Carter não estava errado. O Ethan que ele conhecia era um homem despudorado, com objetivos claros tratando-se de mulheres. Ele nunca havia se importado em dividir alguém antes. Joseph não sabia que Blair era diferente. Porque Banks gostava de estar com mulheres bonitas, e sabia que todas eram cobiçadas por outros.- "Me solte, Ethan" a ruiva exigiu.- "Você vai fugir de mim"- "E com razão!" Faltou pouco, realmente pouco, para Blair gritar.Os olhos do homem estavam frios, não expressavam suas emoções. Ele não queria ter que se preocupar com as atitudes levianas de Joseph, mas o teria de fazer. Por outro lado, os olhos de Blair diziam muito sobre sua raiva. Ela não podia acreditar que Ethan estava tentando lhe talhar para ser como as mulheres com as quais saía.- "Quer me dividir?" ela perguntou, diretamente.- "Não"- "Você quer me ver com outro homem?"- "Porra, não" Ethan franziu as sobrancelhas.- "Seria suficiente apenas se outro pudesse me tocar?" a ruiva insistiu, tentada a dei
O escritório Banks, em Las Vegas, era uma construção modernista e pesada, com poucos traços coloridos em sua decoração. A sala de Ethan, em especifico, era a perfeita demonstração de dinheiro, poder e escuridão. Ele estava atrás de sua mesa, com sua assessora diante de si.- "Estes são os últimos relatórios do mês, Sr. Banks" Lana disse, recolhendo os papéis espalhados pela mesa de seu chefe.- "Revise os resultados da última semana, eles não me agradam" Ethan murmurou.O homem estava lendo um e-mail em seu computador, e a presença da assistente era indiferente. Lana observava cada movimento de Ethan, admirada com a precisão e economia de esforço que ele esboçava. Entretanto, ele sequer dirigia um olhar para ela.- "Considere feito"Lana precisou voltar ao mundo real, e apenas levantou-se. Ela caminhou para fora do escritório recebendo tanta atenção quanto em sua entrada. A verdade era que Banks não tinha tempo para distrações enquanto trabalhava. Comandar um império exigia tudo de si
"Acho que a intenção era que eu não soubesse"- "Por que eu tenho a impressão de que você sempre soube mais do que todos, Banks?"- "Sei tanto quanto você, Volkov"Houve um breve segundo de silêncio. O silêncio que escondia muitas mentiras contadas e verdades ocultas. Ethan tinha muitos segredos sujos, mas Volkov também. Era como se eles tivessem dívidas entre si, por isso jamais poderiam quebrar a aliança que um dia fizeram.- "Eu não encontrei o relógio, mas encontrei Olívia" Volkov confidenciou.- "A filha de Rivera, suponho"Ethan, em todo momento, fingiu displicência quanto ao assunto. Ele não tinha a opção de se importar. E mesmo que Volkov buscasse indícios de preocupação no rosto de Banks, não encontrava. O homem era uma rocha.- "A garota está morta" Volkov afirmou com tanta sutileza que pareceu ainda estar falando sobre o clima.- "Não me olhe com tanto espanto. Somos a mesma carne" ele completou, analisando as sobrancelhas franzidas de Ethan.- "Benedict não foi problema s
Ela levantou o vestido até a cintura para facilitar o contato entre os corpos. Ethan enrolou o cabelo de Blair em seu pulso, mantendo-a no lugar, e então a beijou.O beijo não foi lento ou passivo, era acompanhado de grandes doses de ansiedade e urgência. Os toques que ele plantava eram capazes de criar um jardim no corpo feminino. Cada linha traçada por seus dedos era um caminho de chamas, e ela adorava a forma como o ardor alcançava sua alma.- "Assine seu nome pelo meu corpo" ela pediu, suspirando contra os lábios do homem.Blair não precisou dizer uma segunda vez, sequer precisaria ter dito a primeira. Ethan a marcou, e como marcou. Naquele momento, ambos foram marcados e assinados. Nem mesmo um contrato seria tão eficaz. As mãos foram as canetas, e os corpos eram como papéis.*O elevador subiu desde o subsolo até o trigésimo andar. Blair estava recostada na parede de aço do elevador, ainda tentando processar o que acontecera. Alguns fios de cabelo estavam grudados em sua testa,
No departamento de polícia de Las Vegas, Colton estava na sala do inspetor Spencer. O agente estava em frente ao quadro que havia montado com Spencer alguns dias antes.- "Michele Brian..." ele murmurou o nome da mulher com ponderação, sem intenções.E enquanto Colton pensava a respeito da Sra. Brian, a porta do escritório foi aberta. Spencer passou pela mesma, e seu semblante descaído não dizia que ele tinha boas notícias. O oficial vestia jeans, camiseta simples e casaco, algo que definia policiais mais do que os próprios distintivos.- "Eu entrei em contato com o departamento de Los Angeles. Eu queria intimar Connor Rivera para depor oficialmente"- "Mas?" Colton incentivou.- "Rivera foi encontrado morto"- "E quanto à garota?"Spencer caminhou até sua mesa e sentou-se em sua habitual cadeira desconfortável. Ele colocou sobre a madeira alguns papéis que tinha em mãos. O inspetor precisou reunir todas suas forças para continuar:- "A garota foi asfixiada até a morte, e Rivera teve
"Em uma bela manhã, o homem entrou na cela do tigre para alimentá-lo. Ele confiava no animal, pois sabia que ele jamais o trairia. Você conhece o final, Blair?"- "O homem morreu" a ruiva respondeu, sem precisar pensar muito na resposta.- "Ele teve a oportunidade de ser o caçador, mas seu coração foi fraco demais para tal. O homem tornou-se a presa"- "Por isso me enviou as flores. Você acha que eu sou o homem. Mas a questão, Michele, é que eu não sei quem é o tigre" a ruiva blefou.Ela sabia quem era o tigre. Ela conhecia aquela história. Mas seus conhecimentos não serviam como prova; apenas o depoimento de Michele serviria.- "A mentira é o tigre, Blair. As pessoas têm lhe dito falsidades, promessas que jamais cumprirão, e você acredita nelas"O sorriso de Michele sumiu, e uma expressão dolorosa assumiu seu rosto. Blair percebeu a mudança. A ruiva queria entender a versão de Michele; saber o que ela sentiu, o que ela viu, o que ela descobriu durante aqueles anos.- "Se quer me prot
17 anos antes...Eu fiquei doente uma vez, e minha mãe me levou para o hospital. Os homens com roupas brancas colocaram uma agulha em mim, eles eram médicos. Doeu, mas eu não chorei. Eu fui uma menina muito forte. E agora minha mãe está doente também. O papai deixou ela doente.Eu estou no corredor do hospital, esperando os médicos dizerem que podemos ir para casa. Eu quero muito voltar para casa.Estou sentada em uma das cadeiras há muito tempo. Uma enfermeira me deu um papel e lápis coloridos, e disse que eu poderia desenhar o que quisesse. Eu decidi fazer um desenho para a mamãe. É a nossa casa, mas o papai não está nela. Eu não quero morar com ele, porque ele machuca minha mãe.- "Vão, vão, vão!" outros homens com roupas brancas passam por mim. Eles estão correndo, e entram no quarto onde a mamãe está.Ela vai ficar bem. Eu pedi ao papai do céu para deixar ela bem, assim podemos voltar para casa e fazer bolo de chocolate. A mamãe ama chocolate. Eu quero ver minha mãe. Quando ela m
Los Angeles era naturalmente iluminada pelas luzes urbanas. A vista do condomínio Bel-Air era absurdamente linda; parte do horizonte era esverdeado, e a outra parte era constituída pelos vários prédios reluzentes. Ninguém poderia dizer que não era uma das melhores paisagens do mundo.Ethan estava no heliporto sobre a mansão Banks, e o forte vento balançava suas roupas e fios de cabelo. Ao seu lado, um de seus seguranças também esperava pelo helicóptero da família.E quando a aeronave surgiu em seus campos de visão, Ethan não conseguiu entender as batidas aceleradas de seu coração. Ele disse a si mesmo que estava ansioso para vê-la, mas não chegava a estar com saudades.O helicóptero lustroso pousou em segurança sobre a mansão, e aos poucos as hélices deixaram de girar. O segurança aproximou-se da aeronave, porém seu chefe permaneceu imóvel no lugar, talvez tentando sustentar uma impassibilidade que não lhe pertencia mais.Ethan observou com atenção enquanto Alex descia da aeronave e a