume no travesseiro?- Por que eu faria isto?- Tem seu cheiro.- Isto é normal, já que eu durmo aí.- Qual a sensação de fazer 18 anos e ainda ser superdotada?Gargalhei, o vendo pegar meu travesseiro e pôr sobre o rosto, tampando a própria cara:- Eu nunca vou deixar de ser superdotada, Jorel.- Assim como eu? – Me olhou por debaixo do travessei
- Eu costumo chamá-lo de Kaylan, porque este é o nome dele.- De onde você tirou um cara com este nome? – estreitou os olhos, de forma tão incisiva que me fez fitá-lo de forma concentrada, não conseguindo desviar o foco.- Do mesmo lugar que sua mãe tirou um Jor-El, pai de Kal-El.- Ok, eu ajudo você. Em troca faz a prova para mim.- Tá brincando! Claro que eu não vou no seu lugar fazer a prova. Vou ensiná-lo a programar, seu idiota.- Eu não consigo.- Vai conseguir. Não consegue porque não sou sua professora.- E se você escuta o podcast “Alice no país dos prazeres”, por que não pergunta a ela como conquistar um adolescente?- Porque é um programa para maiores de 18. E eu ainda não podia participar.- Sabe que você não precisa comprovar a idade, não é mesmo? É tudo por telefone... Voz.- Eu estaria burlando as regras.- Você é estranha, aprendiz de adolescente. Mas entendo... Até porque o programa do podcast “Alice no país dos prazeres” é sexual e não sensual. E para conquistar um g
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund
- Se eu não casar com ela ficarei sem dinheiro?- Não só isto!- Não? – O olhar dele se estreitou, como se quisesse pagar para ver.- Vou ferrar com a sua vida.- Vou mandar fazer um exame de DNA. Duvido que tenhamos o mesmo sangue nas veias, Gabe. Olhe o que você está me dizendo!- Você poderia ser o bebê da mamãe, Jorel, mas não é o meu! Sabe que meu tempo é precioso para que eu o perca com você. Então não teria lhe chamado aqui para “brincar”.Meu irmão ficou um tempo em silêncio, pensativo. Mas eu o conhecia o bastante para saber o que o atormentava. Ele não era capaz de ficar comendo uma única boceta.- Entenda uma coisa, Jorel. Eu só quero que você case com Olívia Abertton. Em momento algum eu disse que deveria deixar de viver a sua vida como sempre viveu? Aliás, eu já falei sobre um bônus a mais na sua mesada, não é mesmo?- Quer dizer que... Se eu casar com a tal Olívia... Posso continuar fazendo tudo que sempre fiz? E... Ainda vou ganhar uma mesada maior? – Os olhos dele se a
POV OLÍVIADesci as escadas correndo atrás de Isa, que decidiu me torturar com cócegas quando encontrei um “Isa e Marcelo” no seu caderno, escrito com a sua letra. Ela gargalhava e fugia de forma ágil, como sempre. Eu tentava desviar dos tapetes e pulava por cima dos degraus. E assim chegamos na sala de jantar.Rose nos olhou com cara de insatisfação. Dei um beijo no meu pai e sentei-me à mesa, de frente para Isabelle.- Como foi seu dia, pai? – perguntei enquanto via a comida ser posta no meu prato: peixe com leguminosas.Olhei para o macarrão com camarão que seria o prato principal dos demais e cheguei a sentir água na boca.- Se comportar-se eu lhe dou um camarão depois. – Isabelle provocou, pegando um com a mão e me mostrando, rindo.Fiz careta para ela e lambi os beiços ao ver o camarão:- Isto é injusto, sua pestinha. Eu com este peixe sem tempero e você com um camarão gigante.- Injusto? – Rose riu, daquele jeito cruel – Deve dar-se por satisfeita de ter um prato diferente para
Engoli em seco, de certa forma entendendo Rose.- Tudo bem! – sorri, fingindo que não me abalei com as palavras dela – Fico em casa. Quem sabe acenda a lareira e mexa com os borralhos... E espere a fada madrinha – brinquei – E papai, por favor, não morra!- Corre o risco de mamãe trancar Olívia no sótão. – Isabelle gargalhou.- Não temos sótão. – Rose contestou, de forma séria.- Talvez me faça ter como única companhia os ratinhos – suspirei – Não se preocupe, Rose, sei que você não seria uma “má”drasta comigo. – Sorri, tentando não parecer irônica.Rose respirou fundo e gritou para a empregada:- Pode tirar meu prato! Perdi a fome. Sem contar que não posso comer mais nada nas próximas 24 horas. Tenho que ficar magra e esquelética para entrar num vestido da Prada que comprei há um tempo atrás e não usei. Ou acha que devo comprar um novo, querido?- Sem compras, Rose. Já vai ser difícil o jatinho. – Papai disse de uma forma tão séria que até me preocupei.- Tudo certo então... Uso o ve