No departamento de polícia de Las Vegas, Colton estava na sala do inspetor Spencer. O agente estava em frente ao quadro que havia montado com Spencer alguns dias antes.- "Michele Brian..." ele murmurou o nome da mulher com ponderação, sem intenções.E enquanto Colton pensava a respeito da Sra. Brian, a porta do escritório foi aberta. Spencer passou pela mesma, e seu semblante descaído não dizia que ele tinha boas notícias. O oficial vestia jeans, camiseta simples e casaco, algo que definia policiais mais do que os próprios distintivos.- "Eu entrei em contato com o departamento de Los Angeles. Eu queria intimar Connor Rivera para depor oficialmente"- "Mas?" Colton incentivou.- "Rivera foi encontrado morto"- "E quanto à garota?"Spencer caminhou até sua mesa e sentou-se em sua habitual cadeira desconfortável. Ele colocou sobre a madeira alguns papéis que tinha em mãos. O inspetor precisou reunir todas suas forças para continuar:- "A garota foi asfixiada até a morte, e Rivera teve
"Em uma bela manhã, o homem entrou na cela do tigre para alimentá-lo. Ele confiava no animal, pois sabia que ele jamais o trairia. Você conhece o final, Blair?"- "O homem morreu" a ruiva respondeu, sem precisar pensar muito na resposta.- "Ele teve a oportunidade de ser o caçador, mas seu coração foi fraco demais para tal. O homem tornou-se a presa"- "Por isso me enviou as flores. Você acha que eu sou o homem. Mas a questão, Michele, é que eu não sei quem é o tigre" a ruiva blefou.Ela sabia quem era o tigre. Ela conhecia aquela história. Mas seus conhecimentos não serviam como prova; apenas o depoimento de Michele serviria.- "A mentira é o tigre, Blair. As pessoas têm lhe dito falsidades, promessas que jamais cumprirão, e você acredita nelas"O sorriso de Michele sumiu, e uma expressão dolorosa assumiu seu rosto. Blair percebeu a mudança. A ruiva queria entender a versão de Michele; saber o que ela sentiu, o que ela viu, o que ela descobriu durante aqueles anos.- "Se quer me prot
17 anos antes...Eu fiquei doente uma vez, e minha mãe me levou para o hospital. Os homens com roupas brancas colocaram uma agulha em mim, eles eram médicos. Doeu, mas eu não chorei. Eu fui uma menina muito forte. E agora minha mãe está doente também. O papai deixou ela doente.Eu estou no corredor do hospital, esperando os médicos dizerem que podemos ir para casa. Eu quero muito voltar para casa.Estou sentada em uma das cadeiras há muito tempo. Uma enfermeira me deu um papel e lápis coloridos, e disse que eu poderia desenhar o que quisesse. Eu decidi fazer um desenho para a mamãe. É a nossa casa, mas o papai não está nela. Eu não quero morar com ele, porque ele machuca minha mãe.- "Vão, vão, vão!" outros homens com roupas brancas passam por mim. Eles estão correndo, e entram no quarto onde a mamãe está.Ela vai ficar bem. Eu pedi ao papai do céu para deixar ela bem, assim podemos voltar para casa e fazer bolo de chocolate. A mamãe ama chocolate. Eu quero ver minha mãe. Quando ela m
Los Angeles era naturalmente iluminada pelas luzes urbanas. A vista do condomínio Bel-Air era absurdamente linda; parte do horizonte era esverdeado, e a outra parte era constituída pelos vários prédios reluzentes. Ninguém poderia dizer que não era uma das melhores paisagens do mundo.Ethan estava no heliporto sobre a mansão Banks, e o forte vento balançava suas roupas e fios de cabelo. Ao seu lado, um de seus seguranças também esperava pelo helicóptero da família.E quando a aeronave surgiu em seus campos de visão, Ethan não conseguiu entender as batidas aceleradas de seu coração. Ele disse a si mesmo que estava ansioso para vê-la, mas não chegava a estar com saudades.O helicóptero lustroso pousou em segurança sobre a mansão, e aos poucos as hélices deixaram de girar. O segurança aproximou-se da aeronave, porém seu chefe permaneceu imóvel no lugar, talvez tentando sustentar uma impassibilidade que não lhe pertencia mais.Ethan observou com atenção enquanto Alex descia da aeronave e a
Ethan colocou uma mecha do cabelo ruivo atrás da orelha de Blair, apenas para revelar mais de seu rosto. Os olhos azuis brilharam como um céu estrelado, com sentimentos que um olhar não conseguiria esconder. Naquele momento, o homem teve certeza que ela enxergou sua alma. Ele desceu os olhos para os lábios dela. Era melhor sentir-se atraído do que fuzilado, apesar de ambos mexerem com sua estrutura.O homem selou um beijo sutil em Blair, porém não o aprofundou. Ele não conseguia resistir ao gosto dela, mas não queria fazer uma cena na casa de seus pais. A ruiva, por sua vez, enrolou os fios negros do cabelo de Ethan em seus dedos e o puxou para si. Ele não resistiu. Ele não podia resistir. Ele não quis resistir.O desejo que os atingiu foi estratosférico. Ethan devolveu o beijo na mesma proporção. Suas mãos agarraram a silhueta da mulher, e tudo que puderam sentir foi a excitação, como um tipo de conservante que não os deixariam livres. Cada pedaço da pele feminina era convidativo ao
A todo instante, o aparelho celular de Blair gravava a conversa. Ela chegou a sentir-se mal por estar sendo uma infiltrada quando, na verdade, deveria ser apenas a convidada. Era como se estivesse traindo a confiança de Ethan, mais do que em qualquer outra situação.Todavia, o que a fez continuar foi a certeza de que o assunto entre eles era seu nome. Todas aquelas palavras serviam para reforçar as acusações de Michele e Spencer.- "Você deveria estar" George revidou.- "Eu não estou. Acredite, quando a casa cair, estarei preparado. Duvido que possa ouvir o mesmo do senhor" Ethan disse cada palavra com convicção.Blair não podia sentir, no entanto, dentro do grande escritório de George, um clima pesado se instalou. Os olhos de Dorothy estavam marejados, os de Ethan avermelhados. A raiva fluía em seu sangue como se fosse glóbulos.- "Ethan, por favor!" a matriarca suplicou.E percebendo a voz embargada de Dora, Blair desistiu de continuar escutando a conversa alheia. Não tratava-se ape
Quando o carro estacionou em frente ao prédio onde Blair morava, ainda era manhã. Os raios de sol do dia infiltravam a cidade e iluminavam os edifícios, que aos poucos tinham suas luzes apagadas.E após três horas de uma viagem silenciosa, Blair quebrou a quietude. Seria pouco educado de sua parte apenas abandonar o carro como se a pessoa ao seu lado fosse um desconhecido.- "Obrigada pelo jantar. Eu amei conhecer sua mãe, oficialmente" disse.A ruiva olhou para Ethan, mas ele permaneceu impassível. O homem usava o tradicional terno preto, com uma camiseta branca e paletó aberto. Era absurdamente bonito, e Blair se culpou por não conseguir ignorar seus traços bem desenhados.- "Me desculpe pela ausência de George, ele estava ocupado. Não foi pessoal" Ethan respondeu, porém seu tom foi tão indiferente que Blair o estranhou.Naquele momento, não pareceu que eles haviam dormido juntos na noite anterior. Não pareceu que ele a beijou quando a viu pela manhã. Não pareceu que eles sorriram c
- "Blair, me desculpe. Eu perdi uma irmã, e não estou disposto a perder outra. Dói demais, e eu não me permito mais perder alguém que amo!"- "Eu também não suportaria perder alguém que amo, Drake. É exatamente por isso que não quis perder ele" Blair atirou suas palavras com tanta convicção que fez Drake assustar-se.Ele olhou para sua amiga com estranheza, ouvindo aquela afirmação pela primeira vez desde que a conheceu. Drake se aproximou em passos lentos, ainda surpreso com a frase que ecoava em seu cérebro.- "Você disse que... meu Deus, você disse que o ama?" ele franziu as sobrancelhas.Ela não poderia afirmar sobre o amor, pois não conhecia o sentimento. O amor romântico era apenas uma idealização de algo que Blair conhecia minimamente. Todavia, com Ethan, ela sentia algo parecido com o que via em filmes ou lia em livros. Ela queria o proteger, e protegeria.- "O que há de incompleto em mim apenas Ethan pode encaixar" Blair foi sincera em sua resposta, mais do que um dia julgou